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terça-feira, 9 de julho de 2019

Rock Vibrations Entrevista : Dying Kingdom


Conforme o tempo passa, nosso ouvido fica mais apurado e nossas playlists são cada vez mais completadas com inúmeras novas bandas.
Quando conheci o "Dying Kingdom" me surpreendi positivamente por tamanha competência em suas canções, seja na produção ou execução, eles mandam bem demais.

Tivemos um bate papo sobre vários assuntos relevantes e você pode conferir logo abaixo :


1 - Poderiam contar um pouco do início da banda para nossos leitores?
O Dying Kingdom em si começou em 2015, quando o baterista Pedro Assumpção e o guitarrista Marcus Valls finalmente escolheram o nome para a banda e começaram o processo de gravação das músicas já compostas; começando com a gravação das linhas de bateria, em abril de 2015. 

A gênese da banda remonta a 2003/2004, quando Marcus Valls se uniu ao então vocalista David Athias para começar o processo de composição das músicas.


2 - Achei muito bom o som que praticam, é acessível e muito bem produzido... demoraram a chegar neste nível de qualidade?
Podemos dizer que sim. O processo inteiro durou cerca de 4 anos, desde o primeiro momento de gravação – das baterias, em abril de 2015 – até o fechamento das mixagens e masterização, que se deu em junho de 2018. 

Nesse meio tempo, acabou acontecendo uma mudança de local das gravações. Movemos todo o material do homestudio do XXL, músico que gravou os baixos e fez as primeiras gravações de bateria e guitarra, para o estúdio do nosso vocalista, Mark V. 

Após essa mudança, houve uma grande reformulação da produção do som, principalmente na mixagem, que já estava feita em grande parte, até então. 
O processo de edição, mixagem e masterização durou cerca de 1 ano, após essa mudança de local. Foram exaustivas horas em estúdio. Houve dias que chegamos a ficar ao redor de 14 horas, revisando e ajustando tudo, nos mínimos detalhes. 

Uma grande influência na produção do disco foi o trabalho do Bob Rock com o Black Album do Metallica. Investimos muito tempo não somente no instrumental da banda, mas em detalhes como: camadas de guitarras, percussões extras, vocalizações, sound design, efeitos sonoros e orquestrações. 

Tivemos o cuidado de revisitar cada música mesmo durante o processo de mixagem, chegando ao ponto de mudarmos estruturalmente algumas faixas. 

Last Day On Earth foi encurtada; já Solitude e Paradise tiveram suas introduções re-arranjadas depois de gravadas.


3 - Percebi o quanto a mídia especializada tem falado sobre o álbum "Solitude" e acredito que a banda esteja muito satisfeita com o retorno... mas, o que fazer para superar algo tão bom?
Estamos bastante satisfeitos e orgulhosos do resultado que obtivemos e da repercussão gerada, principalmente com o review feito pela revista japonesa Burrn!, que nos procurou pedindo o material completo para analisar. Porém, achamos que o disco ainda poderia ter alcançado um pouco mais. 

Gostaríamos mesmo que tivesse chegado aos ouvidos de músicos como Lars Ulrich, Dave Mustaine ou Mike Portnoy, que sempre se mostraram abertos a conhecer novos trabalhos. Isso seria demais! Ainda há tempo. 

Quanto à repercussão nacional, notamos que ficou um pouco aquém da internacional. Temos grandes produtores e músicos aqui no Brasil, mas, por incrível que pareça, a aceitação e aproximação é mais difícil e fechada.

O pensamento sobre a próxima obra superar a anterior é sempre empolgante. Um próximo álbum certamente é um desafio maior, mas entendemos que o primeiro disco é como uma sopa primordial, recheado de ideias um pouco mais antigas. 

Logo, o próximo trabalho certamente é um ponto de evolução musical. Pensamos que temos fatores consideráveis que contribuirão para fazer o próximo disco superar Solitude, tanto em termos de produção quanto em termos de composição. 

Fatores como a sinergia e união dos músicos, adquirida desde os momentos de mixagem/masterização até os dias atuais – mais recentemente por meio dos ensaios que temos realizado, semanalmente. 

Isso faz com que ganhemos intimidade e entrosamento, alinhando o pensamento e a criatividade individual para o processo criativo. 

Solitude é um álbum que reúne composições de momentos e vivências antigas, junto com uma visão mais atual sobre o que é se expressar, como artista, o que acabou trazendo uma versatilidade muito grande para o conjunto da obra. 

Acreditamos que o próximo trabalho reunirá essa característica da versatilidade aliada a uma solidez e maturidade maior, trazendo um trabalho muito mais coeso e criativo. 


4 - A cena local de vocês contribui para o som que praticam?conseguem atrair uma certa quantidade de público?
Nós somos uma banda nova e estamos lutando pelo nosso espaço. Não esperamos que a cena local contribua para o nosso som de alguma forma. 

Sabemos das dificuldades que existem em se fazer música autoral no Brasil, então, na prática, nós é que devemos ajudar a cena, buscando sempre elevar o nível de qualidade daquilo que é produzido aqui. 

Devemos sempre produzir algo que que nos dê orgulho. Nesse ponto, estamos bastante satisfeitos com o resultado que obtivemos com nosso álbum. 

Agora o desafio principal é arranjar meios para que mais pessoas possam conhecer nossa música. 


5 - Quais os temas principais que vocês gostam de abordar em suas canções?
Os temas são basicamente sobre questões da experiência e vivência humana. Existe uma variedade muito grande, dentro dessa estética principal. 

Solitude, por exemplo, é uma música que fala sobre a frustração de uma relação amorosa não concretizada; Until the End aborda as aflições e indagações sobre o papel, lugar e destino da humanidade, na Terra e no Universo. 

Fear of Fear aborda especificamente sofrimentos psíquicos como os transtornos de ansiedade e do pânico, enquanto Sociopath descreve a mente e o comportamento de pessoas sociopatas. 

Tudo o que é relevante na dinâmica e experiência da vida, seja individualmente ou coletivamente, serve de inspiração para escrevermos sobre. 


6 - Sou um grande fã de Metallica e percebi que, em uma descrição da banda, creditam os álbuns Load e ReLoad como influências para o que iriam criar... os tão "polêmicos" álbuns, não é mesmo?hahaha... Vocês são a prova de que boa música se faz baseada em boas músicas mas, quais outras influências possuem? Tem algumas mais novas também? 
Exatamente! Boa música é boa música, não importa o estilo, nem a época. 

Possuímos um caldeirão de influências, que, num primeiro momento, pode até causar estranheza, mas faz todo o sentido, quando se transforma em música. 

Para se ter uma ideia, o músico Nobuo Uematsu – famoso e aclamado compositor das trilhas sonoras dos jogos da série Final Fantasy – tem uma influência enorme em nossa forma de compor, como em ideias para melodias, estrutura musical e estética/estilística geral. 

Toda essa diversidade foi fundamental para consolidar nossa identidade própria. Cada pessoa é um universo e, com ele, suas referências. Como dissemos anteriormente, esse disco é uma sopa primordial – de influências/referências. 

O legal disso é justamente poder explorar tudo o que gostamos, musicalmente e culturalmente, sem barreiras, de forma natural.

Sendo assim, podemos exemplificar um pouco das influências presentes no nosso som:

LAST DAY ON EARTH: Obviamente, traz uma carga muito Black Album do Metallica na dinâmica, porém tem uma pegada meio Machine Head, com harmônicos naturais no meio do riff principal. Os solos seguem sempre uma construção cadenciada e crescente, uma dose de influência do Marty Friedman/ Freak Kitchen no som. 

Na voz, fica evidente a influência do Phill Anselmo e Chuck Billy no cadenciamento das frases. As baterias trazem uma pegada potente, estilo Lars Ulrich, porém rebuscada como as linhas do Mike Portnoy, nos álbuns do Dream Theater. 

Os baixos apresentam uma linha precisa, como no Van Halen. Existe também uma grande influência no clima, influenciado pela faixa “Mako Reactor”, da trilha sonora do jogo Final Fantasy VII, composta por Nobuo Uematsu.



DEAD MAN’S DANCE: Riffs cadenciados, mid time, algo na linha do Metallica – hard e country rock. Alguns harmônicos estilo Machine Head aparecem também com um refrão cadenciado e harmonizado, com clima do Cryptic Writings (Megadeth), e um solo mais caipira, meio Wylde/Ardanuy. 

As vozes têm uma condução focada na bateria e guitarra, bastante percussiva, uma característica forte do Hetfield, porém agressiva com o Anselmo. A bateria é muito mais alucinante, pois vai de Ulrich/Portnoy a Angra e Nobuo Uematsu. O Baixo segue uma linha Michael Anthony, ou seja, salteando com o bumbo.



FEAR OF FEAR: A influência de Pantera, Testament, Metallica e Zakk Wylde são fortes no instrumental dessa música. Paralelamente a isso, a voz passeia entre graves a agudos, uma presença meio Anselmo/Russel Allen, misturado ao clima denso e forte conduzidos pela orquestração e bateria, uma influência forte do Type O Negative no nosso som.



SOLITUDE: Essa música resume o som de todo o álbum e por isso é o carro chefe. Desde uma entrada apoteótica, estilo Dream Theater, riffs arrastados na linha do Paradise Lost/Metallica a um refrão marcante e melódico como o Machine Head. 

Os solos são cadenciados e construídos de pouco a pouco, influências do Van Halen/Friedman, despencando em uma parte mais pesada e moderna, com uma bateria forte e detalhista, influências diretas de Lars Ulrich, juntamente com linhas de voz com doses de Russel Allen a Chuck Billy. 

A Orquestração puxa um clima característico de compositores como Nobuo Uematsu/Hans Zimmer, acompanhando a melodia e harmonia da banda, porém indo além, com grandes arranjos de piano e cordas.



SAME OLD SONG: A influência do Alice in Chains/Elton John é expressiva. No entanto, temos uma bateria muito marcada. A voz segue com uma construção grunge/moderna, que flutua entre Layne Staley e Corey Taylor. No refrão, a música sobe para um clima Mr.Big/Freak Kitchen, repleto de harmonias de voz. 

É uma música bem diferente, mas completamente dentro da proposta diversificada da banda.



LONG ROAD: Essa música tem groove e energia. Fica nítida a influência de artistas como Zakk Wylde/Joe Satriani, caindo para um groove à la Audioslave. 
O breakpoint da música tem progressões que remetem ao prog do Dream Theater. 

No geral, o instrumental é totalmente colado, guitarra, baixo e bateria. Já a voz, vem com acentuações e nuances que variam entre Russell Allen a Michael Jackson.



LIKE A GAME: Nessa música, as referências são esquizofrênicas. A música começa com uma vibe Megadeth, porém, logo cai em um solo estilo Rush, meio Kotzen. Temos um refrão mais pra cima, com um instrumental que varia entre Joe Satriani/Guns n’ Roses a Pantera. O Breakpoint da música segue com influências do Dimebag, indo para um solo que flutua entre Guns/Megadeth/Zakk Wylde. Ou seja, essa música não tem amarras.



SOCIOPATH: Outra música com velocidade, mais na linha do Megadeth/Pantera. Porém, no refrão, a música traz influências de um som mais leve e animado, como Ramones/Foo Fighters. Os solos têm uma influência forte de rock dos anos 50, estilo Chuck Berry!



PARADISE: Aqui, voltamos ao estilo mais thrash/grunge, que começa com um dedilhado estilo Black Label Society, misturado com um solo de entrada na linha do Jerry Cantrell. A voz tem uma métrica semelhante ao estilo do Ozzy, cadenciada com rimas. O refrão traz um riff com influências do Megadeth, caindo em um solo repleto de influências de Zakk Wylde a Adrian Smith.



SINGULARITY: A faixa de transição traz uma mistura de referências, entre Metallica (Black Album) a Iron Maiden (Seventh Son of a Seventh Son) e vai além disso, com arranjos de piano clássico, com influências de Rachmaninoff.



UNTIL THE END: A música começa com um tribal, algo mais Sepultura/Testament, caindo para um riff denso e lento, com fortes influências de Beyond Twilight. A voz entra juntamente com uma atmosfera estilo Faith No More. 

Temos um thrash metal mais seco e direto, como o Metallica no …And Justice For All. A Linha de voz é pontualmente marcada com a bateria e guitarra, ou seja, percussiva. O refrão segue uma progressão cromática, na linha do Megadeth… os solos seguem essa praia Friedman/Wylde. 

No final, os riffs pesados e groovados, estilo Dimebag, mas a voz e bateria seguem em uma linha agressiva Russell Allen (Symphony X) até o final da música.



BLUE DOT: Fortes influências de Nobuo Uematsu, Hans Zimmer e John Williams conduzem o final do disco.


7 - Gostam da ideia de inserir vídeos esporádicos sobre canções novas como lyric videos? É sem dúvidas uma alternativa muito bacana atualmente, não?
Gostamos bastante da ideia, e é uma alternativa muito interessante, pois une dois meios excelentes para a expressão artística, que são a música em si e a imagem, de forma bem dinâmica.


8 - O que podemos esperar em termos de novidades para os próximos meses?
Atualmente, estamos preparando uma animação para o nosso próximo single, que deverá ser lançada em breve. Providenciaremos uma edição física do nosso álbum, que estará disponível para venda em nosso site oficial, e estamos negociando alguns shows pela frente que serão divulgados quando estiverem confirmados. 


9 - Gostam das plataformas de streaming? Hoje em dia as mídias físicas diminuíram drasticamente em suas vendas mas, ainda sim é possível apostar neste segmento e convencer os fãs? Sou suspeito para falar pois sou colecionador...
O streaming já é uma realidade com a qual devemos lidar. A tecnologia tem seus pontos positivos e negativos. A facilidade de acesso instantâneo a bibliotecas gigantescas é algo muito prático para os fãs. 

A internet também possibilita expor sua arte em locais que outrora eram inimagináveis até para artistas que tinham gravadoras com enorme abrangência de distribuição. Com o streaming, qualquer artista pode chegar de forma independente a todos esse locais através de uma distribuidora digital. Isso é uma bênção tanto para os consumidores, quanto para artistas. 

Porém, o funcionamento atual dessas plataformas tem enormes problemas. O maior deles diz respeito à enorme queda no retorno financeiro que os álbuns e singles geram aos artistas. 

Essas plataformas pagam um valor ínfimo, que na maior parte dos casos de músicos de pequeno e médio porte, não é capaz de pagar nem 0,01% do trabalho envolvido na produção de uma música gravada. 

Essa realidade afetou de forma muito significativa o orçamento das bandas, então existe cada vez mais uma necessidade das bandas se reinventarem para se adaptar a essa nova realidade de mercado. 

Alternativas de contato direto com o fã, como a venda de suas músicas e de seu merchandising através do site próprio do músico, financiamento coletivo pontual e contínuo, entre outras coisas, passam a se tornar cada vez mais essenciais para a viabilidade financeira dos músicos. 

Fora esse aspecto, também existe uma perda grande na experiência musical, desde a qualidade sonora das plataformas de streamings, que é inferior a das mídias físicas, até a ausência ou enfraquecimento do conceito de álbum, com seu encarte, suas artes, suas letras e tudo que envolve a forma de se escutar música, que se transformou muito nos últimos tempos. 

Nós acreditamos que ainda é importante produzir um álbum físico dentro dos moldes tradicionais. Por sorte, o Heavy Metal ainda é um gênero que preserva esse modo de se produzir música. Mesmo que a venda não seja significativa, sempre é importante a banda disponibilizar a melhor forma de apresentar sua arte, propiciando aos fãs a melhor forma de vivenciá-la. 


10 - Vamos finalizando por aqui, gostariam de deixar algum recado?
Gostaríamos de agradecer a Rock Vibrations e seus leitores. Parabéns pelo belo trabalho! Àqueles que se interessarem pelo nosso som e que queiram saber mais, acompanhem-nos nas nossas redes sociais, no nosso canal do YouTube, nos serviços de streaming e no nosso site oficial www.dyingkingdom.com 

Muito obrigado!


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