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sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

Rock Vibrations Entrevista : Watson Silva (Maquinarios)


Em uma excelente oportunidade de divulgação, pude conhecer a banda Maquinarios, e logo gostei das suas canções, suas influências evidenciadas, além do profissionalismo.

Felizmente ainda tive a receptividade em 100% após manter um contato inicial via Instagram, e em poucos papos, eis que consigo a amizade deste entrevistado de hoje, o grande brother Watson Silva, guitarrista e vocalista da banda, esclarecendo muitos assuntos acerca de carreira, futuro e também relatando momentos um pouco conturbados... confira :


1 - A banda passou por algumas reformulações, certo?
Poderia contar um pouco sobre esse processo?
R:
Nós estávamos com certa fama no meio independente, no underground, por volta de 2015 (à época, estávamos vindo de Palmas, Tocantis), mudamos nossa formação musical, e também na sonoridade.

Na formação tínhamos o Diego Massola (bateria) e Matheus Andrighi (baixo), fazendo assim um trio, e consolidando nossa boa fase com muitas coisas legais, seguindo por ótimos passos... porém, em 2018, o Matheus acabou saindo e mantendo seu projeto em São Paulo chamado "Disaster Cities", mas claro que, tivemos um entendimento sobre as situações, afinal nos conhecemos à muito tempo.

O Diego optou também por sair um pouco depois, estava se "desligando" um pouco do instrumento, e hoje não toca mais profissionalmente (mas ainda sim tem vínculo ao que fazia)... um quarto integrante também estava em meio a tudo isso, o guitarrista Vinnie Aguiar e em seguida, o Henrique Soares (que inclusive era nosso fã desde meados de 2014, e uniu forças conosco com sua ótima postura em seu contrabaixo, e sonoridade casando perfeitamente com a Maquinarios).

Mas ainda tínhamos um problema, encontrar um baterista, e mais, alguém que pudesse de fato ter a cara da Maquinarios pois o Diego tinha características únicas para o nosso som, e eis que acabei recebendo contato de um brother de uma cidade que morei no Rio Grande do Sul (Frederico Westphalen), conhecido de amigos, e que já conhecia o nosso som, daí logo recebi vídeos seus e fiquei impressionado com a pegada, técnica... e assim logo marcamos um ensaio, e, deu muito certo, uma ótima veia Stoner...
Estou falando do Moretti, nosso atual baterista.

Fizemos uma mini tour em Florianópolis, São Paulo e Campinas em seguida e graças ao apoio do BandNest, algo muito bacana na nossa carreira, e logo após o fim, o Vinnie acabou saindo, sendo substituído pelo Rubens Silva (que já era amigo do Henrique, inclusive tendo banda juntos), e logo já gravou conosco o primeiro single, sendo uma ótima pessoa.

Sendo franco, eu achei que realmente iríamos parar, achei que a Maquinarios iria parar, estou desde 2007 na banda (o único restante), e agora te digo que é uma nova banda, estamos ainda com o nosso peso, a mesma pegada, mas também iremos trazer novas raízes, algo ligado ao Stoner, algo alternativo também, queremos atingir mais público, mantendo também nossa veia que nossos fãs que tanto nos ajudam, conhecem e admiram.


2 - "Intacto" foi gravado aqui em São Paulo no Mr. Som em 2015 e segue o esperado em questão de produção, pois está impecável... como foi a concepção dele?
R:
Primeiramente agradeço o seu elogio, fico muito grato em saber que te agradou... Sobre o Mr. Som, tivemos já uma experiência anterior, quando fomos gravar nosso E.P. chamado "Seis Milhas Para o Inferno" (na época inclusive, o Ivan Silva (meu irmão) era o vocalista), e um pouco antes, tivemos contato com duas bandas que temos como nossos ídolos, referências, o Baranga e o Carro Bomba, e ainda o Mattilha, formando uma ótima amizade naquele ano de 2012 entre os músicos, inclusive tocando juntos.

Eu morava em Santa Catarina à época, e ainda não sabíamos onde gravar o álbum, não tínhamos certeza, afinal, precisávamos de dinheiro, e o álbum surgiu justamente dessa nossa vontade, do "enfrentamento pessoal" (inclusive, a faixa título foi a última a ser composta, e reflete o sentimento nosso de não sabermos o que fazer a época, se iríamos até São Paulo gravar ou não, pois faltava um investidor).

O Matheus acabou por vender o carro para ajudar no pagamento das coisas, e seguíamos pensando, planejando (tendo já contatado o ilustrador francês (Olivier Ducuing) que captou toda nossa imersão, refletindo na arte do álbum o que havíamos passado e como nós conseguimos ficar firmes diante de tanta coisa).


3 - Quais os conceitos por trás do disco?devo mencionar também a ótima arte de capa...
R:
Como eu disse na pergunta anterior, não tivemos pensamentos para o conceito, apenas fomos vivenciando as coisas que aconteciam e acabamos por ir neste caminho; sendo o título "Intacto" o melhor em descrever o que estávamos sendo no momento, e como a arte já havia chegado antes para nós, tornou mais fácil certas concepções (ela é baseada no "O Pensador" de Auguste Rodin e Chtulu de P. H. Lovecraft (e uma referência em baixo da capa, com serpente, se referindo ao livro de Gênesis).

No mesmo ano da gravação, o Diego sofreu um acidente em uma mão ficando 2 meses parado, e inúmeros outros contratempos, portanto, a arte realmente sintetizou muita coisa que queríamos, até porque o conceito por trás de um álbum é explorado por bandas que temos admiração, como por exemplo  o Project 46 com seu último álbum (3) tendo conceitos visuais, e, por mais que ainda não sejamos uma banda de levar conceitos políticos, somos uma banda de indagar questionamentos pessoais, enfrentamentos pessoais, dando assim uma resposta bacana para o público e nós mesmos.


4 - Vocês passaram por algumas coisas bacanas como divulgações em massa, shows, inclusive apresentação no Estúdio ShowLivre... ao que credita essa recepção da época?
R:
Em 2014, morávamos no sul do País, e sempre ouvíamos que se não estivéssemos em São Paulo, não conseguiríamos fazer algo na música, mas, insistimos em tentar fazer nossos planos, até porque víamos algumas pessoas "não saindo do lugar" por lá, e ficávamos apreensivos.

O planejamento surgiu a partir da viagem (que duraria 13 horas de ônibus), e optamos por ir, passamos 20 dias no estúdio Mr. Som (chegamos a morar lá, dormir no chão, fomos acolhidos pelo Marcello Pompeu, mas claro, não tínhamos muita coisa).

Em seguida, fomos fazer o Estúdio Show Livre, algo que á época nos deu certa projeção pois em 2014 ainda era algo exclusivo para um público (focando no YouTube), e fomos a primeira banda de Santa Catarina no nosso gênero a tocar por lá.

Fizemos um financiamento coletivo, a galera de chapecó ajudou bastante, mas; na hora da gravação não estávamos 100% centrados, ficamos nervosos com o clima; a situação (tendo inclusive uma canção fora do repertório, a faixa "desgovernado" por conta dela ter saído totalmente diferente do que havíamos feito na pré produção).

Certamente ficamos conhecidos ali pelo público, o Pompeu esteve conosco por lá, ele nos ajudou bastante, temos muito à agradecê-lo... nos cederam equipamentos (inclusive, quando foram para a TV Cultura, o nosso primeiro single "Um Grito na Noite", foi exibido na programação, tendo uma matéria vinculada na mesma), fazendo assim, ficarmos muito gratos por tudo o que fizeram por nós.


5 - Acho legal que várias bandas estejam envolvidas em crowdfundings para realizarem discos, afinal, os fãs podem apoiar aquilo que acreditam, não é mesmo?
Como anda a situação do novo álbum?
R:
Cara, eu acredito que isso é o futuro do marketing para realizações de projetos, pois por mais que tenhamos muitos editais no Brasil, ainda sim sabemos que os mesmos fazem parte de um nicho específico como o dos artistas populares (algo justo, pois a visibilidade da marca depende do artista com popularidade exigida).

O ano de 2018 foi conturbado para nós e queríamos mostrar algo aos fãs que tanto nos cobravam por coisas novas, então, a solução foi optarmos pelo financiamento coletivo, e claro, estamos sendo receptivos para com nosso público (fazendo a entrega de inúmeros produtos exclusivos, alguns com certo atraso pois tivemos problemas com fretes, mas que estamos resolvendo).

O ponto negativo foi que tudo isso estava em meio às campanhas de eleição, algo que realmente nos pegou de forma ruim (sem muitos detalhes, pois prefiro não citar sobre), mas de todo modo, iríamos fazer canções novas pois os singles atuais estão sendo lançados por nossa conta (eu procurei trabalhar um pouco em questão de estudo para produção, e o Fernando me ajudou na questão do primeiro single (quando regravei algumas partes da guitarra) que praticamente foi criado por nós em tudo, me orientando, (mas, sendo este feito em produção junto ao Henrique Soares todo o processo).

Quando estávamos no Mr. Som, polimos bastante o nosso som; tirávamos várias imperfeições, e agora, estamos centrados em mostrar o som ligado à vibe old school, como muitas bandas faziam nos anos 70, tais como Rush e Led Zeppelin, que mantinham certas imperfeições mas, tornavam cada detalhe um chamariz para seu som e sucesso.




6 - A série que gravaram envolvendo momentos distintos da banda, desde sua volta, é muito interessante... como chegaram na concepção ao produto final?foi algo que sempre quiseram registrar ou surgiu a idéia naturalmente através dos fatos?
R:
O nosso documentário basicamente foi inspirado no "46 na Estrada" do Project 46 (uma das bandas que nos inspira, pelo som e profissionalismo) algo muito bacana que mostra realmente o lance de se ter uma banda e como tudo acontece no dia a dia.

Quisemos mostrar que de fato somos uma banda pobre (muitos risos), não tínhamos apoio e nem grana, fechamos o ano de 2017 com perdas, perdemos roadies, tive que lidar com um incidente do meu filho, ele ficou 127 dias na UTI aos 5 meses de idade, e daí fiquei muito centrado nisso, centrado na família, ficando o lado profissional parado, mas o "Além do Corre" é em sua essência uma banda em construção, nossa caminhada do zero, a reconstrução de tudo, e que certamente não iremos parar, vamos manter nossos fãs atualizados sobre isso.

O Henrique cuida da edição e gravação junto ao Rubens Silva, e gostamos de mostrar todo esse formato da banda, sejam nos momentos sérios ou nas zoeiras pois nossos fãs adoram... a idéia surgiu naturalmente, conversamos sobre e fomos aprendendo a fazer, e claro, estamos gostando do resultado obtido.


7 - Como tem sido o apoio do BandNest e a Disquera Label?ambos são nossos parceiros e sei o quanto possuem profissionalismo...
R:
O BandNest surgiu no início de 2018 com o Bruno falando sobre a idéia de ter uma plataforma de bandas (parecido com o MySpace, antiga rede que divulgada com todo o suporte possível), tendo muita coisa legal, recursos, e; graças a ele que conseguimos a tour que mencionei, parceiras em rádios, agora com vocês da Rock Vibrations... E também conseguimos chegar na Disquera Label, que faz um trabalho excelente e que recomendo, sendo muito atenciosos, aliás, recomendo eles, o BandNest, e o trabalho de vocês que também foram muito atenciosos conosco.

Em 2019 vamos continuar o lado das parcerias como essas que citamos, e vamos expandir mais ainda...
Já passamos por problemas em relação a isso, então, ter todo esse apoio de vocês é fundamental e nos ajuda a continuar cada vez mais centrados.
Só tenho a agradecer.


8 - Em um mundo que vive basicamente dependente do Streaming, YouTube, o que fazer para atrair esse público para shows e compra dos "merchs" necessários para movimentar o caixa das bandas?
R:
Hoje em dia conseguimos estar inseridos em muitas plataformas através do nosso nicho específico, mas o lema atual é : estudar sobre Music Business.

Se você não estudar sobre divulgações online, estar inserido nesse meio, ter um diferencial, um bom som,  um bom visual, atender os fãs de forma correta, ser atencioso, não irá garantir o seu espaço.
Nós precisamos ter o contato pessoal com as pessoas, saber como tudo funciona, para fazermos andar as coisas.


9 - Em um papo informal, você mencionou que a banda está rumando para algo ligado ao Stoner e também um som Alternativo no Rock... O que podemos esperar disso?
R:
É um pouco delicado responder essa pergunta...
Mas, assim, a nossa banda mudou bastante no lado ideológico, ali por volta de 2015/2016, o Brasil esteve muito ligado ao Stoner, e nós fazíamos uma linha Metal, tocávamos em afinação baixa, não é bem o padrão que conhecemos para alguns estilos, e, existem certa resistência com mudanças.

Queremos agora buscar um público alternativo, a exemplos de bandas como Scalene e Far From Alaska, com públicos bem legais, e nós iremos nessa direção, meus vocais mudaram, nosso som está rumando para algo mais alternativo, os integrantes estão ligados ao Stoner/Doom que também estou, mas claro, não estamos falando mal do Metal, não estamos saindo dessa cena, estamos apenas tomando um rumo novo, estaremos mais pesados, mas com nossa essência, não vamos abandonar o que construímos, apenas estamos adaptando à uma realidade de idéias atuais.

Tivemos já público que ouvia pagode e sertanejo, e ficamos realmente espantados por vermos eles nos shows; mostrando que se o som é bom; o público estará presente, então, acho que a galera tem de estar com mente aberta para estarmos mudando, afinal, as pessoas que acabam por ficar em pensamentos fechados, tornam as possibilidades um pouco inviáveis, fazendo muita gente da música rumar para algo que não agrade, mas apenas a si mesmo.


10 - Sobre vídeos, também vamos contar com alguns neste ano de 2019?
R:
Estamos com várias idéias, mas ainda não posso falar sobre... garanto que iremos ter muito conteúdo no YouTube (como por exemplo a nossa série "Além do Corre"), e possivelmente o nosso novo single em vídeo.
Vai depender muito do momento e demanda, iremos pensar bastante sobre, mas, garantimos a qualidade de sempre e, satisfação da galera.


11 - Finalizando nosso papo, gostaria de deixar algum recado?
R:
Primeiro quero agradecer a você Vinny da Rock Vibrations, essa mídia que está crescendo nos últimos tempos, mandar um super abraço pra vocês que nos acompanham, a vocês que estão chegando agora, ao pessoal que nos apóia muito desde sempre...

Estamos de volta, esse ano será FODA, não vamos brincar em serviço, agradeço a todo mundo, faremos desse um ano de resistência à muitas coisas, e iremos usar nossas energias para coisas boas, nossa veia artística para criar coisas boas.




Um grande abraço e tamo junto!

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Gostaria de agradecer pela oportunidade cedida, o tempo tirado para responder e, deixar aqui o espaço para futuras publicações envolvendo a banda.

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