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domingo, 15 de setembro de 2019

Mulheres no Rock/Metal : conversamos com algumas representantes do Brasil


Confesso que quando resolvi fazer esse post, estava com a idéia de que seriam 5 ou 6 opiniões, algo bem rápido, mas com o tempo acabei me ocupando com matérias diversas e mais opiniões foram sendo recolhidas.

No final, obtive 13 ótimas musicistas opinando, e que conseguem entregar ao seu público e cena toda uma luta necessária, além da qualidade que ao meu ver, está nos padrões dos melhores nomes do cenário nacional.

Seja no underground ou no mainstream, várias delas (e muitas outras que não estão sendo citadas aqui) já sofreram com algum comentário ou julgamento sobre o seu papel na música, o que infelizmente é um atraso mental, afinal, se você tem um bom senso, obviamente irá reconhecer o quanto temos de mulheres talentosas pelo mundo (não só na música).

A nível mundial temos por exemplo Nita Strauss (guitarrista que excursionou com as The Iron Maidens, The Starbreakers, Femme Fatale e atualmente integra a banda de Alice Cooper), Orianthi (outra grande guitarrista que além de ter trabalhado também com Alice, prestou serviços para ninguém menos que Michael Jackson)...

No lado sinfônico e heavy : Doro Pesch, Simone Simons (Epica), Tarja Turunen (ex Nightwish), Floor Jansen (Nightwish, ex ReVamp e After Forever), Sharon Den Adel (Within Temptation), Diane Van Giersbergen (Xandria, exLibris), Charlotte Wessels (Delain), Liv Kristine (ex Theatre of Tragedy), Aylin (Sirenia), Jennifer Haben (Beyond the Black), Dani Nolden (Shadowside) Marcela Bovio (MaYan, Stream Of Passion)...

No lado agressivo : Alissa White-Gluz (Arch Enemy, ex The Agonist), Vicky Psarakis (The Agonist), Fernanda Lira (Nervosa), Sabina Classen (Holy Moses), Angela Gossow (ex Arch Enemy), May Undead (Torture Squad), Tatiana Shmailyuk (Jinjer)...

No lado alternativo : Elize Ryd (Amaranthe), Anneke Van Giersbergen (VUUR, ex The Gathering), Lita Ford, Avril Lavigne, Hayley Williams (Paramore), Elin Larsson (Blues Pills), Cristina Scabbia (Lacuna Coil), Lzzy Hale (Halestorm), Amy Lee (Evanescence), Lacey Mosley (ex Flyleaf), Maria Brink (In This Moment), Anna Murphy (Cellar Darling, ex Eluveitie)...

As listas são intermináveis, assim como as suas importâncias, motivações e empenhos...
Ou você vai me dizer que nunca ouviu falar de nenhuma citada aqui?reveja seus conceitos!

O intuito deste post não é só mostrar o que elas pensam sobre alguns parâmetros mas também, evidenciar suas influências e motivos para que estejam fazendo diferença na carreira musical.
Foram apenas 3 questões, feitas por igual para ambas e que felizmente se disponibilizaram a responder, o que me faz muito feliz e agradecido pela oportunidade.
Pretendo fazer uma parte 2 com questões diferentes para cada musicista entrevistada, portanto, se você gostar deste conceito, aguarde os próximos nomes.


Confira então um pouco sobre o que as nossas talentosas guitarristas/vocalistas/bateristas/baixistas/musicistas tem a dizer :




Stephany Nusch (Vocalista - Inraza) :
1 - Quais as motivações que você teve para ingressar na música, e quais você busca para se firmar atualmente?
A minha maior motivação foi o meu gosto pela música mesmo. E atualmente eu vejo motivação no espaço para inovação que vejo no estilo.

2 - Como você enxerga a cena atual com tantas mulheres em evidência, e o papel que isso representa?
Isso representa evolução. Vejo com bons olhos e espero que cada vez apareçam mais. 
Fico feliz em fazer parte de algo tão grandioso.

3 - Quem são os/as maiores influências para sua vida na música e quais os motivos para tal?
Primeiramente, o Avenged Sevenfold: se não fosse essa banda, eu provavelmente não estaria te respondendo essas perguntas. Porque foi inspirada nesses caras que com 13 anos eu decidi entrar pra escola de música e aprender alguma coisa. 

Foi a partir daí que eu me apaixonei pelo metal e comecei a fazer parte de tudo isso. Então sem eles eu não sei como eu estaria hoje.

Em segundo lugar, Tarja Turunen sempre foi pra mim um exemplo de força e persistência. Tenho um enorme respeito por ela e tudo o que ela representa.

Outra banda que me inspirou muito no quesito "letras" foi o Linkin Park. Eles dialogam com o ouvinte de modo a realmente parecer um amigo dizendo pra você que vai ficar tudo bem. Sempre achei isso muito incrível.

Já musicalmente a banda que eu mais admiro hoje em dia com certeza é o Between the Buried and Me.





Raquel Lopes (Vocalista - Vox Ígnea) :
1 - Quais as motivações que você teve para ingressar na música, e quais você busca para se firmar atualmente?
Inicialmente a minha motivação era por um impulso de raiva, de querer provar aos outros a minha capacidade de fazer música e de cantar em uma banda de rock. Mas, com o tempo, você percebe que isso te corrói por dentro e te deixa confusa, não vale a pena. 

Hoje o meu foco como frontwoman é a de tentar alcançar a melhor versão de mim mesma e inspirar muitas outras garotas, que tem esse sonho em comum, a se sentirem encorajadas para seguir em frente com seus objetivos.

2 - Como você enxerga a cena atual com tantas mulheres em evidência, e o papel que isso representa?
Eu vejo que a cena feminina no rock, ainda está se fortalecendo, principalmente no underground. 
Falta muito para conseguirmos erradicar o preconceito e ter os mesmos espaços, respeito, independente de qual estilo de som, mas isso não nos impede em nada. 

Aos poucos vamos conseguindo realizar nossos projetos, shows e isso já é bem gratificante, só não podemos parar e atrair mais o público feminino também, rock de mulher pra mulher. 

Isso representa a nossa teimosia, com a certeza de que somos capazes de fazer bem e até melhor.

3 - Quem são as maiores influenciadoras para sua vida na música e quais os motivos para tal?
Eu não posso mentir que a artista que me influenciou a cantar desde a infância foi a Sandy, (risos) (negar as suas raízes é negar uma parte de si mesma, sendo que essa influência pode ser muito proveitosa para você). 

Com ela eu aprendi a ter noção de afinação e alcance só tentando imitar. Outra artista mais recente que eu nunca deixo de citar é a Lzzy Hale, ela me influência com a sua postura e coragem, com suas letras super Girl Power e com melodias de se invejar. Mas é uma inveja boa. Ouvindo a banda Halestorm eu aprendo a ter potência na voz e a usar melhor o drive.

Aos pouquinhos tô evoluindo e utilizando esse aprendizado nas minhas músicas com a Vox Ignea.





Bu Bolzan & Flávia de Marco (Fireheat) :
1 - Quais as motivações que você teve para ingressar na música, e quais você busca para se firmar atualmente?
Bu Bolzan: A música pra mim sempre foi o principal meio de comunicar o que eu sinto e como eu enxergo o mundo, é uma linguagem universal, mesmo que haja letra em uma língua específica, a música vai falar por si só e tocar a quem quer que abra o coração para ela, não importa a língua que a pessoa entende. 

Hoje eu também enxergo meu trabalho na música como afirmação feminista, ali eu me transformo e consigo levar mensagens de empoderamento e força, simplesmente por estar ali fazendo o que eu amo em um espaço predominantemente masculino, usando a roupa que eu quero usar, rebolando quando estou afim e batendo cabeça com violência quando me convém, ali mesmo que hajam dedos de reprovação apontados para mim, ninguém pode me alcançar e eu sou quem eu realmente sempre quis ser.

Flávia de Marco: Motivação pra ingressar na música, pra mim, sempre será paixão. Aquele arrepio que sinto quando tudo se junta e funciona. É isso que me move e é isso que sempre me motivará. Não tem nada mais legal do que estar no palco, olhar pra galera, e saber que tem gente ali que sente paixão pela música. Estamos numa era dos posicionamentos. É um momento muito interessante e contraditório.

2 - Como você enxerga a cena atual com tantas mulheres em evidência, e o papel que isso representa?
Bu Bolzan: Eu estou achando maravilhosas todas essas mulheres fodas que estão ralando na cena atualmente, mas se hoje estamos todas aqui foi por causa de muitas outras que vieram antes e abriram o espaço pra nós, a força e coragem dessas mulheres nos impulsiona a cada vez mais buscar nosso espaço! 

Sinto muito que alguns ainda nos vejam só como corpos a serem apreciados, porém com a nossa música a gente mostra que não somos só isso! Só pra citar algumas deusas atuais que temos na cena Ana de Ferreira (gris gris green), Fernanda Lira (Nervosa), Jana Davel (Uranthia), Flávia De Marco (Explorers, Fireheat), Alice e Maria Fernanda Cals (Indiscipline), Iolly Amancio (Banda Gente). 

Eu poderia passar o dia citando nomes, vocês sabem quem são, estão de parabéns todas as mulheres da nossa cena, melhor ficar de olho nelas que vem muita coisa boa por aí!

Flávia de Marco: Enxergo a cena atual tanto como um movimento natural quanto um momento político. Acredito que as mulheres estarem em evidência seja algo natural porque a liberdade é natural. Ao mesmo tempo é algo político, porque há muito tempo a humanidade transformou a liberdade feminina em algo não natural. 

Desde a segunda metade do século XX vemos um movimento em direção à (re)conquista da liberdade para as mulheres fazerem o que quiserem. Privação da liberdade não é nem um pouco natural. Claro que ainda tem muito machismo no meio musical. Nunca tive um voto de confiança sem antes tocar e provar que sei o que estou fazendo.

Mas, com cada vez mais mulheres incríveis e poderosas assumindo os palcos e gravadoras, tenho muita esperança de que a conscientização a respeito da liberdade feminina vai acontecer, e quem não quiser entender isso vai ficar pra trás.

3 - Quem são as maiores influenciadoras para sua vida na música e quais os motivos para tal?
Bu Bolzan: Eu na verdade sou influenciada todos os dias pelas minas da cena, essas que eu citei na outra resposta e muitas outras. Cada show que eu vejo muda minha perspectiva e acrescenta coisas boas, empoderamento... é maravilhoso me sentir representada! 

Quanto a minha formação musical eu tenho algumas pessoas que me inspiraram e me inspiram no estudo do canto e da voz e também no tocante a composições como por exemplo o André Matos, a Lzzy Hale, Floor Jansen, Hayley Williams, Lionel Richie, Cindy Lauper... eu tenho uma verdadeira paixão pela música pop dos anos 80, metal em geral, grunge dos anos 90 e grandes musicais. 

Meu objetivo sempre foi ser uma cantora versátil, e trazer uma mistura doida pro vocal que eu crio, entre metal, rock e pop. Acredito que eu to conseguindo criar umas coisas interessantes e isso vai aparecer principalmente nas composições de vocal.

Flávia de Marco: As maiores são Alanis Morissette e Hayley Williams. Elas são modelos do que acredito ser a música: honestidade e verdade. Não que eu acredite que exista apenas uma verdade plausível. Mas acredito que elas duas consigam falar de múltiplas verdades e vivê-las de maneira muito honesta. O que elas falam e fazem faz muito sentido.



Raquel Reis (Vocalista - Sacrificed) :
1 - Quais as motivações que você teve para ingressar na música, e quais você busca para se firmar atualmente?
Sempre gostei de ouvir música. Mas o desejo de fazer música também veio cedo, já nos primeiros anos da minha infância. Tanto meu pai quanto minha mãe são pessoas extremamente musicais, que tocam violão, piano, cantam. 

Então acredito que essa foi a primeira motivação para ingressar no campo musical. Hoje em dia, a motivação já é outra, sem dúvida. 

Além do prazer em fazer música e conseguir me expressar através das melodias e letras, o reconhecimento do público quando fazemos um bom trabalho, ou ouvir de fãs, por exemplo, que aquela música específica, ou que aquela letra o ajudou a enfrentar uma situação difícil pela qual está passando (e já ouvi esses relatos algumas vezes...), é um dos maiores propulsores para que eu continue no ramo musical. 

2 - Como você enxerga a cena atual com tantas mulheres em evidência, e o papel que isso representa?
Quando ingressei na minha primeira banda de metal, há mais de 12 anos, o cenário era outro. A participação das mulheres em bandas de metal autoral era menor e, principalmente, o público feminino também era menor. É claro que já tinha grandes estrelas femininas do metal em evidência. Mas hoje a representatividade das mulhres no gênero é outra! 

Realmente temos muitas mulheres em evidência, tanto internacionalmente (e eu poderia citar nomes como a Alissa White-Gluz, Lzzy Hale, Maria Brink, Tatiana Shmailyuk, etc), como nacionalmente (Fernanda Lira, Mayara Puertas, Dani Nolden, etc.) E o resumo é que isso é maravilhoso! Estamos aqui, somos tão capazes quanto os homens e viemos para ficar! (risos!)

3 - Quem são as maiores influenciadoras para sua vida na música e quais os motivos para tal?
Nossa, pergunta difícil (risos) Muitas mulheres me influenciaram e continuam a me inspirar. 
Alguns nomes eu até já mencionei, como a Alissa, com quem tive o prazer de dividir o palco 2 vezes já, e a Lzzy Hale, que atualmente é minha maior inspiração. 

Mas a verdade é que mulheres de outros estilos musicais também me influenciam e contribuem com a construção da musicista que sou hoje, como Ella Fitzgerald, Elis Regina, Lady Gaga, Whitney Houston, etc. Mas não posso deixar de mencionar minha mãe, Andréa Reis, que sempre foi uma grande inspiração!





Anne Angels (Vocalista/Redatora Rock Vibrations) :
1 - Quais as motivações que você teve para ingressar na música, e quais você busca para se firmar atualmente?
Desde pequena eu sempre gostei muito de cantar. Aos 14 anos quando conheci o Evanescence vi que era possível sim, eu mulher iniciar uma banda no meio do mundo rock, onde costuma ter muito mais homens do que mulheres. Então formei minha primeira banda cover de Evanescence que durou apenas um ano. 

Para me firmar atualmente vou estudando (aula de canto e comecei a aprender contrabaixo) e também me inspiro nas mulheres que estão a tanto tempo na ativa e lutando pelo seu espaço.

2 - Como você enxerga a cena atual com tantas mulheres em evidência, e o papel que isso representa?
Enxergo como uma oportunidade de mostrar que a mulher também pode estar presente, em um mundo onde 80% é composto por homens, e como se a mulher tivesse conquistado mais um beneficio de poder cantar, mostrar seu talento e arte.

3 - Quem são as maiores influenciadoras para sua vida na música e quais os motivos para tal?
Minhas maiores influenciadoras (risos) são muitas mais vou citar algumas: Sharon Den Adel é uma grande influência, ela passou por muitas coisas e eu me identifico com as músicas do Within Temptation. 

Cristina Scabbia, pois ela apesar de ser considerada sexy simbol no mundo metal, não se enxerga assim e sim como uma mulher que canta e encanta atráves da sua voz. A Amy Lee é minha outra influência pois foi a primeira vocalista feminina que ouvi e como disse ela me mostrou que sim uma mulher pode ter uma banda e sim pode ser lider. 

E do Brasil eu cito 3, a Naimi, que sempre trás mensagens bonitas em suas músicas além de sempre estar batalhando pra que a Brightstorm cresça e apareça, a Claudia (Ex vocalista do Scarlet Leaves) que é uma banda Brasileira de Gothic, ela é minha influência por ter ficado 10 anos lutando por um espaço e cada conquista que ela teve foi uma vitória nesse tempo de banda, ela é minha influência pois mostra que sim o Brasil também é um pais para o Gothic e Darkwave, e por fim, Mariana Maia (Professora da Moriah Music) porque ela sempre me incentiva e não me deixa desistir.


Foto por : Leandro Pena
Naimi Stephanie (Vocalista - Brightstorm) :
1 - Quais as motivações que você teve para ingressar na música, e quais você busca para se firmar atualmente?
Minha motivação foi na adolescência quando formei minha primeira banda aos 13 anos com amigos da escola, a música para mim sempre foi uma válvula de escape para problemas da vida real. 

Na epoca eu tinha dificuldades em me encontrar no meio social em que vivia vamos dizer assim, então a música era uma forma de conforto e eu acabei me descobrindo artista.

Atualmente minha motivação é saber que comecei menininha e não tinha nada, hoje eu tenho varios BrightStormers espalhados pelo mundo e que se identificam com a minha música e se sentem confortáveis assim como eu quando tudo começou. Nossos fãs e o crescimento da banda sem duvida é minha maior motivação para continuar.

2 - Como você enxerga a cena atual com tantas mulheres em evidência, e o papel que isso representa?
Atualmente as mulheres vem se destacando cada vez mais, isso me da muito orgulho de ver, cada vez que uma banda com uma mulher em sua formação se destaca ou um evento como Rock on Heels é um sucesso só me deixa ainda mais esperançosa em relação ao futuro da nossa cena. Isso mostra que juntas nós quebramos os preconceitos,
os paradigmas de rivalidade e podemos sim nos unir e nos inspirar umas nas outras.

3 - Quem são as maiores influenciadoras para sua vida na música e quais os motivos para tal?
Minha maior influencia na música evidentemente é a Amy Lee pela forma como ela se entrega de coração e alma em suas melodias.​

Facebook :



Créditos : Arnoni Fotografia
Andressa Lé (Vocalista - Anfear) :
1 - Quais as motivações que você teve para ingressar na música, e quais você busca para se firmar atualmente?
Olá galera da Rock Vibrations! 
Primeiramente, Vinny, quero agradecer esta oportunidade, obrigada pelo espaço!

Bom, sobre minhas motivações para ingressar na música, vou tentar resumir a história. 
Sempre cantei desde pequena, mas eu gostava de inventar melodias, músicas que eu nunca tinha ouvido mas que não saiam da minha cabeça. 

Eu cantava na igreja, tocava percussão e estudava bateria, mas foi só no ensino médio que tive um projeto de final de ano e resolvi fazer três canções, cada uma delas falava de uma obra de literatura que deveria ser lida para as provas de vestibular. 

Quando conheci o meu parceiro, o Nan Marconato, nós montamos um projeto a partir da ideia dessas três músicas e mais algumas composições dele, e então nascia a nossa banda, a ANFEAR. 
Mas nós ainda não éramos músicos. 

Então fomos estudar para poder realizar nosso projeto, essa foi minha maior motivação. Estudamos percepção musical, composição e arranjo e tivemos até formação de músicos educadores. E até hoje a gente não consegue parar de estudar música. 

Já passei na Etec de Artes, Espaço Musical, EM&T, Souza Lima e por vários professores incríveis na minha vida. Eu posso dizer que me formei para estar preparada para subir ao palco quando chegasse a hora.

Atualmente o que me motiva mais é saber que faço parte de um time que produz um som muito original e especial como o da ANFEAR, sabendo que um dia quando eu partir, eu deixarei algo especial para meu país e para o mundo: um trabalho que segue valorizando a nossa história, folclore, literatura... 

E hoje eu vivo da música, seja atuando e cantando ao vivo em eventos na Fazendo Arte Produções, seja lecionando música na LéM7 Studio e na Fábrica da Música e principalmente compondo e cantando com a ANFEAR, o que me faz acordar motivada todos os dias.

2 - Como você enxerga a cena atual com tantas mulheres em evidência, e o papel que isso representa?
Lembro-me quando eu era mais nova, tinha meus 12 anos e tocava bateria, as pessoas se admiravam e se espantavam muito: "Nossa! Uma menina tocando bateria, não acredito! Você não tem cara de ser baterista" Isso só porque eu era menina, mas eu sempre reagi com bom humor, só que tinha acesso a poucos exemplos femininos para me espelhar. 

Porém quando eu cantava, ninguém falava nada, ninguém se espantava. Atualmente não sinto mais todo esse espanto das pessoas ao meu redor com mulheres na posição de instrumentistas, é mais comum ver mulheres em instrumentos. 

Mesmo percebendo que ainda temos mais vocalistas que instrumentistas em evidência, a cada dia a presença feminina é maior, e isso se deve pela união e a parceria entre nós. Isso é muito significativo pra cena atual e para as gerações que virão. 

Falo por mim, hoje me sinto abraçada por amigas que, muitas vezes estão até no outro extremo do Brasil, mas lutam pelas mesmas coisas e a gente troca, se ajuda, se apoia e se fortalece. Sigo otimista, pois já tive esses momentos e quero esse ambiente em que o fato de eu ser mulher seja um mero detalhe, em que o meu trabalho venha na frente.

Agradeço muito a minha família que sempre me apoiou nas coisas que eu queria fazer sem me podar por eu ser mulher. Agradeço às mulheres e amigas queridas que venho conhecendo ao longo da minha carreira. E agradeço muito aos meus parceiros de banda que me admiram pela pessoa que eu sou, acima do gênero, nem inferior e nem superior, mas iguais e na mesma luta.

3 - Quem são as maiores influenciadoras para sua vida na música e quais os motivos para tal?
Nossa essa é uma pergunta difícil, vou fazer uma salada de nomes aqui... Eu não cresci no meio do metal, do rock, eu cresci ouvindo sertanejo, pop internacional, música brasileira e músicas religiosas, e o rock foi entrando na minha vida e trazendo o metal pro meu coração. 

Quando eu era “bebezinha” a Xuxa foi a primeira mulher que eu admirei (relatos da minha mãe), depois me veio a Sandy e eu achava o máximo ela cantando com a família dela e todo aquele tamanho, eu me imaginava no palco também, fazendo o que ela fazia. 

Depois eu cresci um pouco mais e conheci a Celine Dion e a Whitney Houston no pop, e na MPB a Ana Carolina cantando e tocando, lembro que achei demais ela fazendo os dois ao mesmo tempo e foi nessa época que fui aprender violão, mas não era pra mim (risos).

Então como eu já tocava percussão, fui tocar bateria, e fui contagiada pelo rock quando comecei a tocar Iron Maiden. Então conheci The White Stripes com a Meg White na batera, veio Evanescence com a Amy Lee no vocal e Nightwish com a Tarja no vocal... E quando conheci o Nan vieram Epica, Lacuna Coil, Within Temptation, Tristania e outras bandas com vocais que me incentivaram a buscar investir no que eu mais amava fazer: cantar. 

E além das mulheres do metal eu estudei e me encantei pela Elis Regina com toda aquela energia, a Clara Nunes com aquele vozeirão, a Mônica Salmaso com a sua afinação excepcional, Chiquinha Gonzaga com suas realizações e suas composições e tantas outras mulheres que admiro demais e trago toda essa bagagem pra minhas performances... Mas voltando ao Metal, quando eu conheci a Floor Jansen que eu pensei: “Que mulher incrível!” com aquela flexibilidade na voz e toda sua atitude no palco!

Hoje conheço e admiro também tantas mulheres na música tão presentes no meu dia-a-dia, seja pelas realizações no palco ou nos bastidores da vida, a garra e a vontade de fazer acontecer! E são tantos nomes e qualidades pra citar que acho que precisaremos conversar outro dia pra falar de todas elas... 

Mas isso é certo: cada vez mais conheço figuras femininas que me influenciam seja por sua atitude, pelo seu talento, pela história de vida ou pela sua composição, sua música com a qual eu me identifico que me motivam, fazendo-me erguer a cabeça e continuar em frente com meus sonhos e meu trabalho.





Larissa (Baterista - HellDolls) :
1 - Quais as motivações que você teve para ingressar na música, e quais você busca para se firmar atualmente? 
Minha maior motivação para ingressar no mundo musical é minha mãe, ela é pianista e sempre admirei muito ela como musicista e professora de música.

2 - Como você enxerga a cena atual com tantas mulheres em evidência, e o papel que isso representa?
Poxa, a cena rock feminina está maravilhosa e cada vez mais ascendente pras mulheres. Acho que as mulheres sempre foram ótimas Rockeiras, mas só agora estão fazendo cada vez mais shows e aparecendo pro povo, acho que competência e "pegada" elas sempre tiveram e agora mais do que nunca podemos mostrar isso.

3 - Quem são as maiores influências para sua vida na música e quais os motivos para tal?
Minhas maiores influências na música são, Chad Smith, Niko McBrain e John Bonham. Eles são minhas influências porquê tocam nas bandas que eu mais curto ouvir e não me canso, praticamente todo dia ouço algo dessas bandas.





Annia Bertoni (Vocalista - Megaira) :
1 - Quais as motivações que você teve para ingressar na música, e quais você busca para se firmar atualmente?
Desde criança sempre quis cantar, as músicas que mais me atraíam eram as com uma pegada mais forte, mais expressivas. 

Quando cresci passei a me identificar ouvindo Rock/Metal, comecei a estudar teatro e li O Fantasma da Ópera, que foi meu divisor de águas, porque foi ali que eu soube o quão perfeito seria unir as 2 coisas e pensei: quero ingressar neste mundo de musicais! 

Foi então que fui estudar canto e percebi quanto a arte de atuar está conectada ao cantar Rock/ Metal e assim passei a realizar meu caminho em bandas e projetos.

Atualmente busco estudar outros estilos de música que não costumo cantar para aprimorar minha técnica e trazer novas possibilidades para o Metal e com certeza essa vontade de inovar é o cerne da minha vida que naturalmente caminha junto com arte teatral que busco sempre unir a tudo que faço.

2 - Como você enxerga a cena atual com tantas mulheres em evidência, e o papel que isso representa?
GIRL POWER! (risos) Muito me alegra e motiva ver que estamos conquistando cada vez mais espaço por mérito e não por uma questão de simplesmente "dar espaço para as mulheres". 

Mais do que nunca temos mulheres fortes chegando ao mercado dando aquele chute na porta e deixando o público e mídias no mundo inteiro de queixo caído. 

Estamos entrando em uma nova fase da história onde o número de mulheres estatisticamente é muito maior que o de homens pelo mundo, então é praticamente impossível que a expressão de artistas femininas não passe a crescer e ganhar força cada vez mais, além do fato de cada mulher ser única e querer mostrar isso ao mundo! 

Cada uma de nós tem a sua peculiaridade, se expressa de uma forma diferente, trabalha em uma frequência diferente, então isso traz uma singularidade em cada trabalho e uma gama muito maior de variedade de visões expressivas de arte quando uma mulher encabeça um projeto e isso é maravilhoso, porque significa RENOVAÇÃO e INOVAÇÃO.

3 - Quem são as maiores influenciadoras para sua vida na música e quais os motivos para tal? 
Meus pilares vem de uma mistura de cantores e cantoras, mas como estamos falando apenas de nós mulheres aqui hoje posso dizer por ordem de formação de paixão ao estudar que estas são as minhas musas, não apenas pelas vozes e técnicas, mas principalmente pela personalidade que cada uma delas imprimiu em seu trabalho se sobressaindo a tantas outras: Montserrat Figueras, Maria Callas, Tarja Turunen, Candice Night, Pitty, Imelda May e Alissa White-Gluz.





Lucia (Vocalista - EvenDusk) :
1 - Quais as motivações que você teve para ingressar na música, e quais você busca para se firmar atualmente?
Desde pequena já gostava de cantar e já percebia que tinha afinação e ouvido pra música. 
Quando descobri o metal, através do Angra, me apaixonei pelo estilo e tentava copiar o que ouvia. 

Quando fui a um show deles, fiquei muito admirada e emocionada com a performance, queria sentir mais vezes aquela sensação e também proporcionar isso às pessoas e foi aí que comecei, de fato, a querer ter uma banda, estudar canto. 

Pra mim, cantar é um prazer único e isso já basta pra querer continuar mas claro que também motiva muito quando as pessoas querem te ouvir, pedem pra você cantar, se interessam em saber sobre técnica vocal ou a música que estou cantando.

2 - Como você enxerga a cena atual com tantas mulheres em evidência, e o papel que isso representa?
De um modo geral vejo que as mulheres estão conquistando cada vez mais espaço e é maravilhoso que isso esteja acontecendo no metal também. 

Ainda existe muito preconceito e machismo na cena. Muitas pessoas se aproximam pelo fato de ser uma mulher, e não pela qualidade do trabalho mas percebo que as mulheres estão se impondo cada vez mais e quebrando essa visão. Temos mulheres muito talentosas, que trabalham duro e estão conquistando seu espaço. 

Sinto que ainda há algumas barreiras mas com certeza já evoluímos bastante.

3 - Quem são as maiores influenciadoras para sua vida na música e quais os motivos para tal?
Uma das minhas maiores influências é a Simone Simons. Procurei desenvolver as técnicas que ela utiliza porque, na minha opinião, ela é uma das melhores cantoras na cena e o estilo vocal me agrada bastante. 

Outra cantora que me inspira muito mas não é do meio é a Mônica Salmaso. Tive a oportunidade de ver alguns shows dela e nunca havia visto tanta perfeição num show até então. 
Ela me faz querer melhorar sempre.




Fenanda
Verônica Vox & Fernanda Schenker (Melyra) :
1 - Quais as motivações que você teve para ingressar na música, e quais você busca para se firmar atualmente?
Vox - Por amar cantar, e passar uma vida inteira ouvindo mulheres cantando e sendo influenciada por elas, sou de uma geração que eram pouquíssimas mulheres no rock, com isso ouvia muitas divas (risos), e observava o que era positivo (vozes, comportamento e atitude) de uma maneira ampla. 

E hoje eu procuro estudar a fundo a música como um todo, pois não é só cantar, envolve muito mais coisas além disso. Como mulheres somos capazes de coisas extraordinárias e na música não fugiríamos a regra, com isso influenciando outras mulheres a fazerem o mesmo.

Schenker - A música sempre foi uma grande paixão pra mim. Desde pequena eu gostava de brincar com instrumentos musicais e sempre adorei ouvir música, então pra mim foi um caminho natural, mesmo tendo tentado fugir dele.

Atualmente eu busco ser cada dia melhor e mais versátil como musicista e trabalhar duro para que a música da Melyra possa alcançar o mundo todo!

2 - Como você enxerga a cena atual com tantas mulheres em evidência, e o papel que isso representa?
Vox- Fico muito feliz! E a esperança de ter muito mais meninas almejando conquistar o seu espaço com talento e esforço. Estamos ganhando voz na medida que acreditamos e nos esforçando em um território que querendo ou não, predominavam somente homens, pouquíssimas mulheres (bandas de metal femininas), sabemos que a aceitação veio regida por talento e metendo as caras mesmo. 

Com isso abrimos caminho para outras bandas com o mesmo propósito, ou seja de mostrar que lugar de mulher é onde ela quiser.

Schenker - Eu fico feliz de ver que nós estamos conseguindo cada vez mais espaço mas ainda há muito a ser feito. Todas as mulheres que estão hoje na cena tem um papel importante de inspirar mais mulheres e mostrar que, com trabalho duro, a gente pode sim abrir nosso espaço em qualquer nicho. 

Sonho com um futuro onde a gente não precise mais diferenciar as bandas com mulheres das bandas com homens!

Verônica
3 - Quem são as maiores influenciadoras para sua vida na música e quais os motivos para tal?
Vox - Falando em influências (risos) ouvia muitas Divas do rock como Janis Joplin, Heart, e do jazz/ blues Nina Simone, Aretha Franklin entre outras de outros gêneros mas de timbres maravilhosos. 

E seguindo a influência do que cada uma colocava com maestria em determinadas canções, seria inevitável não absorver graves densos, agudos cintilantes e o Amor à música que todas elas tinham. Muitas com técnica e outras em feeling, e mesmo assim há muito o que aprender.

Schenker - Minhas maiores influências atualmente são a Nita Strauss (Alice Cooper) e a Lari Basilio. Não só por elas tocarem demais, mas pelo que elas vem alcançando nas suas respectivas carreiras e, como eu disse antes, me mostrando que é possível ir cada vez mais longe.

Facebook :



Fico muito satisfeito em ver tantas coisas compartilhadas, pois muitas as vezes o lado pessoal não é tão exacerbado para todos, mas quando o fazem, a identificação é sempre benéfica, além do que, os fãs podem se sentir mais unidos em meio aos projetos.

Todas as bandas aqui citadas merecem a sua atenção, possuem apresentações exemplares e discos relevantes (sendo muitos deles já resenhados aqui por nós), então, recomende ao máximo, ajude para que mais meninas tenham oportunidades e acesso à nossa cena, pois assim como Wendy O. Williams um dia chocou expressando sua liberdade, as The Runaways moldaram conceitos para outras como Vixen e L7 que fizeram furor com suas canções diretas e liberais em meio à muitos parâmetros e tabus impostos, e claro, podendo ser utilizado ainda nos dias atuais, mantendo o legado vivo de pessoas inteligentes e que fazem você indagar.

Outras bandas ao meu ver que merecem a sua atenção em cenário nacional são :

Lyria (com a linda voz de Aline)
Venuz (banda carioca com vários conceitos interessantes ligados ao feminismo)
Blanchez (com a potente voz de Rachel Claussen)
Sinaya (grande banda de metal extremo que tem em seu line-up a competente Mylena Monaco)
Eve Desire (uma das ótimas e emergentes que trás Arya Medeiros nos vocais)
Indiscipline (tendo uma das mais competentes guitarristas da cena, Maria Fernanda Cals)
Hamen (com um ótimo metal sob os vocais de Monica Possel)
Miasthenia (conhecida na cena, entrega um excelente conteúdo através de sua líder, Hecate)
Fire Strike (com Aline Strike e seus incríveis agudos)
Hatefulmurder (que logo estará com novo álbum e o mantém os vocais brutais de Angelica Burns)
Semblant (com a voz de uma das mais talentosas do país, Mizuho Lin)
Ajna (da experiente e sempre competente vocalista Tibet)


Se formos listar todos os nomes relevantes, certamente teremos horas de material, mas, quando fizermos uma parte 2, com certeza teremos essa opção.

Fique de olho sempre que quiser saber sobre várias delas em nossa aba "Female Rock Space" e aproveite todo este conteúdo...

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