Death Metal feito por quem conhece o assunto... assim começo a apresentação da banda Preceptor, que gentilmente nos cedeu uma entrevista bem bacana sobre vários fatos da carreira, além claro de curiosidades interessantes...
Confira logo abaixo :
1 - Para começar, por favor, conte um pouco sobre o início da banda...
R: Somos amigos que no final dos anos 80 trocavam fitas cassete com gravações podres e montavam suas primeiras bandas de death metal (Necrobiotic, Morttrhash e Vector Underfate).
R: Somos amigos que no final dos anos 80 trocavam fitas cassete com gravações podres e montavam suas primeiras bandas de death metal (Necrobiotic, Morttrhash e Vector Underfate).
Só em 2004 tivemos a possibilidade de nos reunir para montar o Preceptor, continuar azucrinando vizinhos e infernizando a tradicional família mineira.
Hoje, com tanta tecnologia e uma sociedade muito mais indivudualista, ainda nos empolgamos com o garimpo e descoberta de uma boa banda.
Continuamos trocando materiais, comprando discos, zines, indo aos shows, nos encontrando para ouvir um som e ainda gravando alguns LPs de vez em quando.
Du (vocalista) e João Gordo com o álbum "Dogmatismo" |
2 - "Dogmatismo" é um álbum realmente completo... como foi o processo de composição até chegarem neste resultado?
R: Dogmatismo cobre uma fase longa da banda.
R: Dogmatismo cobre uma fase longa da banda.
Nunca tivemos pressa de compor para entrar em estúdio, e isso foi fundamental para pensarmos com cuidado em cada riff de guitarra, em cada passagem de baixo e bateria, nos encaixes das letras em português (o que não é tarefa fácil), na mixagem, artes, ou seja, na obra como um todo.
Arte do Álbum |
3 - Como foi a escolha para o conceito dessas canções?
R: Em nossas letras, sempre abordamos a alienação provocada pelos mais diversos dogmas impostos pela sociedade.
R: Em nossas letras, sempre abordamos a alienação provocada pelos mais diversos dogmas impostos pela sociedade.
Por isso, o nome do disco e seu conceito vieram naturalmente.
4 - O público tem sido bom atualmente?vemos uma certa discussão sobre como "convencer" a galera para irem aos eventos, mas, creio que muitos ainda apóiem...
R: Temos muitos eventos acontecendo, o que de certa forma dá uma pulverizada na galera, além de deixar o público mais seletivo.
Sim, existe a geração YouTube, que deixa para “ver um show” em sua cidade só quando começam a surgir os primeiros vídeos na plataforma.
Infelizmente, temos que voltar a bater na tecla cliché dos “compareça ao shows e apoie as bandas locais”!
Recentemente vimos o fim do festival Extreme Hate em São Paulo que trouxe excelentes bandas de fora desde 2008.
O Roça ‘n Roll é outro festival tradicional que está tentando voltar a duras custas com um crowdfunding.
Por outro lado, temos visto também uma meninada insana comparecendo aos eventos, apoiando suas bandas preferidas com a compra de materiais e montando suas bandas.
As redes sociais ajudam bastante na divulgação, cabe a nós saber utilizá-las da melhor forma e nos unirmos na promoção dos eventos. Músico hoje não é mais o cara que toca, canta e compõe, o pacote de habilidades exigidas cresceu bastante e precisamos nos renovar o tempo todo.
Trevor Peres do Obituary com o E.P. da banda |
5 - Vocês irão vir para São Paulo pela primeira vez e com excursão, certo?Como planejaram?e a ansiedade?
(Observação : a entrevista foi feita em dezembro)
R: Essa estreia em São Paulo superou todas as nossas expectativas. Quem compareceu pode confirmar. Dividimos o palco com amigos de bandas de BH e encontramos por lá uma galera sedenta por death metal old school. O som da Fofinho estava ótimo, a equipe nos ajudou bastante, realmente foi um evento memorável.
R: Essa estreia em São Paulo superou todas as nossas expectativas. Quem compareceu pode confirmar. Dividimos o palco com amigos de bandas de BH e encontramos por lá uma galera sedenta por death metal old school. O som da Fofinho estava ótimo, a equipe nos ajudou bastante, realmente foi um evento memorável.
6 - E tocar com a lenda do Metal extremo Deicide?
É fácil explicar isso?
R: Cara, naquela noite o Deicide nos levou de volta a 1995! Um show impecável que não deixou nada a desejar em relação aos áureos anos 90.
É fácil explicar isso?
R: Cara, naquela noite o Deicide nos levou de volta a 1995! Um show impecável que não deixou nada a desejar em relação aos áureos anos 90.
Dividir o palco com eles em um evento como esse foi realmente a realização de um sonho. Sabíamos que seria a nossa grande oportunidade.
Estávamos muito bem ensaiados, passamos som como manda o figurino, acertamos os detalhes com o mesário e o som estava ótimo.
A casa estava lotada e realmente atingimos um patamar nunca antes alcançado pelo Preceptor.
Foi incrível. Vendemos muito material após o show e os feedbacks, principalmente de quem não nos conhecia, foram muito positivos.
Sem dúvidas foi um momento único para a banda que justificou toda a nossa história de ralação no underground.
Depois disso tocamos com Extreme Noise Terror que também foi outro arregaço de experiência.
Temos ralado muito no nosso som e buscado novas oportunidades, As portas estão se abrindo e cada vez mais, gente que nunca nos viu ao vivo, está tendo essa chance.
7 - O merch está indo bem nos tempos atuais?creio que o Streaming deu uma caída para os produtos em geral, mas, da para conciliar, né?
R: Temos vendido bem o nosso material nos shows além das encomendas que atendemos pela página no Facebook. As resenhas positivas que se espalharam rapidamente sobre o Dogmatismo, nos ajudaram bastante nesse sentido.
R: Temos vendido bem o nosso material nos shows além das encomendas que atendemos pela página no Facebook. As resenhas positivas que se espalharam rapidamente sobre o Dogmatismo, nos ajudaram bastante nesse sentido.
Colocamos as músicas no Bandcamp e usamos a plataforma como ferramenta de divulgação.
Hoje não precisamos mais enviar material físico para que um redator tenha uma boa visão do nosso som e possa escrever uma resenha. Isso ajuda muito.
Não vejo as plataformas digitais como as grandes vilãs. Sim, estamos passando por uma grande transformação.
Os carros já não saem mais das fábricas com aparelhos de CDs, muita gente não tem mais onde escutar um material físico. Isso realmente afeta o comportamento das pessoas.
De qualquer forma, a concientização de apoio às bandas está se difundindo cada vez mais e as ideias de cooperação estão cada vez mais presentes no underground.
8 - A cena mineira sempre nos brindou com inúmeras bandas no Metal (sejam no lado do Thrash ou no extremo)... Podemos dizer que atualmente ainda pode influenciar mais gerações com as novas bandas?
R: Hoje vejo bandas excelentes de norte a sul do país. Minas Gerais não está fora disso e continua produzindo suas crias. Eu, particularmente, sou um entusiasta da cena do Nordeste.
R: Hoje vejo bandas excelentes de norte a sul do país. Minas Gerais não está fora disso e continua produzindo suas crias. Eu, particularmente, sou um entusiasta da cena do Nordeste.
Os caras lá são muito brutos! Realmente não sei o que andam colocando nas águas daquele lugar.
Bruno, o novo integrante |
9 - O que podemos esperar para 2019?
R: Bom, agora em dezembro, o problema mundial da falta de tempo e excesso de compromissos resolveu atacar o Grilão, nosso guitarra e co-fundador.
R: Bom, agora em dezembro, o problema mundial da falta de tempo e excesso de compromissos resolveu atacar o Grilão, nosso guitarra e co-fundador.
Ele não poderá continuar conosco e isso foi um choque para nós.
Convidamos o Bruno, um velho parceiro que tocou com Morone e Du no Vector Underfate, e ele topou o desafio. Temos um show marcado para o final de fevereiro onde faremos a despedida do Grilão e estreia do Bruno.
Além disso, estamos planejando um split em vinil com uma banda que será uma surpresa foda, novos covers no repertório, músicas novas e muitos shows.
10 - Finalizando, gostaria de deixar algum recado?
R: Vale a redundância do discurso “compareça aos shows e apoie as bandas locais que você gosta”!
R: Vale a redundância do discurso “compareça aos shows e apoie as bandas locais que você gosta”!
Não está sendo nada fácil tocar death metal old school durante esses 15 anos mas esse é o nosso vício.
A presença do público pra agitar com a gente e trocar ideia é um dos grandes combustíveis que nos mantém firmes remando contra a maré.
Foto por : Renato Audrey |
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Agradeço pela oportunidade cedida e, deixo aqui o espaço para futuras colaborações.