Recentemente tivemos a oportunidade de conversar com o músico Luis Maldonalle sobre o momento atual de sua carreira. O guitarrista gentilmente nos contou detalhes sobre os últimos meses e também algumas coisas que estão por vir.
Além de uma carreira solo bem sólida, ele participa da banda Insanidade e também falou um pouco sobre essa etapa.
Confira logo abaixo o nosso bate-papo:
1. Faz 1 ano que nos falamos pela última vez através do nosso podcast...
Como estão as coisas de lá para cá? profissionalmente falando você está trabalhando bastante?
É, Realmente passa muito rápido. Um ano já.
Obrigado pelo convite, Vinny.
Sim, tem sido uma loucura desde então. Além de todo o processo de divulgação e tour do Maestro (2022) eu fiquei envolvido com a edição mix/master e o lançamento da Tour na inglaterra. Isso, sem falar no processo de composição do álbum Furia até o seu lançamento em março desse ano (2023).
Como eu sou algo próximo de um faz tudo no meu processo, absolutamente todo o processo é sempre muito carregado, o lance multitarefa. E querendo ou não, sempre tem algo por fazer. E, acredite, todo o tempo do mundo parece pouco.
2. Um ponto legal que não posso deixar de abordar é sobre a Tour que você promoveu na Inglaterra em 2022 (lembro que á época até tentamos pensar em algo pra falar contigo diretamente de lá mas infelizmente acabou não dando certo por agenda).
Como foi poder mostrar a sua música por lá e, existe expectativa para novamente sair do país?
Além de muito inesperado, eu digo a possibilidade real de apresentar o seu trabalho solo pra um público iniciado de verdade, é claramente um desses momentos ímpares na carreira.
O quadro é absolutamente surreal, principalmente pelo antagonismo de uma carreira solo marginalizada em seu próprio território ou cidade local.
Posso dizer que fui melhor aceito e compreendido lá em uma breve passagem, do que aqui em 36 anos de carreira.
Não só a educação cultural mas todo o processo de aceitação e reconhecimento artístico e sua naturalidade foram o real choque de realidade.
Como parte dessa importância e significado, trouxe um álbum ao vivo gravado na inglaterra e dois Bootlegs. O que torna a já sólida carreira em algo ainda mais representativo e duradouro, sobretudo em um quadro global.
3. Eu andei ouvindo várias vezes o álbum "Furia" e ainda sinto a mesma vitalidade e feeling que você impôs naquelas faixas, aliás, isso só mostra o cuidado intencional pois trata-se de um material que está envelhecendo bem.
Como está sendo o feedback atual do álbum?
Furia é até aqui, o mais sólido trabalho na minha carreira, com certeza. Resenhas e Reviews extremamente positivos em mais de 18 países.
Pra mim, um claro divisor de águas na minha carreira e a questão Heavy Hard Neo-clássico. A estética foi pensada pra que o disco tivesse realmente um alcance maior. O fato de apostar nos highlights dos álbuns anteriores mas levando todo o peso e modernidade em um novo degrau, foi a aposta certa.
As faixas com voz (outra novidade do álbum) deu uma cara mais abrangente. Assim você se aproxima mais de um contexto artístico de banda. E não apenas um projeto solo. Afinal, é assim que sempre penso nos álbuns.
Sou um artista solo, mas o trabalho é composto e projetado com a importância de uma banda e todo o seu papel, não quero ficar limitado apenas a um suposto cenário instrumental. Sempre fiz parte de bandas e isso é um processo vital no que eu escrevo.
4. "The Harder They Fall" foi divulgada recentemente como single, sendo parte de seu álbum "Maestro" (2022). Ela é uma das melhores daquele registro e ao meu ver foi uma boa estratégia esse lançamento.
Escolher um single do álbum anterior impactou durante alguma decisão especial ou foi apenas por conta da ótima canção que você criou?
Na verdade eu fiquei com essa ideia um tempo na cabeça. E agora calhou das coisas se ajustarem. Eu sempre achei que a faixa “The Harder They Fall” tinha algo de especial na sua estrutura. É de longe a música com a ambiência mais 1980 do álbum. Algo da Shrapnell Records e os caras da época. Eu queria ter a oportunidade de encaixar a faixa em uma mix e master mais modernas.
Furia foi lançado em Março, pouco tempo, eu sei. Mas a dinâmica do streaming é algo a ser entendido e adaptado. Claro, são escolhas pessoais. E The Harder seria uma excelente maneira de ver como isso funciona.
No geral acredito que isso torna todo o quadro ainda mais dinâmico. É uma possibilidade. Muitas bandas tem se adaptado dessa forma. A dinâmica dos lançamentos, vida útil e hype dos álbuns, Eps e singles, vão ser determinados pelo streaming, não tenho dúvida disso. Muitos artistas tem ido já nessa direção.
A tendência é que o tempo de lançamento fique menor, mesmo pra bandas com um impacto gigante no orçamento.
5. O vídeo do single que abordamos na pergunta acima também ficou bem legal... você pretende manter essa identidade de trabalhar no lado visual a cada nova canção?
Acho que esse é outro ditame do mercado. Dificilmente uma banda vai soltar um single sem a conexão audio visual dele. O mercado acompanha a tendência visual das plataformas. E o áudio visual claramente é o carro chefe hoje.
O impacto do vídeo é ainda maior que o impacto do single em uma plataforma de streaming. Na verdade, todo artista indie ou underground acompanha a tendência e o marketing das bandas/artistas que estão no topo da cadeia do gênero. O único problema a meu ver é o aumento dos custos. O que praticamente inviabiliza as bandas e trabalhos independentes.
6. Para finalizarmos, gostaria de saber como estão sendo os trabalhos com a banda Insanidade?muitas novidades por vir?
Tem sido um ano bem interessante pra gente (Insanidade) nesse sentido. No momento temos algumas datas e agendando outras. Estamos divulgando o álbum Dogs of the Subway que saiu em março. E tem tido uma ótima recepção até aqui.
A banda rompeu a barreira do show local, com datas em diferentes pontos como São Paulo, Campinas, Florianópolis Uberlândia, Araguari, além de várias cidades no interior do estado (Goiás).
Acho que isso reflete e muito no que pode ser feito. Mesmo levando em conta a dificuldade e a Infra necessária pra que uma banda de rock autoral saia do estado. Com certeza muita coisa ainda pode rolar até o fim do ano.
7. Muito obrigado pela oportunidade e atenção, sempre que precisar é só chamar...
Gostaria de deixar um recado final?
É um prazer sempre poder participar. Sobretudo poder falar abertamente acerca de música, projetos e todo o universo musical. Meu recado é pra quem apoia e faz sempre a cena acontecer. Vocês são a engrenagem principal do nosso motor. A cena tem melhorado nitidamente.
Acredito que o metal, dentro de suas limitações, tem tido uma resposta admirável em todos os cantos. Números e o momento podem ratificar isso. Se transformarmos o esforço em um só, podemos sim ter uma cena nacional com mais respaldo, dignidade e espaço.
Grande abraço e até a próxima.
Confira nosso review do álbum Furia:
Confira também o nosso review do álbum Maestro:
Fizemos uma entrevista com o músico em nosso Podcast em abril de 2022 e você pode conferir nos links abaixo:
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