Rio de Janeiro (Qualistage 30/04/2024)
Bruce Dickinson não é nenhum estranho nos palcos cariocas, principalmente com o Iron Maiden, e pela quinta vez em sua carreira solo o multifacetado artista está de volta, e não é que o baixinho mais querido do Heavy Metal voltou mais endiabrado do que nunca!?
Promovendo o seu sétimo disco solo, o mediano "The Mandrake Project", Bruce Dickinson nunca joga para perder quando se fala em apresentações ao vivo e nessa terça-feira (30/04) tivemos mais uma prova disso no palco do Qualistage, antigo Metropolitan, na Barra da Tijuca.
Acompanhado dos guitarristas Chris Declercq e Philip Naslund, Tanya O'Callaghan no baixo, o baterista Dave Moreno e o excêntrico Mistheria nos teclados, Bruce entrou com tudo na clássica "Accident Of Birth", seguida de "Abduction" e da indefectível "Laughing In The Hiding Bush", essa tocada um pouco mais lenta que o usual, mas ainda sim uma trinca de tirar fôlego de qualquer headbanger.
O primeiro single de seu novo álbum veio na sequência. "Afterglow Of Ragnarok" ficou muito melhor ao vivo e teve uma reação excelente por parte do público para minha surpresa que achava que os coroas, maioria presente, só se emocionariam ouvindo os clássicos, aliás, "Chemical Wedding" foi a próxima e a reação do bom público presente foi incrível.
Falando em clássico, o que foi "Gates Of Urizen"? Tocada pela segunda vez nessa tour, foi uma das agradáveis surpresas da noite e diferentemente do seu "CLT job", digo, Iron Maiden, Bruce não está repetindo os set-lists nos shows, o que dá um certo frescor (Alô, Claudio Borges) e um certo mistério as apresentações.
Com Bruce nos bongôs, "Resurrection Men" foi a canção mais diferentona do show. Com uma levada meio Western, ela ainda dá uma reviravolta de 180° e vira um Stoner da melhor qualidade com Tanya O'Callaghan colocando um peso descomunal nessa música.
Um ponto a ser colocado era como Bruce e sua banda estavam super a vontade no palco, brincando e se movimentando o tempo todo com exceção do mediano guitarrista Chris Declercq. Com uma presença um tanto quanto travada e alguns solos pouco expressivos, coube ao excelente Philip Naslund tomar o protagonismo nos solos e com uma timbragem pesadíssima no seu instrumento. O "Viking", como Bruce Dickinson o chamava, se mostrou o cara certo para a vaga deixada prematuramente pelo Roy Z, guitarrista, produtor e parceiro do vocalista recentemente afastado em uma nuvem de mistério e boatos.
No cover de "Frankenstein", instrumental originalmente gravado pelo The Edgar Winter Group, tivemos Bruce mais uma vez na percussão e dando um hilário show no teremim, com direito a imagens psicodélicas no telão que ajudaram ainda mais em criar um clima altamente descontraído, além de ser a pausa necessário para o inglês dar aquela descansada para sua voz.
Chegamos então ao ápice dessa apresentação. Sem brincadeira, eu nunca pensei em assistir a "The Alchemist", faixa derradeira do seu álbum "Chemical Wedding" (1998) e fiquei muito tocado por estar vivendo esse momento.
Eu que há 40 anos vou a shows, fiquei realmente arrepiado ao decorrer dessa maravilha esquecida e para deixar o clima ainda mais lá em cima, Bruce e banda atacaram de "Tears Of The Dragon", seu único hit radiofônico lá nos idos de 1994. Nem preciso dizer que todo mundo cantou essa belezura que é absolutamente necessária nos shows do baixinho.
O mais legal em "Darkside Of Aquarius" é que eu me senti em 1997 novamente. As pessoas esqueceram dos seus celulares e pularam como se não tivesse amanhã. Bem, quase todos, porque meu joelho dolorido não me deixou cometer essa estripulia, mas o tradicional "Ô Ô Ô" presente em 11 dos 10 shows em que Bruce Dickinson está cantando, ah, isso ainda não me foi tirado...
No bis, tivemos a belíssima "Jerusalem", "The Book Of Thel" que dessa vez nos levou a 1998 (rs) e após a apresentação da banda, "The Tower" encerrou de forma primorosa uma apresentação maravilhosa e que agradou certamente quase todos presentes, bem, pelo menos onde eu estava só vi sorrisos e abraços em razão do show.
Para mim, valeu a pena esperar 25 anos para vê-lo em carreira solo ao vivo novamente, agora com esperança que esse hiato não seja tão longo. Volte logo, Bruce!
Meus agradecimentos aos incríveis produtores Nathalia Ferreira, Pedro Soriano, Filipe Barcellos e a Rider 2 pelo tratamento diferenciado e credenciamento.
Muito obrigado sempre!
Fotos por Babi Furtado e Dantas Jr.
TEXTO POR TARCÍSIO CHAGAS