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quarta-feira, 5 de setembro de 2018

Rock Vibrations Entrevista : Deep Memories


Em uma ótima oportunidade para divulgar mais uma banda que descobri há 1 mês, trago ate vocês o Deep Memories, projeto idealizado por Douglas Martins que, além de construir toda a estrutura do seu debut solo, também o produziu (mostrando muita competência).

Confira abaixo o papo que tive com a "mente pensante" do Deep Memories :


1 - Para iniciar, fale sobre o projeto para quem ainda não conhece...
R: Bom, o Deep Memories é a materialização de um antigo objetivo que eu tinha de compor, produzir e gravar um álbum inteiro sozinho.
Sempre quando pegava meu violão ou minha guitarra e alguns riffs bons surgiam, eu sempre registrava com meu celular e este material foi aumentando.
Quando percebi, já tinha uma quantidade enorme de material mais não tinha “coragem” de encarar o desafio de executar todos os instrumentos e ainda por cima gravar tudo.
Até que um belo dia, meu filho mais velho Juan Martins de 18 anos, que é autodidata no violão e guitarra, me mostrou a estrutura de uma excelente música que ele tinha composto.
Na hora liguei minha guitarra, unimos alguns trechos e saiu uma bela canção de Doom-Death Metal.
A partir daí a coisa não parou mais, fui progredindo na aquisição dos equipamentos, iniciei as gravações dos instrumentos e vocais e tudo isso se consolidou em um álbum completo de 8 canções.

Quando finalizei o álbum, percebi pelos comentários dos amigos que estavam acompanhando o processo, que o material tinha ficado com uma qualidade muito acima do esperado.

Iniciei então os contatos com selos visando o lançamento do álbum e, para minha surpresa, quatro demonstraram interesse em lançar o material em CD: Heavy Metal Rock e Misanthropic Records no Brasil, Invasion of Solitude Records no Japão e GS Productions na Rússia.
O título do álbum é “Rebuilding the Future”.


2 - Estar envolvido sendo apenas um a fazer tudo é benéfico, mas, as coisas costumam ser mais pesadas?
R: São sim, ainda mais quando se trata de uma pessoa perfeccionista como eu.

Ao longo do processo desde o refinamento das composições até o início das gravações, mixagem e masterização, muitos conceitos que existiam em minha mente do que aquelas canções representavam para mim foi mudando.
O que no começo era um hobbie se transformou em algo muito sério e fiquei muito compenetrado.
Quando se está em um grupo de pessoas as tarefas se dividem, mesmo que na execução dos instrumentos. Quando se faz sozinho seu limite é testado o tempo todo pois quem te cobra é a sua própria consciência.
Mas foi uma jornada incrível de criatividade, aprendizado e dedicação.


3 - A produção está impecável e para minha surpresa, foi feita também por você, certo?gosto de saber que músicos competentes conseguem também produzir!
R: Todo o álbum foi produzido, gravado e masterizado por mim. Sempre curti muito estar no controle de mesas de som e itens relacionados à gravação.
Em 2002, tive minha primeira experiência em pilotar uma gravação.
Ainda na Desdominus, peguei um computador que eu tinha na época e gravamos algumas músicas.
Foi através desta gravação que conseguimos uma parceria com a produtora PURE HELL RECORDS, que patrocinou o registro em estúdio de 5 músicas, que junto com a demo de 1999 “Judgement of the Souls” viria a se tornar o debut álbum “Without Domain” lançado em 2003 pela Heavy Metal Rock.

Já com o Deep Memories foi tudo bem diferente. Quando decidi encarar o desafio de fazer tudo sozinho, tinha a consciência que tinha boas composições, mas estava enferrujado. Aos poucos fui retomando um bom nível de execução dos instrumentos.
Sabia que a gravação não poderia ficar para trás.

Quinze anos depois deste primeiro contato com gravação passei a pesquisar muito sobre os métodos de gravação digital, testei uma série de programas e plugins e fui progredindo aos poucos, ouvi muitas bandas de referência, buscando timbres, equalizações e até chegar a um resultado que particularmente gostei bastante.


4 - Como tive a oportunidade de ouvir o álbum, vamos abordar um pouco sobre... As canções são densas, pesadas, clima bastante Doom... surgiram naturalmente os direcionamentos?E mais, a temática se refere a um todo ou cada canção tem sua mensagem?
R: Depois que finalizei o álbum, percebi que a sonoridade do Deep Memories rumou para uma pegada que não é mais feita na cena metal a alguns anos.

A mistura de elementos mais melódicos como o Doom 
Metal e Melodic Death Metal associados ao Black Metal mais cadenciado resultou em um clima que gostei muito.
Mas não houve um direcionamento propriamente dito, os sons foram tomando sua forma naturalmente.
Sempre gostei muito de compor através do improviso, gravando partes interessantes e criando camadas sobre elas. O resultado final realmente ficou muito pesado e denso.

Sou grande admirador do metal dos anos 90.
Nesta época existiam muitas bandas Doom Metal que ouço até hoje e isto é um fator determinante nas minhas composições.

Na parte temática, as cinco primeiras canções do álbum falam sobre um mesmo assunto, contam a história de um cara que percebe estar vivendo seus últimos momentos de vida e por fim acaba morrendo. Mas para sua surpresa, ele percebe uma continuidade existencial pós vida e ocorrem diversas situações bem intrigantes com ele.

Já as demais versam sobre experiências pessoais relacionadas a momentos de superação, de perdas, de introspeção e tristeza.


5 - Pensa em lançar videoclipes para alguns singles?
R: Fizemos um music video para o primeiro single lançado em junho para “The Bitter Taste of Illusion”.
Alguns dias antes do lançamento mundial do “Rebuilding the Future” previsto para 21 de setembro, será lançado um lyric vídeo da música “When the Time for My Last Breath Comes”, que abre o álbum.
Este lyric vídeo foi produzido por Gustavo Razia da Razia Videos.


6 - Temos uma cena no Brasil com muitas bandas de extrema qualidade... Quais os pontos mais positivos para você no Deep Memories?
R: A internet mudou a história do mundo e consequentemente do movimento heavy metal.

Hoje temos uma facilidade de acesso imensamente maior aos itens relacionados ao heavy metal: álbuns completos em streaming; vídeo clipes e lyric videos; instrumentos a preços acessíveis; maior número de escolas de música, estúdios e locais para ensaios; vídeos gratuitos para aprendizado de instrumentos e produção... e sem dúvida, isto alavancou a geração de bandas e conteúdos sobre o metal.

A tecnologia aliada a fidelidade e amor do público metal produziram grandes trabalhos e levaram muitos jovens a conhecer o peso das guitarras e velocidade das baquetas.

As redes sociais encurtaram as distâncias entre os headbangers – o que antes era feito através de cartas escritas a mão e telefonemas, hoje é feito por vídeo chamadas, mensagens de texto e e-mails já embutidos nos smartphones portáteis que estão conosco o dia inteiro!

Porém tudo isso tem um lado negativo, mas como a pergunta é referente a pontos positivos, deixamos para falar disso outra hora.


7 - Ainda sobre "Rebuilding the Future", a arte de capa ficou sensacional... Qual a idéia de concepção?
R: Teremos duas capas diferentes para o “Rebuilding the Future”.
A capa das versões brasileira e russa foram feitas por mim, já a da versão japonesa foi elaborada pelo artista Caio Caldas da CadiesArt.

A concepção da capa visou materializar a ideia de “Reconstrução do Futuro”.
Quando pensamos neste quesito naturalmente refletimos de onde estamos, onde podemos chegar e o que precisamos fazer para conseguir chegar.

Porém acredito que dar mais detalhes sobre estas capas seria “limitar” as possiblidades de interpretação de quem as vê, por isso gostaria que cada um chegasse a sua interpretação pessoal das ilustrações, refletindo sobre: “O que você faria para reconstruir seu próprio futuro? ”


8 - Conversando contigo percebi o quanto é um amante do Rock... Acredita que por ser conhecedor, as coisas facilitem mais para compor?
R: Sem dúvidas.
Há mais de 23 anos eu escolhi o rock/metal como meu estilo de vida e isso passou a ser parte de minha personalidade, do meu jeito de ver e reagir ao mundo.
Isto tem ligação direta com meu gosto como músico. Com 13 anos eu tentava imitar o Zakk Wylde e o Tony Iommi com um violão que eu tinha na época.

Quando ganhei minha primeira guitarra comecei a tirar músicas compostas pelo Dimebag Darrel, Dave Mustaine e John Petrucci.
Quando comprei minha primeira guitarra já estava compondo material próprio e toda esta bagagem me acompanha até hoje.


9 - Tenho feito essa pergunta para várias bandas... Você acredita que o streaming possa tirar o lugar da mídia física, tendo em vista que no Rock os fãs consomem materiais diversos?
R: Não acredito nisso.
Se observar a lucratividade e o progresso das grandes gravadoras desde os compactos, vinil, k7, CD, MP3 e streaming foram diminuindo com o tempo.
Infelizmente muitos selos underground encerraram suas atividades devido a esta migração para o consumo de música por streaming.
Mas diferentemente de outros estilos, será bem mais difícil acabar com as mídias físicas no metal.
Se você observar o crescimento de selos europeus e asiáticos lançando material em K7 e Vinil, vai ficar surpreso.

Os headbangers compram CD, K7 e Vinil, tanto que o “Rebuilding the Future” será lançado em CD por 4 gravadoras diferentes em 3 países do mundo.
Mas uma coisa é certa, as quantidades produzidas e vendidas são menores.
O rock/metal é um mercado de nicho.
Cara, ultimamente tenho visto tanto material raro em K7 e Vinil nas lojas de metal online que jamais imaginaria que pudesse existir!


10 - Para finalizarmos, gostaria de deixar algum recado?
R: Agradeço a você brother Vinny pelas excelentes perguntas e pelo espaço cedido! Vida longa ao Rock Vibrations!
Para o leitor que queira conhecer mais sobre o Deep Memories acesse nosso site oficial www.deepmemories.com.br ou nossas redes sociais: @deepmemoriesbrazil e #deepmemoriesbrazil.



Gostaria de agradecer pela oportunidade cedida e avisar que, em breve, após o lançamento do disco (que já tive o prazer de ouvir com antecedência), iremos também soltar uma resenha com nossa análise.

É isso, galera... Até a próxima!

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