NOTÍCIAS DE ÚLTIMA HORA

sexta-feira, 1 de novembro de 2019

Rock Vibrations Entrevista : Bill Hudson (NorthTale)


No primeiro dia de novembro já começamos com o pé direito, afinal, poder entrevistar grandes nomes da cena mundial é um prazer e também uma experiência única, pois muitos de nós amantes da música queremos ouvir opiniões de quem está trabalhando duro há alguns anos.

Bill Hudson é o tipo de músico que realmente impressiona por sua destreza e talento, além de ser um cara extremamente acessível e simpático.
Com passagens pela "Trans-Siberian Orchestra", a banda "Dirkschneider" de U.D.O (ex Accept), "Circle II Circle", Doro, dentre muitos outros (como sua banda "I Am Morbid"), agora investe em um projeto ambicioso chamado NorthTale, que dentre suas influências, carrega consigo um excelente Power Metal.

Confira abaixo o nosso bate papo :

1 - Primeiramente é um prazer para mim poder falar com um guitarrista tão versátil e exacerbado musicalmente... também sou guitarrista (mesmo que sem banda e equipamentos há alguns anos, você sabe, né?! contas...haha), e ver alguém fazendo algo tão importante com tantos nomes reconhecidos é de se aplaudir... Você consegue ter tempo entre um projeto e outro para manter uma evolução nos estudos das 6 cordas?
Bill Hudson: Muito obrigado pelas palavras! Sabe que penso nisso bastante? Pois normalmente, na maior parte do meu tempo livre eu estou aprendendo ou praticando as musicas que vou tocar na próxima da turnê, seja da banda que for. As vezes, isso mesmo vira “o estudo”, já que aprender novas músicas no nível da banda original requere muita atenção a detalhes, a tocar coisas igual o público quer ouvir, etc.

Quando estou de folga (como agora) eu procuro antigas video aulas no YouTube, bem como aulas de guitarristas mais novos, e uso como material de estudo. Acho uma ótima ferramenta! 


2 - Recentemente através da parceria que tenho com a "Shinigami Records" aqui no Brasil, recebi o tão aguardado álbum do "NorthTale" e fiquei realmente satisfeito com o que ouvi.. o que você pode me dizer sobre processo de produção e escolha do line-up?
Está à vontade como compositor?e mais, o contato com a Nuclear Blast surgiu naturalmente?pois acho que foi uma ótima escolha de distribuição...
BH: O NorthTale inicialmente ia ser apenas meu projeto solo. A ideia era fazer um disco instrumental que tivesse 2 ou 3 musicas com vocal. Testei alguns vocalistas mas quando descobri o Christian Eriksson cantando no Twilight Force eu decidi que queria que ele cantasse.

Inicialmente, ele gostou das músicas mas não quis se envolver no projeto. Mas continuamos amigos, e uma vez fui tocar com o Udo Dirkschneider na cidade dele (Falun, Suécia) e nos encontramos. Passamos o dia juntos e ficamos amigos.

Assim que ele saiu do Twiight Force eu o contactei de novo e dessa vez ele queria montar uma nova banda.
Ele tinha com ele Patrick Johansson (ex-Yngwie Malmsteen) que eu também conhecia, também interessado.

Então ali mesmo a ideia do disco solo morreu, e decidimos montar uma banda.

Usamos as duas músicas que eu tinha (Shape Your Reality e If Angels Are Real) como ponto de partida e compusemos todo o resto disco já pensando no projeto como uma banda completa.

O Christian então trouxe para o baixo Mikael Planefeldt pois eles estudaram juntos no Musicians Institute em Hollywood, CA (embora sejam suecos, ambos). 
Jimmy Pitts já havia trabalhado comigo no projeto solo de Vitalij Kuprij (Artebsion, Ring of Fire, Trans-Siberian Orchestra) e tinha tocado nas demos comigo, então foi a escolha lógica.

Sobre a produção, cada um gravou suas partes em sua cidade. Eu usei dois engenheiros, um em Los Angeles, Damien Rainaud (Dragonforce, Fear Factory) e um em Orlando, Jarrett Pritchard (1349, Goatwhore).
Quando todas as faixas estavam prontas, mandamos tudo pra Suécia para o Jonas Kjellgren (Sabaton, Bloodbound) mixar e masterizar.

Foi um processo bem 2019 mesmo haha. Patrick e eu moramos próximos, então tivemos a chance de gravar e compor algumas partes juntos, então não foi 100% digital.

Honestamente, esse é o disco que eu “estou pra lançar” desde que eu tinha 15 anos. Toda a minha carreira até agora foi sim tocando em bandas grandes, mas sempre como empregado e tocando as músicas de outra pessoa. Então esse disco composto por mim é um sonho.

Anteriormente eu já havia composto um disco para o vocalista Tommy Vext (BAD WOLVES) num projeto que foi lançado e chamado WESTFIELD MASSACRE.
Mas - de novo - foi feito baseado na voz dele e o que ele queria, enquanto o NorthTale é a minha música, do meu jeito.

Quanto à Nuclear Blast, na verdade não tínhamos essa ambição. Nós íamos inicialmente lançar em EP independente. Mas já que tínhamos os contatos, enviamos pra NB, antes mesmo de o EP ser lançado. 
Pra nossa felicidade, eles gostaram e a ideia do EP foi substituída por um disco completo.


3 - "Welcome To Paradise" (o álbum) tem forte influência do Power Metal ("Higher" por exemplo tem efeitos que me lembram Stratovarius) e também alguns elementos do Symphonic... Espero que você arrume um tempo para poder continuar este projeto em um futuro próximo pois é um dos discos mais legais da sua carreira (em minha humilde opinião)... devo acrescentar que suas melodias seguem uma linha que prende o ouvinte, ao contrário de muitos guitarristas que apenas despejam notas na velocidade da luz...
BH: Muito obrigado pelas palavras! O NorthTale agora é meu foco principal. Eu espero que possamos ocupar a minha agenda inteira! 


4 - Eu escrevo, resenho discos, entrevisto, desenho, leio, dou aulas para iniciantes de violão e guitarra e ainda tenho que achar tempo para cozinhar haha...
Mas quando vejo músicos como você, Mike Portnoy e Jorn Lande, fico pensando : minha vida está moleza, eles viajam o mundo e ainda conseguem lembrar das 300 músicas que tocam...
Além do amor à música, quais outros fatores são essenciais para que você permaneça criando novos projetos?Sei que muitos músicos gostam de se reinventar mas isso é somente um dos pontos, correto?
BH: No meu caso, eu quero me manter trabalhando. Eu vivo disso, e é exatamente como eu queria que minha vida fosse quando eu era mais novo.

Então eu vejo as dificuldades como o tempo viajando, as musicas pra aprender etc... apenas como uma parte mais chata do meu trabalho haha!

Mas pra ser bem honesto eu gosto do processo de aprender musicas. Gosto de tentar ouvir as nuances, a forma de palhetar do guitarrista original, etc.




5 - "Siren's Fall", "Shape Your Reality" e "Follow Me" são as minhas faixas prediletas neste novo trabalho, elas carregam uma energia incrível (em todo o álbum posso sentir isso), mas nelas enxergo elementos que compõem muito do que entendo como melodia no metal...  Tenho que ver um disco instrumental seu ou então uma criação "em duelo" como o Cacophony, o que me diz?Agora sou eu arrumando um novo projeto para você, hahaha...
BH: Como eu disse anteriormente, essa banda veio de fato de uma ideia pro disco instrumental, haha! Shape Your Reality era uma das musicas! Penso muito ainda na ideia do disco instrumental... tenho essa ideia desde que eu tinha 15 anos. Já comecei e parei algumas vezes... quem sabe um dia? 


6 - Quando ouvi "Time to Rise", por algum motivo "Tornado of Souls" do Megadeth me veio à mente (claro, são canções completamente diferentes), mas a sua dinâmica durante a "intro" com os riffs e viradas me lembrou a "ponte" que leva ao solo brilhante de "Marty Friedman"... aliás, seu solo nessa música é um dos melhores que ouvi em 2019.
Alguns músicos ficam se policiando para não soarem como algo já criado, mas é impossível não ter algo assim, é como ter "guitarras gêmeas" e não querer soar como "Maiden" ou "Judas"...  Como funciona o seu processo de criação?prefere deixar sua mente livre?
BH: Eu também penso em Tornado of Souls quando ouço aquela parte da música haha! Pra falar a verdade, ficar me policiando pra não soar como os outros é exatamente o motivo de eu nunca ter tido um projeto próprio. Mas a verdade é que nossos ídolos também “roubaram” coisas das bandas da geração anterior a eles.

No fim da história, pra esse disco, eu compus coisas que eu gostaria de ter ouvido se outra banda fizesse!


7 - Falando sobre vocais, você trabalha (e trabalhou) com vários tipos (por exemplo, falando novamente do "NorthTale", vejo uma mescla de nuances do Jeff Scott Soto, Tobias Sammet e até algo de Dragonforce atual), aliás, parabéns pela escolha de Christian Eriksson...
Existe muita dificuldade entre tocar para o U.D.O., Doro ou neste projeto atual em termos de vozes?
BH: Veja, em qualquer outro projeto seja U.D.O, I Am Morbid, Doro, o que for... meu trabalho é fazer o vocalista soar bem. A forma que ele ou ela cantam não tem impacto no que tenho que fazer.

No caso do Christian, eu o escolhi justamente porque ele tinha a voz que eu queria ouvir. Sou próximo e já trabalhei com os melhores vocalistas do mundo: Russell Allen, Jeff Scott Soto, Zak Stevens... mas nenhum deles tinha o tipo de voz específico para as músicas que eu tinha em mente, embora sejam tecnicamente inalcançáveis.

Pra resumir, Christian tem a voz que eu ouço na minha cabeça quando componho as musicas. 


8 - Você teve uma experiência incrível no Wacken Open Air de 2015 e poucas são as bandas brasileiras que conseguem chegar por lá... como foi estar diante de um público tão grande e fazendo o que mais ama?
BH: Na verdade eu já toquei no Wacken duas vezes, em 2012 e 2015. Mas 2015 foi especial porque era o esperado retorno do Savatage, bem como meu primeiro show na família Trans-Siberian Orchestra.

Foram seis semanas de ensaios para um show nos dois palcos simultaneamente! Tocamos para 90 mil pessoas e é uma experiência que nunca vou esquecer. 


9 - O streaming é uma ferramenta incrível que nos proporciona algumas façanhas (por exemplo, nos últimos meses entrevistei bandas de Metal do Chipre, Nepal, Hungria, Eslováquia... países que não são tão famosos para o grande público), mas em contra partida, os CDs e DVDs estão ficando nas prateleiras (eu sou colecionador, prezo por encarte)...
Pelo cenário que você enxerga daí, acredita que existirá um retorno financeiro satisfatório em meio as mídias digitais como foi há alguns anos com os materiais físicos?As bandas poderão viver de streaming?
BH: Na minha opinião a mídia física já virou coisa de colecionador há muito tempo. Fora do mundo rock/metal, basicamente não existe mais.

Eu acredito que o streaming não é o melhor arranjo para o artista, principalmente para os que tem gravadora. Porém, é a atual realidade do mercado e temos que lidar com isso.

Também ajuda os artistas a levarem a música deles para muito mais gente, já que está lá disponível em todo smartphone do planeta.


10 - Finalizando, gostaria de deixar algum recado final? agradeço demais pelo tempo cedido...
BH: Muito obrigado pelo espaço e pelas ótimas palavras sobre o disco!
Fico muito feliz que tenha gostado!

Siga a página oficial de Bill Hudson :
https://www.facebook.com/billhudsongtr/



Deixo aqui o meu muito obrigado ao sempre competente Marcos Franke (Nuclear Blast) pela oportunidade e empenho para que a entrevista fosse realizada.

ROCK VIBRATIONS NO FACEBOOK!

VISITAS

MAIS LIDAS DA SEMANA!