Logotipo da clássica banda Panzer |
Autor da entrevista : Vinny Hetfield
Edição : Vinny Hetfield
Edição : Vinny Hetfield
Em mais um papo que trago aqui, entrevistei o músico Edson Graseffi da banda Panzer, que dentre os assuntos, falou um pouco sobre pensamentos da cena, banda e sua discografia.
Confiram abaixo :
1 - Vamos começar da seguinte forma, por favor, fale um pouco da banda...
R: O Panzer nasceu em 1991, fruto do sonho do meu sonho e do meu irmão em termos uma banda de Metal que tivesse reconhecimento no cenário da época. 3 anos depois conhecemos o André e a formação durou assim até nos tornarmos um quarteto em 1997. Dai pra frente foram muitas formações diferentes e durante esse processo construímos a nossa sonoridade.
São 26 anos de história e de Metal.
2 - Em qual estilo vocês se intitulam?
R: Somos uma banda de Metal e Stoner.
Não dá para enquadrar nossa música em um só estilo.
Fomos a primeira banda do Brasil a misturar Metal com o estilo que hoje chamam de Stoner Rock.
Isso faz do nosso som algo sem rótulos.
Fomos a primeira banda do Brasil a misturar Metal com o estilo que hoje chamam de Stoner Rock.
Isso faz do nosso som algo sem rótulos.
3 - De quem foi a ideia do nome do grupo e o que ele significa para você?
R: Quem deu o nome a banda foi meu irmão Paulo (o primeiro vocalista e baixista do Panzer).
Esse nome significa pra mim 25 anos lutando e batalhando por uma banda e para colocá-la no cenário. O significado da palavra Panzer em si para mim não é tão relevante quanto o que esse nome como banda representou e impactou nossas vidas até hoje.
4 - O que acha sobre a atual cena brasileira no Rock/Metal e o espaço dado para tantas bandas competentes?
R: Realmente temos bandas maravilhosas, porém a cena está estagnada, como vários setores da sociedade estão.
Estamos debaixo de uma tempestade de informação nas redes sociais, e isso fez a música em si perder o valor que tinha nas décadas anteriores.
A cena do Brasil sofre muito com isso e diminui drasticamente a cada dia.
Nas décadas anteriores víamos grandes festivais independentes, a cena underground era viva e os shows levavam muitas pessoas.
Hoje isso tudo está morto ou morrendo.
Infelizmente as novas gerações vêem eventos com 30 pessoas e consideram isso normal porque já conheceram a cena assim.
Quando alguém fala que a cena está morta, sempre há alguém que levanta o nome das mesmas 3 ou 4 bandas maiores.
Isso passa a fazer todo mundo criar uma idéia ilusória de que a coisa ainda é como era.
Isto infelizmente não é cena, quem viu como a coisa lá fora acontece, entende como isso tudo aqui está terrivelmente pobre.
5 - Quais são as influências da banda?
R: Toda música pesada feita nas décadas de 80 e 90,
a base de nossa música está enraizada nisso.
Panzer em divulgação |
6 - Indique 3 discos essências de Rock ou Metal para nossos leitores...
R: Judas Priest- Screaming for Vengeance
Motörhead - No sleep till' Hammersmith
Corrosion of Conformity - Deliverance
Corrosion of Conformity - Deliverance
7 - Como descrever um show do Panzer?
R: Sempre fomos uma banda de palco, gostamos da vibração da galera, de viajar e tocar, conhecer as pessoas. Isso se reflete em nossa música, tentamos soar o mais natural possível, sem efeitos e artimanhas de palco. E tocamos bem alto...
8 - Como é o contato da banda com seu público?
R: Sempre fomos uma banda de fácil acesso, gostamos do contato com as pessoas que valorizam nossa musica e todo nosso trabalho.
Somos uma banda de palco, que gosta do contato com a galera.
9 - Qual foi o seu primeiro disco de Rock/Metal?
R: Jode...uma banda de hippies dos anos 70, de um LP só...tenho ele até hoje.
10 - Como é para você fazer parte de uma cena tão unida como a do Metal?
R: A cena do Metal infelizmente não é unida no Brasil.
Quando o Carlos Lopes do Dorsal Atlântica disse isso décadas atrás, já previa a merda toda que estava por vir. O publico não é unido, as bandas não são unidas e competem entre si, as casas noturnas só tem dado espaço para cover.
De uns anos pra cá começou se a chamar o Metal feito aqui de "Metal Nacional", "Metal autoral", isso só tornou a divisão ainda maior.
De uns anos pra cá começou se a chamar o Metal feito aqui de "Metal Nacional", "Metal autoral", isso só tornou a divisão ainda maior.
Eu vejo que cada vez que se cita uma banda como "som nacional", já está se jogando o Metal Brasileiro no gueto... Porque? Porque existe uma mentalidade por parte de boa parcela do público que só quer ver cover tocando. O cover tem valor apenas...
Então não existe união nem nesse sentido.
Então não existe união nem nesse sentido.
Infelizmente isso é o retrato da nossa “cena”.
Já viajamos para outros países tocando e a realidade é muito diferente... as pessoas valorizam suas bandas e tem orgulho de assistir as bandas do seu pais. Estamos na estrada faz 26 anos e vimos muita merda acontecer para ter certeza que união aqui não existe e nunca vai existir.
Veteranos na cena, praticam o chamado Stoner/Metal |
11 - Como é o processo de composição da banda?
R: Normalmente tudo vem dos riffs de guitarra que o André traz prontos para o ensaio, muitas vezes músicas que ele também traz prontas. Normalmente nós acertamos alguns detalhes, passagens, e adequamos para o vocal se encaixar.
O processo de composição do Panzer é muito simples e sem truques e esquemas mirabolantes.
Sempre primamos em fazer a música pela música da forma mais honesta e verdadeira possível.
Sempre primamos em fazer a música pela música da forma mais honesta e verdadeira possível.
12 - Nos fale em poucas palavras o que signifca cada um dos álbuns que compõem a discografia de vocês...
R: Electric Tribes: Primeira aparição do Panzer em CD. Estamos falando de 1996. O Panzer ainda era um trio e soava muito diferente de hoje. O som era cheio de referências ao Rock Progressivo, influência forte trazida pelo meu irmão que era vocalista e baixista e compunha muito na época.
Inside: Primeiro disco da banda, tudo estava engatinhando ali, desde nosso trabalho e composição até os processos de gravação da época.
Um disco rustico e já trazendo a “vibe do stoner”.
Um disco rustico e já trazendo a “vibe do stoner”.
The Strongest: Trabalhamos por quase 2 anos na composição e gravação daquele álbum.
Foi o disco que estabeleceu nosso nome na cena e é considerado um clássico do Metal Brasileiro por vários sites.
Foi o disco que estabeleceu nosso nome na cena e é considerado um clássico do Metal Brasileiro por vários sites.
Brazilian Threat: EP gravado ao vivo, cheio de sujeira e vibe ao vivo , como um disco de Rock pesado dos anos 70. Usamos um processo de gravação ao vivo e gosto muito daquela sonoridade.
Honor: Um disco que foge do Panzer como ele é, os novos membros na época influenciaram bastante na composição do álbum. Foi uma fase de sonoridade mais extrema que a banda não voltará mais a fazer.
Louder Day After Day: O disco ao vivo que acompanha o DVD. Ótima produção e mix, a banda soando verdadeira como foi ao vivo. Apesar de ter sido colocado na listagem dos melhores DVDs daquele ano, eu definitivamente não gosto de como o Panzer soa ali, nem de como a banda se porta ao vivo. Foi o fim do ciclo da fase mais extrema da banda e esse tipo de sonoridade e postura não me agrada.
Resistance: O Panzer voltando a soar como Panzer. Um novo vocalista e letras que trazem o Panzer de volta a suas raízes. Gosto muito do disco por completo, principalmente do som da bateria que é muito verdadeiro e orgânico.
Arte do último álbum lançado pelo grupo |
13 - O Panzer tem mais de 20 anos de carreira... Como é a sensação de se manter a tanto tempo na cena Metal?
R: Na verdade estamos completando 26 anos de carreira. Muitos altos e baixos, bons lançamentos e shows memoráveis. Essa trajetória de tanto tempo para mim em particular me traz a certeza que criamos algo inovador dentro do cenário brasileiro, construímos um nome forte e que tem o respeito da galera. Sinto que hoje as coisas poderiam ser melhores em termos de shows mas esse é um problema que não atinge só o Panzer e sim uma fase complicada que o pais atravessa.
14 - A ideia de lançarem videoclipes em pouco espaço de tempo foi uma boa sacada, mas o retorno foi o esperado?
R: Queríamos mostrar o disco de uma forma mais abrangente e a melhor forma de fazer isso é com vídeos.
A resposta foi bacana e ganhamos novos fãs com isso.
15 - Metal Brasileiro é?...
R: Desunido...
16 - O que mais desagrada a banda?
R: Vou falar por mim e não pela banda. Particularmente muitas coisas me desagradam, mas prefiro focar minha energia em outras coisas.
Tentar olhar pra frente e ver possibilidades abertas unicamente por mim.
17 - Poderia dar alguma dica para quem está iniciando ou quer entrar para a cena Metal?
R: Pense bem antes de fazer isso...(risos).
18 - Qual seria a maior dificuldade da banda atualmente?R: Não temos dificuldades, sabemos onde pisamos e como devemos agir. Caminhamos da forma mais natural possível, sem prejudicar ninguém.
19 - Qual seria o maior desejo da banda?
R: Tocar mais da forma como vimos as bandas tocando fora do Brasil e ver uma cena brasileira diferente...
Com 26 anos de carreira, o grupo passou por mudanças, mas se manteve forte até os dias atuais |
20 - Para finalizar, o espaço é seu, deixem uma mensagem para seus fãs e nossos leitores
R: Obrigado a todos que sempre apoiaram o trabalho da banda até aqui
Gostaria de agradecer pela oportunidade de ter entrevistado um dos músicos mais competentes da cena e ativo há tanto tempo, representando bem o nosso Brasil e paixão pelo Rock/Metal.
Valeu Panzer!!!