Rock Vibrations Entrevista : Marina La Torraca

Photo by Christian Barz

Há algum tempo tive o prazer de conhecer a bela, simpática, talentosa e brincalhona Marina La Torraca, e claro, muito me interessa seu trabalho, então, porque não falar com a mesma?!

Os fãs de Metal obviamente sabem que Marina possui uma grande participação no projeto Exit Eden, outros também acompanham a sua ótima banda Phantom Elite (que logo estará com novo material), mas e as curiosidades?elas sempre são bem vindas, não é mesmo?! Abordamos alguns fatos bem legais dentro da nossa descontraída conversa e você pode conferir logo abaixo :

1 - Vou tentar começar com uma analogia :
Você é atriz, se formou em arquitetura, canta muito bem, é compositora, participou de vários projetos e é uma das maiores representantes do Brasil em Symphonic Metal...
Tenho 29 anos (desde os 16 sou músico), tive outras tarefas paralelas, porém, a música sempre me "prendeu", fui do contrabaixo para o violão, depois violoncelo e por fim guitarra (e a bateria me espera haha) e hoje me dedico a ser redator e quando posso, dou aulas para iniciantes de violão e guitarra.
Sua história não é muito diferente pelo o que vejo, teve funções diferentes mas a música também lhe "prendeu" e mostrou que poderia fluir em suas veias o tal "espírito do Metal".
No início de tudo, quais eram os planos de carreira da Marina adolescente?na música, imaginava se tornar uma referência mesmo na época do Crimson Regret?

(Muitos risos), olha, aos 15 anos eu tinha esse sonho/plano de iniciar uma carreria internacional no metal aos 19 anos - vai entender! 

Demorou um poooouco mais, mas até que tá no caminho certo.

Eu sempre tive um approach profissional em relação a música e queria, na verdade, estudar música também no ensino superior. Mas as oportunidades no Brasil não são vastas (especialmente na época, e especialmente fora da música clássica), principalmente quando se vem de uma família de classe bem média mesmo. 

Acabei pegando um longo "desvio" na arquitetura, mas ainda trabalho com algumas coisas relacionadas (como desgin gráfico e renderings).

2 - O Phantom Elite tem uma qualidade incrível e sei que muito está por vir nessa nova fase, sei também que você não poderá adiantar muitas novidades sobre o novo álbum mas, podemos esperar algo que surpreenda em termos de letras e melodia?(se possível, me adiante via email uma audição para review perto do lançamento, será um prazer divulgar).
Acredito que a tendência para o seu som é que as coisas fiquem mais pesadas com riffs densos, ou estou enganado?Por exemplo, o Lacuna Coil está fazendo isso nos últimos anos, além de se tornar uma tendência natural...

Acho que vc está certo em relação à direção mais pesada (risos). É sim uma tendência mais moderna e nós encontramo-nos naturalmente nessa corrente. 

Em termos de melodias, pode-se esperar bastante drama e "epicness", além de passagens bem "chiclete". 

As letras são bem pessoais, e espero que muita gente possa se relacionar. O álbum tem (desde o título) uma mensagem muito clara de luta, força e perseverança... Não posso dar mais spoilers por hora! (Muitos risos).

3 - Participar do Avantasia com certeza foi uma experiência incrível para você mas creio que não tenha falado muita coisa sobre como foi a Marina fã em meio aos seus ídolos né?haha
Como surgiu o contato para tal?(sei que foi substituir a talentosa Amanda Sommerville) mas, como estavam os nervos?surgiram aquelas técnicas de respiração das aulas de canto para se acalmar?haha

A fan girl em mim ainda não consegue acreditar que estava no palco com as meus ídolos de adolescência. Foi bem surreal e sou eternamente grata à Amanda pela oportunidade. 

Nos conhecíamos de um trabalho com a minha banda prévia e através do maridão dela, Sander Gommans (que estava iniciando o Phantom Elite comigo naquela época). Ela me ligou BEM em cima da hora (acho que tive 1 ou 2 semanas para aprender um set de 3h, (risos). E eu fiquei super gripada antes do primeiro show em Munique, então eu estava MUITO nervosa mesmo! 

Não aguento nem ver os vídeos no YouTube (muitos risos).

4 - O meu primeiro contato com a sua carreira foi pelo incrível projeto Exit Eden, me lembro que fiquei sabendo sobre algumas informações mas não fazia idéia de quem estava envolvida, até ficar impressionado com o line-up.
Minha redatora Anne Angels também é vocalista (teve cover de Evanescence como você e mais recentemente de Within Temptation) e é muito fã do que vocês fazem.
Participar de um projeto dessa magnitude lhe trouxe os frutos que pretendia?acredito que muitos tiveram uma ótima percepção do que fizeram, mas em uma visão pessoal, o quanto isso te ajudou profissionalmente?
Na questão evolutiva da voz, você buscou novas "regiões"?

Que bacana! Assim como o Avantasia, o Exit Eden foi uma bela oportunidade de crescer profissionalmente. Esse projeto abriu, teve (e ainda tem) bastante exposição, o que é o maior retorno a longo prazo para um artista. 

A gente tem que sempre continuar em movimento, mesmo porque tem MUITA gente fazendo MUITA coisa. Mas até pra pra continuar crescendo, é muito importante ter um pontapé inicial. E mesmo com um pontapé inicial de sucesso como o primeiro álbum do Exit Eden, a batalha é dura e contínua! (Risos).

5 - Ainda sobre Exit Eden, muitos podem ter feito essa pergunta (ou talvez não?!) mas acho interessante algumas questões pessoais que envolvem amizades que a música proporciona...
Gostaria de saber um pouco sobre a sua convivência com as outras meninas, como é a personalidade de ambas e o quanto são envolvidas no projeto?
É tudo tão bem acertado que parecem ser feitas para estarem juntas...

O Exit Eden é um produto incrível e de altíssima qualidade, todas tem seu lugar ao sol e é tudo muito bem coordenado. 

Todas as decisões musicais foram feitas pelos produtores (de altíssimo nível, que também estão por trás de muitas bandas do momento), mas nós 4 participamos das decisões visuais, escolha do nome, etc. 

Nós nos damos muito bem! Como disse, a Amanda eu já conhecia anteriormente (ela é uma amigona hoje em dia), e a Anna e a Clemetine foram uma ótima surpresa.

As personalidades também se complementam estranhamente muito bem (apesar de eu e a Amanda sermos mais parecidas do que complementares) (risos).

Phantom Elite
Photo by Maarten Schenk

6 - Fique tranquila que não irei perguntar sobre um novo álbum do Exit Eden (mentira, mas você já deve ter suspeitado desde o princípio, não é? Haha)

Sei que não existem muitas informações mas, sabemos que a Amanda estava selecionando novas canções...
Além dela, vocês também opinam sobre essas escolhas?afinal, apesar do talento invejável envolvido de ambas, não deve ser fácil encaixar vozes tão distintas para uma única melodia (ou que casem em linhas gerais)...

Sim, todas nós temos o mesmo "poder" na escolha das músicas, tudo depende da pro-atividade em cada uma (risos). A escolha final musical é dos produtores. 

Aliás, por falar em escolha final, o futuro do Exit Eden está totalmente nas mãos das gravadoras e pessoas envolvidas no âmbito corporativo da coisa. Vamos ver se as decisões tomadas resultarão nessa continuidade que os fãs tanto esperam.

7 - Você é muito bem humorada, simpática e certa vez vi falar que é fã de chaves e chapolin (por isso fiz a referência acima)... para mim é uma terapia brincar com as duas redatoras que tenho com as piadas clássicas das séries, mas para você que mora na Europa deve ser um pouco tentador conseguir, né?haha
Pergunto isso pois o humor precisa estar sempre para cima quando se precisa ter idéias para novas composições, novos arranjos...
Isso tudo reflete no seu trabalho, não é mesmo?

Muito obrigada! (Muitos risos), sim, brasileiros da minha/nossa geração hão de ser fãs de Chaves. 

Eu às vezes tenho que traduzir as piadas, explicar pros gringos, só pra poder citar de vez em quando! (Muitos risos), alguns entendem...

Incrivelmente, meu trabalho no Metal é bem dark e nada bem humorado, (risos). Mas eu sou. 

Odeio me levar muito a sério. Exatamente por isso que na redes sociais sempre faço memes de mim mesma, posto fotos sem maquiagem e faço lives com cara de sono. 

Acho que o mundo não precisa de mais pessoas "perfeitas" (opa, fica a dica pra uma música no novo álbum do Phantom Elite).

8 - Falando sobre público, imagino que seja demais para você observar bandeiras do Brasil em shows, mas, o que pode me dizer sobre o público estrangeiro?o brasileiro é sempre mais eufórico de fato, mas no resto do mundo você sente uma vibe parecida?

(Inclusive, tenho descendência alemã e alguns parentes por aí, e duas primas alemãs que já viram shows seus amaram).

Eu vi muitas bandeiras brasileiras no Wacken em 2018! Incrível, gente! Emocionante.

Cada país tem uma vibe diferente, é bem engraçado. Os alemães curtem bastante, mas são mais na deles. 

Os holandeses são mais "tough audience" e não é qualquer banda que os agrada, (risos), mas nós (também por sermos locais) temos um certo público holandês fiel. 

Os ingleses fazem bastante festa, mas acho que nada se compara ao Brasil e, sorry, Argentina. 

Não vejo a hora de poder tocar por aí (novamente) e em mais países! 

9 - Para terminarmos, me fale 3 álbuns que moldaram a sua vida musical e porque?

Com certeza os primeiros ábums do Maiden que eu tive, primeira banda que me iniciou no metal. 

Com certeza "Holy Land" do Angra, por ter me inspirado gigantescamente, e com certeaza "Fallen" do Evanescence, por ter rompido com toda a cena mais clássica da "female fronted metal". 

Eles foram a primeira banda de metal com vocal feminino da qual me tornei fã!

10 - Obrigado pela atenção e gentileza, daqui uns meses espero falar contigo novamente...
Gostaria de deixar algum recado final?

Opa, beleza! Gostaria de, como sempre, agradecer a todos os leitores pelo carinho e apoio. Parece cliché, mas importa muito! 

E fiquem ligados nos meus canais pro lançamento do novo álbum do Phantom Elite! 

Um abraço a todos, e até mais.

Exit Eden e sua icônica arte do debut Rhapsodies In black

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