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sábado, 18 de julho de 2020

Rock Vibrations Entrevista : Glauber Barreto (Válvera)


Poder entrevistar certas bandas que fazem parte da sua playlist diária é algo muito bacana e recompensador, ainda mais quando você tem a oportunidade de ter amizade com alguns dos músicos que as fazem ser nomes de qualidade.

Abaixo, você verá um bate papo muito bacana que eu (Vinny) tive com um dos caras mais bacanas do cenário Metal do Brasil, Glauber Barreto (vocalista/guitarrista) do Válvera, que está perto de lançar o seu novo álbum.

O músico respondeu a questões que considero pertinentes e claro, algumas curiosidades também foram abordadas, mas no geral, opiniões sinceras e relevantes.


1 - Antes de iniciarmos, gostaria de saber como estão em meio a pandemia... O que vocês vem fazendo para amenizar a situação de distanciamento? Atrapalhou muita coisa essa reclusão de quase 4 meses?
Cara, a pandemia ferrou muito, tivemos que nos reinventar, se adaptar rapidamente a uma nova realidade pra continuar o trabalho.

Primeiramente que os ensaios com banda não existem mais, afinal cada um de nós está em um lugar.
Eu e o Rodrigo voltamos pro interior de SP, estamos com nossas famílias, afinal os shows caíram e pagar aluguel ficou impossível. Mesmo eu que trabalhava como freelancer em designer, fiquei sem trabalhos.

O Leandro está no Rio De Janeiro, as aulas de bateria que ele dava também caíram e o Gabriel também foi pro interior. Então o contato, as brejas, os ensaios, tudo ficou parado. Tocamos em casa, e isso não prepara ninguém para um show. Afinal jogo é jogo e treino é treino. Vai um tempo até voltar aquela pegada insana que nosso corpo tava acostumado.

Tecnicamente estamos todos bem, mas um show só de técnica e sem pegada é brocha demais, então não vemos a hora de voltar destruindo tudo e nos doando como loucos alucinados no palco, mas sem de fato ter um infarto durante a apresentação (muitos risos).

Teríamos uma tour enorme pela América do sul, teríamos um show com o Queensryche em agosto, teríamos festivais pelo Brasil. Tudo caiu. Pra uma banda que vivia na estrada, ficar tanto tempo sem tocar é praticamente um pesadelo.

Fizemos toda a mixagem e masterização a longa distância. Fizemos todas as reuniões e planejamentos do lançamento do álbum novo pela internet. Fechamos com o selo Brutal Records pela internet. Estamos tendo que aprender ser mais digitais do que físicos. De certa forma, nos fez trabalhar um lado que não era nosso forte.

Estamos editando vídeos, fazendo montagens, como eu disse, estamos aprendendo a nos virar com o que tem. Não podemos esperar a pandemia acabar pra pensar na banda, temos que estar o tempo todo focados e trabalhando, fazendo network, lançando material, mostrando que estamos aqui.

Em termos de saúde, tirando o estresse, ansiedade, as protuberâncias abdominais que estão surgindo devido as brejas e comida, estamos ótimos (risos).


2 - "Glow of Death" é um single extremamente técnico e pesado, possui tantos bons elementos que fico sem saber o que dizer exatamente sobre sua qualidade.
O que pode nos dizer sobre sua concepção? ela pode servir de parâmetro para quem ainda não ouviu o álbum? (digo isso pois como sabe, já tive acesso há algumas semanas).
Nós sempre ficamos livres pra criar, a gente sabe manter o sangue do Válvera, mas sempre buscando novas fórmulas e sonoridades.

A Glow of Death é uma música mais Groove, o riff inicial seria uma porrada thrash, mas quando colocamos dessa forma, mais cadenciado, soou como uma locomotiva descontrolada vindo atropelar sua cabeça.

Se alguém tentar nos definir, é melhor nos definir como banda de Metal, porque a gente sempre vai estar usando elementos e fazendo as músicas como achamos que devem soar, afinal, criar cheio de amarras não é nosso jeito.

Eu vim pra música, pro Rock, pra não seguir regras, se fosse pra seguir regras eu ia pra Igreja.

Nesse álbum existem várias músicas pisando em territórios novos. Tem gente que fala, “não tem nada de novo no som”, cara, isso é um puta pé no saco.
A galera ficou tão chata, que elas não procuram mais as diferenças, mas sim as coisas que parecem.

O cara ouve o som como um professor corrigindo prova do aluno, procurando falhas.

Pensa comigo, Iron Maiden usa elementos do Judas Priest desde sempre, e várias de suas músicas tem a levada igual do Heart – Barracuda.

Metallica usou muito de Misfits e Diamond Head.

O próprio Queen, a mídia da época os comparava a Led e etc. Cara, ninguém precisa inventar a roda, ninguém deixaria de comprar uma Ferarri só porque ela tem rodas, motor e coisas semelhantes ao primeiro veículo do mundo que foi o Patent-Motorwagen, criado em 1886.

Se você olhar as novidades que tem em um som, vai achar elas na construção, na abordagem, nas letras, no jeito de cantar, nas melodias, nas convenções, nas misturas... Quem cria não precisa se preocupar tanto, afinal sempre será julgado, a gente só precisa se preocupar de fazer algo que signifique pra gente, seja real, a gente goste.

Afinal gente chata tem em todo lugar e as vezes você só fica procurando o pote de ouro no fim do arco íris, que nunca vai achar.

Mas voltando ao tema, a Glow é uma música que mostra a evolução do Válvera. Nosso som é a Extinção do primeiro álbum, é a The Traveller e Demons of War do segundo, é a Glow do terceiro. Nós somos metal, amanhã podemos vir com um Death Groove Thrash Melódico, e a única preocupação é estar legal, a gente se divertir e acreditar naquilo, pra poder levar ao ouvinte e saber que ele vai acreditar naquilo também.

A gente pode prometer uma coisa, sempre estaremos melhores. E com certeza o próximo álbum será ainda melhor que o terceiro. E acredite, o terceiro tá foda!


3 - Falando sobre o álbum, "Cycle Of Disaster" é incrível e o tenho como uma evolução notória, suas nuances do Thrash Metal se misturam ao Death e momentos cadenciados fazem toda a diferença com as melodias escolhidas.
Quanto tempo foi preciso para que chegassem a essa qualidade absurda? como o álbum já está pronto, vocês já conseguem encontrar a sua faixa predileta?
A ida pra Europa abriu nossa mente, a estrada abriu nossa mente, viver tocando e dedicados a musica fez a gente pensar diferente.

Nós não queremos ser uma banda pra mostrar nas músicas que somos músicos foda, nós queremos ser músicos e fazer música foda. Acho chato pra caralho quem faz música querendo mostrar tudo que sabe, parecer um workshop, o cara não faz o que a música pede, ele faz o que o ego dele quer mostrar.

Eu não ligo de as vezes parecer simplista, na verdade a gente até procura isso. Apesar de que esse álbum tem umas viagens alucinantes nos instrumentos (risos).
Mas nada que você precise de faculdade de música pra reproduzir. Tem que ser divertido!!!

Nós temos tocado com muitas bandas, Andralls, Venomous, Baranga, Mattilha, Sioux, Maquinarios, Laboratori e tantas outras, de vários estilos, e elas também nos influenciam. Todo mundo tem qualidades e a gente tem várias ideias ouvindo e vivendo coisas novas. Todos aqui na banda escutam vários estilos de música.

Esse álbum ele meio que saiu naturalmente, porque a nossa cabeça está nessa vibe agora. A mente guia onde os dedos vão, se você souber ouvir a alma.
A gente se divertiu demais criando esse álbum, estudando os temas, gravando. Foi a primeira vez que usamos afinações em B Standart além das em Eb que já usávamos.

E sobre a produção, nas guitarras usamos Gibson e Fender, Mesa Boogie e Marshall, patadas de urso e gritos de demônio no vocal, porradaria de gigante na batera, baixos trabalhados e mix e master fenomenais do Rogério Wecko, o cara é um monstro e sabe fazer as coisas soarem bem.

O Dual Noise é um dos melhores estúdios de São Paulo e eu indico demais as bandas gravarem lá.
Agora escolher uma música, eu juro, não consigo, deixa pra galera decidir isso. Amo por igual todos os filhos (risos).


4 - Essa mescla entre o lado mais extremo e o Thrash característico da banda foi muito bem pensada, mas quais foram as principais intenções com essa nova versão do Válvera? Não que tenham mudado tanto, mas vejo que um novo rumo foi dado e a evolução é notória.
Não podemos viver estagnado, a gente precisa soar como uma banda de 2020. O Heavy tradicional, o thrash tradicional... Tudo existe da época dos meus avôs. Eu acho extremamente legal misturar um pouco de tudo.

Eu mesmo adoro o Judas Priest, que tem álbuns como o Turbo Lover e o Painkiller, ou o Metallica, que tem Kill ‘Em All, ...And Justice For All e Reload.

Acho extremamente válido não ser uma banda que soa igual o tempo todo. Se não gostar de algo, existe sempre o botão pra pular a faixa, se gostar, pode repetir.

Nós não queremos ser conhecidos como uma banda old school, nós somos uma banda mirando o futuro, sem esquecer as raízes.

Mesclar gêneros dentro do rock/metal é uma coisa que fazemos sempre. Afinal a gente escuta desde AC/DC, Aerosmith até Gojira e Death.
Quem ama o metal, ama o metal e ponto final.




5 - Um outro ponto que acho interessante comentar é a arte muito bem produzida por Marcelo Vasco...
Vocês tiveram muitas idéias para chegarem ao conceito final?deram muitos palpites ou foi algo mais natural?
O Marcelo já trabalha com a gente desde o Back To Hell. O cara faz artes incríveis, é um gênio.

Quando vi a capa de Repentless do Slayer, eu surtei. Eu sou fã dos caras, e ver aquela arte do Marcello, eu sabia que era nosso caminho.

Nós passamos todas as ideias, conceitos, ideia de letras e cores que queríamos trabalhar. Ele demorou uma semana pra vir com essa capa do Cycle Of Disaster. Não tenho nem o que falar mais... Gênio.


6 - Pretendem fazer vídeos para promoção do álbum ou singles após o lançamento?Sei que gostam de investir no lado visual e sem dúvidas isso será um fator a ser abordado.
Eu de fato não gosto de Lyric Videos, nem animações, mas a pandemia nos obriga a sobreviver. E é melhor algo feito, do que perfeito e nunca acabado.

Então estamos fazendo Lyrics e pensando em alguma animação, mas com certeza assim que possível uns clipes foderosos estarão vindo na sequência.
Esse é nosso melhor álbum pra mim, precisa de clipes a sua altura.
Sem o lado visual não existe mais caminho. Os dois trabalham juntos.

Temos que acompanhar as coisas, aceitar a evolução, entender que não se briga com o que tá funcionando, você só faz. Hoje o vídeo, o material visual bem feito, chama o cara pra sua música. Faz parte da corrente.


7 – Com os dois singles lançados antecipadamente, já pode dizer como anda a espera da galera pelo álbum?
Ansiosos, assim como nós. Nós abrimos a loja oficial www.valvera.lojavirutalnuvem.com.br pra galera poder fazer a pré-compra, pois estavam nos deixando loucos (muitos risos).

Foi muito bom termos mandado pra mídia fazer o release/review antes do lançamento. Pois aumentou ainda mais a curiosidade da galera. Tivemos boas notas e recepção no mundo todo, isso foi surreal.

Já temos tantas vendas na loja que estamos pensando em aumentar a produção de tiragem.


8 – Para finalizarmos, gostaria de saber o que vocês estão preparando para os próximos meses... existe uma programação especial para o lançamento do álbum?
Existe, com certeza. Nós somos uma banda que trabalha com planos e metas. Sempre fazemos reuniões e trocamos ideias, a cabeça não para.

Temos muita coisa pra tirar do papel. Se metade delas saírem, já vai ser barulho pro ano todo.

Estamos com 10 anos de banda, lançamento de álbum novo, selo americano (Brutal Records). Tem coisa pra caralho pra se fazer. A primeira delas é uma Live de lançamento, que a gente ta analisando como, onde e quando fazer. O Resto é segredo.


9 - Obrigado pela atenção e oportunidade... podem contar conosco sempre.
Gostaria de deixar um recado final?
Eu agradeço demais pela amizade Vinny, por seu carinho e amor pelo metal. Por dar espaço pra nós, bandas, poderem mostrar nosso trabalho.
Aqui não tem estrelismo, a gente é rock and roll, queremos diversão e ficar locão, fazer amizades, cair pra estrada, viver da nossa música.

A gente quer crescer e poder abrir portas pra muita gente, fazer o que não fizeram por nós.

O Válvera não tem medo de ajudar outras bandas, passar contatos, nós não queimamos outras bandas e jamais vamos ser cuzões com a galera da mídia.
A gente veio do interior, quase sertão, fomos educados que a palavra e honra do cara vale muito.

A gente brinca, zoa, ta sempre se zoando, mas o trabalho é sério, somos pessoas que não tão brincando de ter banda.

Nossa vida é a música, é o Válvera.

Estamos nos corres faz tempo e a gente vai continuar. Podem ter certeza, vamos lutar pra levar o metal nacional pro mundo.

Apoiem as bandas que vocês gostam, não sejam conservadores, nenhuma banda nova quer tirar o trono da sua banda preferida, isso não é competição.

Vou contar um segredo absurdo, vocês podem ouvir bandas novas sem deixar de gostar das velhas, não é uma afronta ou traição. Existem muitas bandas fazendo um trabalho maravilhoso, bandas que não perdem em nada pra bandas gringas, bem aqui, no seu país.

Sigam elas nas redes sociais, curtam os vídeos no youtube e etc. Faz muita diferença esse apoio gratuito. Mostre o som pra um amigo, compartilhe.

O Válvera está em todos os lugares. Youtube, Instagram, Facebook, Twitter, tem loja e etc.
Ta perdido, entra no site que ele te leva pra todo lugar www.valvera.com.br

Sem público e mídia as bandas não conseguem sozinhas.

Valeu pela entrevista meu amigo e borá lá meter metal!


Confira o review de "Cycle Of Disaster" aqui


Link :
https://www.facebook.com/bandavalvera/

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