Poder entrevistar inúmeras bandas é uma tarefa muito bacana e proveitosa no meu ponto de vista, até porque, acabo aprendendo um pouco mais sobre os envolvidos e também posso aprender sempre mais com as experiências.
O Laboratori é o tipo de banda que sempre teve ótimos comentários pela cena underground, muitas vezes vi várias pessoas elogiando as performances que os mesmos estavam fazendo e o quanto mereciam mais reconhecimento.
Abaixo, você pode conferir o papo que tive com o Jean Forrer, um cara extremamente gente fina e que se dedica ao máximo em seu kit com precisão e técnica suficientes para espancar a caixa e pratos como ninguém... falamos sobre o momento atual, os planos futuros e mais algumas curiosidades.
1 - Vocês tiveram algumas mudanças há alguns meses e coisas precisaram ser pensadas para uma nova estruturação... Como andam os tempos atuais?
Passado toda a turbulência do final de 2019 e início deste ano, conseguimos encontrar uma formação excelente e estamos evoluindo. Tanto o Chuva de Riff quanto o Mounir Sobh agregaram demais e, mesmo com a pandemia, estamos desenvolvendo um bom trabalho juntos, com músicas novas, clipes, criamos a nossa loja online, fizemos duas lives, enfim, estamos evoluindo.
2 - O Laboratori é uma das bandas mais significativas que já vi em nosso cenário underground, seja pela técnica ou composição, conseguem sempre surpreender e entregar ótimos materiais.
Como está sendo a quarentena para vocês e o que de melhor estão tirando dessa fase atual?
Muito obrigado pelas palavras e consideração com nóis! Foda, mesmo!
A gente não é de ficar se lamentando. No início da quarentena nós conversamos e reorganizamos os planos para este ano. Prorrogamos o EP para dezembro e decidimos lançar as músicas separadamente ao longo do segundo semestre, investindo em videoclipes.
A primeira música que lançamos foi “Boca de Guerra”, recentemente saiu a “Fechei com os meus irmãos”, no final de outubro tem o terceiro single, “Colombina” e em dezembro a “Nóis por Nóis” conclui o EP.
Além disso, tivemos a oportunidade de fazer duas lives nesse período e estamos vendo a possibilidade de realizar mais uma no fim do ano. Mesmo com toda a dificuldade que os artistas (de forma geral) estão enfrentando, estamos conseguindo evoluir a nossa caminhada de alguma forma. E já começamos a pensar no início de 2021 e em quais serão os próximos passos.
3 - Uma outra coisa que preciso ressaltar é a forma como vocês lidam com os fãs, sempre claros, objetivos e acessíveis, respeitando o espaço e se dedicando cada vez mais para que também mereçam o respeito, o que é de se admirar e aplaudir.
Esse contato, conversa franca, sempre foi um dos diferenciais, certo? acredita que isso também faz com que suas canções possam refletir de uma forma mais realista, humanitária digamos, por terem suas influências tão próximas de vocês?
É muito valioso ter pessoas que se interessam e se envolvem com o nosso trabalho e só temos a agradecer. Estamos aí, fazendo o nosso corre, divulgando nosso trabalho, e quem quiser chegar pra trocar uma ideia é só encostar, mandar um salve... somos muito gratos a todos que apoiam o Laboratori e faço questão de responder uma por uma todas as mensagens e comentários que recebemos. E de forma geral, nossas músicas contam um pouco das nossas experiências, de situações que vivemos no cotidiano e acredito que muitas pessoas passam por circunstâncias parecidas e acabam se identificando.
Laboratori é uma trilha sonora pra quem tá no corre do dia a dia.
4 - "Boca de Guerra" tem ótima dinâmica e é outra daquelas canções certeiras da banda...
Nos fale um pouco sobre ela e como tem sido a repercussão? inclusive, um playthrough bem bacana foi divulgado, não é mesmo?!
Boca de Guerra foi o primeiro trabalho com a nova formação e foi muito bem recebido, com muita gente elogiando os integrantes que chegaram, e também foi uma ótima oportunidade para expandir nosso trabalho para um novo público.
A música fala sobre aprender com os erros, a necessidade de identificar quem são as pessoas que te apoiam e, ao mesmo tempo, se afastar de falsas amizades e de gente que só quer “atrasar o lado“. Aos poucos estamos lançando os playthroughs de todas as músicas, para aqueles que se interessam em ver mais detalhadamente como são tocados as partes de cada som.
Quanto ao clipe, sou um fã declarado do trabalho do Rafael Rossener e gostei muito do resultado final. Acredito que sintetiza muito bem o momento que passamos e no qual foi feito, com cenas dentro de uma casa, também em um quintal, simbolizando bem esse período em que ficamos recolhidos e sem contato social. Essa foi a primeira vez que não gravamos um clipe com todos juntos.
Uma das coisas mais legais é a forma como vocês compõem suas faixas, dando uma veracidade aos fatos conforme o ouvinte tem contato, além de poder mostrar que a parceria entre vocês é coesa. No novo single “Fechei com os meus irmãos” é bem ressaltado o lado da amizade e da verdade, então, como foi poder produzir uma canção dessa forma?
A gente tenta expressar nas nossas músicas a realidade das situações que passamos. Como enfrentamos um período de turbulência na banda, mais do que nunca o Chili e eu precisamos nos unir pra “segurar a bronca“.
A grande maioria das pessoas só enxerga a pontinha do iceberg e não tem ideia do tamanho da dedicação que temos para dar um passo com o Laboratori.
Essa música valoriza a importância das verdadeiras amizades e a necessidade de perceber quem é que vai estar ao seu lado quando você realmente precisar, e também serve como uma forma de agradecimento a todos aqueles que acreditam no trabalho da banda.
Quem tá fechado com nóis.
Falando sobre o vídeo que acompanha o novo single, vocês conseguiram trabalhar o suficiente para chegar no resultado mais satisfatório possível? Digo no sentido de se sentirem satisfeitos ao máximo com o conteúdo e a mensagem ali apresentada?
Dentro do Laboratori sempre buscamos fazer o melhor dentro das condições que temos. O clipe todo foi gravado em apenas um dia (novamente pelo Rafael Rossener).
Pela manhã fomos ao estúdio Dual Noise e preparamos o cenário. A ideia era remeter este novo clipe ao da música “Comunicado 3“ (nov.2019), que também utiliza a frase “Fechei com os meus irmãos” e esta música é quase como uma continuação do som anterior, mas agora, coma formação completa.
No período da tarde fizemos as cenas na sala de reunião, simbolizando a ideia de pessoas que tem origens diferentes e estão “fechando acordo” por um interesse em comum. Fiquei bem satisfeito com o resultado e acredito que cada clipe traz um aprendizado na nossa caminhada como banda.
Com temas tão verdadeiros e política honesta na banda, é possível fazer com que a sua mensagem seja dita de uma forma natural e ao mesmo tempo de bom entendimento? Vemos hoje muitas militâncias e defensores de todos os tipos para todos os momentos e casos, o que pode acabar arruinando certos parâmetros, mas no geral, vocês se preocupam em ter que usar uma mensagem que os fãs possam “digerir” rapidamente ou o que vale mesmo é a sua história e seus ideais? Afinal, pontos de vista são relativos e também com momentos de discussões.
A nossa preocupação em passar a mensagem está no fato de cantarmos em português, isso ajuda na assimilação da música de modo geral. Mas é impossível garantir a forma em que cada indivíduo vai receber e interpretar a nossa mensagem, até porque nossas letras são repletas de gírias, o que dá margem para variações de compreensão.
Acredito que o principal é sermos verdadeiros com nós mesmos e aqueles que se identificam com a mensagem acabam se aproximando. Quem não gosta, discorda ou não se interessa, não se envolve e é isso aí.
5 - Vocês participaram de uma live beneficente e isso é um gesto muito nobre.. como foi a oportunidade? tiveram os êxitos esperados?
Foi uma oportunidade muito legal que apareceu pra nós. Recebemos o convite do pessoal da Crossover Produções e o evento foi realizado na School of Rock Itaim-Vila Olímpia. Sabemos que o momento é muito delicado pra grande maioria da pessoas e, além de termos a oportunidade de nos apresentarmos, conseguimos ajudar um pouco as instituições “Fogão na Rua”, “Projeto Kabuto“ e “Backstage Invisível”. Entramos nessa com as melhores das intenções e sem grandes ambições, somos grato por todos que se envolveram na organização do evento, por quem assistiu e por quem colaborou com doações. Toda e qualquer contribuição foi bem-vinda.
6 - O que podemos esperar para os próximos meses? Estão com alguns planos específicos em meio a possível flexibilização ou ainda é muito cedo para algo?
Como não adianta ficarmos pensando em hipóteses a respeito do futuro, estamos traçando nossos planos de acordo com a situação atual. Por enquanto, não existe previsão para retomarmos os shows, portanto, estamos vendo a possibilidade de fazermos mais uma live no final deste ano e, para o início de 2021, fazer uma Live Session dentro do estúdio (sem transmissão), para registrar algumas músicas sendo tocadas ao vivo e com isso gerar mais um material para divulgar a banda no Youtube e plataformas digitais.
7 - Antes de terminarmos, gostaria de saber o que tem feito a playlist da banda nesses últimos meses... algumas bandas tem servido de inspiração ?
Nós temos uma playlist no Spotify onde semanalmente são trocadas as 20 músicas. A ideia é exatamente mostrar sons que nos influenciaram e que temos ouvido ultimamente.
A playlist é variada e vai desde Pantera, Lamb of God e RHCP; passa por Emmure, Spiritbox, Kublai Khan; bandas nacionais como Charlie Brown Jr, Planet Hemp, Pavilhão 9, Raimundos; e também músicas de outros gêneros como Cypress Hill e Post Malone.
Enfim, quem quiser acompanhar, só seguir a “Laboratori Playlist” no Spotify que toda segunda-feira tem novidade. Postamos nos stories e nos destaques do instagram, só acompanhar.
8 - Obrigado pela oportunidade e atenção, gostaria de deixar um recado final?o espaço é seu... e claro, conte conosco sempre que desejar.
Primeiramente, agradeço ao Vinny pelo interesse, convite e por ceder esse espaço pra nós. Estamos fazendo o nosso corre, divulgando as novas músicas/clipes; quem puder fortalecer com a banda, tem o nosso merch na loja (www.laboratorircsf.com.br); nos acompanhe no Instagram e Facebook (postamos conteúdo todos os dias); ouça nosso som no Youtube e plataformas digitais e é isso aí.
Muito obrigado por acreditar!
RCSF é o que vira pra nóis.
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