O meu primeiro contato com a banda surgiu de forma tão espontânea que a sua vibe me atraiu naturalmente, e não foi algo tão recente (o que de certa forma soa benéfico para mim pois pude me aperceber de detalhes que estavam sendo feitos em composições anteriores à este ótimo registro que iremos abordar) e também notar suas evoluções/diferenças durante seu tempo de existência.
Gosto de muitas vertentes dentro do Rock, acho inclusive que muitos deveriam pensar dessa forma (mesmo sabendo que vários preferem se "situar" em uma única influência), o fato é que, caso o meu pensamento não fosse benéfico, jamais teríamos o próprio Silver Mammoth que possui uma mescla muito legal, evidenciando qualidade e parâmetros fundamentais para a sua base.
Acredito que alguns (assim como eu) tiveram seu primeiro contato direto com a banda através do excelente single "Shock Therapy" de seu terceiro álbum, "Mindlomania" (lançado em 2015 e que foi tocado à exaustão na Kiss FM pelo radialista Walter Ricci), aliás, graças à ele que a banda começou a fazer parte das minhas audições mensais.
Por praticarem um ótimo Classic Rock, entraram na lista de nomes de peso que carregam técnica, versatilidade, bom gosto e feeling de sobra em nosso cenário nacional.
Em 2017 apresentaram dois singles novos e de boa repercussão ("Let Me Hide You" e "Coup To The End", que também possuem vídeos), dando a entender que muita coisa estava por vir.
Em 2017 apresentaram dois singles novos e de boa repercussão ("Let Me Hide You" e "Coup To The End", que também possuem vídeos), dando a entender que muita coisa estava por vir.
2019 mostrou um aperitivo em "Rise Up" (com um vídeo bem trabalhado) e, 2020 foi o ano escolhido para a mais nova promessa criativa da carreira chegar e atender pelo nome de “Western Mirror”.
Com produção de Marcelo Izzo e Renato Haboryni (além da arte de capa por Marcelo Izzo Jr., guitarrista da banda), entregam canções que agradarão aos mais saudosistas do Rock de outrora, além de atender uma demanda atual (posso dizer que isso se encaixa muito bem conforme ouvimos suas faixas pois a sensação que tive é que tudo soa natural, o que certamente gerou muito trabalho e dedicação de ambos).
Abrindo com "For Whom the Bells Cry" (sendo uma intro com versos introspectivos e que valem a sua atenção/referência) o ouvinte se prepara para "Like a Blind Man", uma faixa que rapidamente agrada e se mantém como uma das melhores do álbum, suas nuances vibrantes cativam e demonstram toda a qualidade sonora atingida (os vocais aqui se destacam tão bem entre a cadência do instrumental que naturalmente você canta o seu título).
"Beethoven's Darkside" mantém a cadência anterior mas se mostra um pouco acentuada para o lado enérgico (seu refrão é acessível, melódico e com ótima dinâmica), aliás, por aqui já é possível perceber as nuances de uma ótima produção.
A já citada "Rise Up" é o tipo de single nato que você tem o prazer de ouvir nas rádios e cantarolar (o álbum num todo possui uma ótima característica de conter formas acessíveis para apreciação), o que sinceramente faz muita diferença em comparação com bandas que querem apenas demonstrar virtuose ou alguma qualidade individual, aqui temos uma banda num todo.
A faixa título, "Western Mirror", para mim é a favorita até o momento deste review, seu refrão é ótimo, riffs que casam bem com os vocais a todo instante, e claro, um solo feito com destreza (e não se esqueça da intro pois tem elementos essenciais para que a mesma seja excelente).
"Symptom of the Universe" é o tipo de canção que caracteriza muito o Black Sabbath e obviamente seria feita com a "cara" do Silver Mammoth; afinal, as comparações vocais com as de Ozzy sempre existiram, mas além disso, o toque refinado que as melodias são despejadas aqui é único, com o brilho e a singularidade que a canção merece ter em uma ótima versão (o que convenhamos, é um grande mérito).
"Let's Find the Sun Together" tem como objetivo ser a canção que mostra toda a linhagem acessível/acústica da banda, tem interpretação muito boa e pode facilmente figurar em rádios (aqui temos inclusive uma excelente oportunidade para vermos que mesmo sendo uma canção com poucos elementos inseridos se comparada à outras, ainda sim soa vibrante; até porque, muitas baladas pendem para algo comercial ou alegre demais por assim dizer, mas aqui não, soa sim radiofônica porém, com seu papel definido, sem firulas).
A gaita dando o início em 'Roll Blues" me remeteu por tabela àquela icônica faixa que Ozzy fazia o mesmo (mas claro, parâmetros diferentes, digo somente pela influência), e o que temos é realmente algo na linha Prog Hard, sendo assim pesada e com bastante groove em suas linhas (baixo e guitarra trabalham lindamente).
E eis que mais uma versão com a "cara" da banda surge, um clássico atemporal que Bon Scott cativava o mundo por sua performance, a tão adorada "Jailbreak" dos australianos do AC/DC, aqui tendo um teclado expressivo e muitas outras nuances que a fazem ser da banda (sabe aquele músico que consegue fazer com que uma single cover se torne algo de si?!), devo dizer aliás que o Silver Mammoth poderá apostar sempre em homenagear seus ídolos em futuros registros pois o fazem bem até demais.
"Natural Love" é conhecida do seu público obviamente e aqui ganha uma versão acústica bem expressiva, demonstrando mais uma vez a destreza que citei anteriormente, músicos com grandes facetas que conseguem se reinventar, melodias tão essenciais que mereciam um álbum somente com as mesmas (quem sabe um acoustic sessions surja em um futuro próximo?!), uma das melhores eu diria.
Ao melhor estilo anos 70, os teclados introduzem "White Line Fever" (meus amigos, que linhas groovadas de contrabaixo, hein?!), pesada, enérgica, são tantas qualidades que você apenas relaxa enquanto o som vibra em suas caixas de som.
Fechando em alta, "Free Soul" novamente encontra um lado acústico muito bonito (a Power Ballad deste registro provavelmente), interpretação cativante nos vocais e melodias que fluem de forma ótima, a qualidade musical num todo é bem superior e isso é preciso ter carinho e cuidado para entender (não que seja complexo como um álbum de Prog Rock dos anos 70, mas você precisa absorver certos momentos aqui e ali para crer que se trata de uma obra bem feita).
No geral, temos mais um ótimo álbum para 2020, mais um ótimo álbum para o Rock nacional e mais um ótimo álbum para o Silver Mammoth.
A proposta me agradou, soa acessível, rico em detalhes, entregando melodias que por hora são muito bem vindas, talvez até por conta de eu conhecer materiais anteriores mas nada que você ouvinte novo não possa absorver.
O instrumental coeso mostra que músicos dedicados se sobressaem em sua vertente e conseguem fluir com as melodias vocais naquilo que se espera (com uma produção ótima, diga-se).
Confira sem medo, com calma e repita o processo, suas nuances precisam de cautela para absorção completa, pense como numa viagem longa, você precisa estar preparado e deixar que o motorista te guie pelos caminhos sinuosos ou em grandes retas, o que vale para você nisso tudo é curtir o momento, para enfim chegar ao seu destino com uma ótima lembrança.
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Deixo aqui o meu agradecimento ao músico Marcelo Izzo pela cópia do material físico enviado.