Uma das bandas mais legais do nosso cenário nacional e que sempre esteve envolvida com ótimas composições e músicos competentes é o Chaosfear.
Seja pelo lado pesado, técnico ou acessível (para o Metal, claro) eles construíram uma boa gama de influências, álbuns criativos; e mesmo que tenha ocorrido uma breve pausa, voltaram há poucos anos com ótimas idéias e lançamentos relevantes.
Abaixo você pode conferir o bate papo que tivemos com os irmãos Boccomino sobre a atual fase, dentre outros assuntos.
1 - Como estão os planos com a pandemia que se instaurou pelo mundo?muitas coisas precisaram ser canceladas ou adaptadas?
Edu Boccomino: Para nós, no quesito banda, até que não foi tão ruim assim. Nosso foco era a produção de um novo play. Quando o isolamento social começou tivemos mais tempo para produzir e finalizar o material do novo álbum.
Edu Boccomino: Para nós, no quesito banda, até que não foi tão ruim assim. Nosso foco era a produção de um novo play. Quando o isolamento social começou tivemos mais tempo para produzir e finalizar o material do novo álbum.
Tínhamos uma mini tour no segundo semestre que precisou ser cancelada. Por outro lado, a vida precisou ser readaptada e cada um está se virando da forma que da/pode.
2 - Após a volta da banda, pude ver uma interessante influência de Doom Metal em algumas nuances, bem como de Thrash, Death e até Industrial, obviamente. O modo de compor continua o mesmo de antes ou buscaram outras alternativas para tais elementos em suas últimas faixas?(não que isso fosse inédito na carreira da banda, mas uma faixa como "Path 21" foi uma grata surpresa para mim por suas várias mudanças e cadência).
Fernando Boccomino: O método continua o mesmo, mas desde a volta do ChaosFear em 2018 resolvemos abrir um pouco mais o leque de opções.
Fernando Boccomino: O método continua o mesmo, mas desde a volta do ChaosFear em 2018 resolvemos abrir um pouco mais o leque de opções.
Nossos trabalhos até o Legacy of Chaos (2012) foram praticamente baseados no Thrash e Death metal.
Nos singles Global Atrocity (2018) e Path 21 (2019) utilizamos de vários elementos diferentes como: vocais limpos graves e agudos, narrações, os solos do Edu vieram mais melódicos e cheios de feeling e sobre a Global Atrocity eu concordo com você, ela tem um toque Doom proposital para casar com a letra.
O conteúdo das letras e o instrumental caminharam juntos, misturando peso, melancolia e melodia.
Já na música The Alliance (2020) quisemos soltar uma música mais visceral pra justamente mostrar esse equilíbrio que temos nas composições.
O novo cd será bem variado!!
3 - Ainda sobre as novas faixas, é nítido como existe uma evolução a cada lançamento e creio que isso seja de forma natural (se compararmos ao último registro antes da volta, o ótimo E.P. "Legacy of Chaos", a banda passou de um som visceral para algo mais groovado, cadenciado e também técnico).
Existe uma tendência para que a banda mude alguns parâmetros para o seu novo álbum ou isso é apenas um reflexo do momento? Por exemplo, "Global Atrocity" é muito boa, moderna e acessível para rádios de Metal pelo mundo.
Edu Boccomino: O som do ChaosFear sempre teve muitos elementos que se misturavam ao thrash/death característicos da banda. Nunca deixamos o groove, a levada, de lado. Isto é bem característico no nosso som. Quando fizemos os últimos singles flertamos com algumas estruturas mais harmônicas e um pouco menos extremas. A ideia era trazer um pouco de cadência às músicas naquele momento. Estamos sempre trazendo algo de “fresh” ao nosso som.
Existe uma tendência para que a banda mude alguns parâmetros para o seu novo álbum ou isso é apenas um reflexo do momento? Por exemplo, "Global Atrocity" é muito boa, moderna e acessível para rádios de Metal pelo mundo.
Edu Boccomino: O som do ChaosFear sempre teve muitos elementos que se misturavam ao thrash/death característicos da banda. Nunca deixamos o groove, a levada, de lado. Isto é bem característico no nosso som. Quando fizemos os últimos singles flertamos com algumas estruturas mais harmônicas e um pouco menos extremas. A ideia era trazer um pouco de cadência às músicas naquele momento. Estamos sempre trazendo algo de “fresh” ao nosso som.
Atualmente temos um time que “joga” muito bem em qualquer situação. Do blast-beat à uma atmosfera tipo Pink Floyd. O novo álbum está cheio de vida. Exploramos bastante as melodias, passagens intrincadas, vocais melódicos, afinação baixa (descemos mais um pouquinho (risos) e claro a pegada visceral que é característica do ChaosFear.
4 - "The Alliance" teve o mesmo resultado que as demais faixas lançadas para vocês?achei ela muito interessante, com momentos viscerais e ótima técnica, além dos vocais consistentes, evidenciando que não pensam em tirar o pé em momento algum.
Fernando Boccomino: Obrigado pelos elogios!! Tivemos uma boa resposta do público com nossos 3 singles, os comentários nas redes sociais foram ótimos.
Fernando Boccomino: Obrigado pelos elogios!! Tivemos uma boa resposta do público com nossos 3 singles, os comentários nas redes sociais foram ótimos.
Tem gente que prefere o ChaosFear mais Thrash/Death, outros gostaram bastante desses 2 singles mais cadenciados… o importante para nós é não ficar estagnado, lançando sempre a mesma coisa, o mesmo tipo de som. Essa variedade nas composições mantém a banda cada vez mais viva.
E quanto a tirar o pé do acelerador…nem pensar!! (Muitos risos)
5 - Em alguns papos que tive com você, Fernando, citei muito a "Path 21"... ela faz parte de uma playlist rotineira que tenho e rapidamente se tornou minha preferida dessa nova fase (aliás, que solo hein?!). Ao meu ver; ela bebe de uma fonte que vemos atualmente no In Flames (e que acabou angariando novos fãs à eles). Existe uma pretensão em temas específicos para o próximo álbum ou que conectem algumas faixas?
Fernando Boccomino: Mais uma vez, muito obrigado Vinny! Ficamos felizes que você tenha gostado da Path 21.
Fernando Boccomino: Mais uma vez, muito obrigado Vinny! Ficamos felizes que você tenha gostado da Path 21.
Essa música tem uma pegada mais moderna mesmo, cheia de mudanças de climas e andamentos.
Ela se tornou praticamente um hit do ChaosFear (risos). Quisemos apresentar algo novo, dentro do universo musical do ChaosFear, algo que tivesse pegada, peso e melodia.
O In Flames é uma banda que todos nós gostamos, eles tem um som bem particular e estão sempre renovando seu som. Não chega a ser uma grande influência, mas gostamos muito do trabalho dos caras.
Ah, não posso esquecer de comentar sobre o solo do meu irmão em Path 21…Pra mim um dos melhores solos que ele já fez! Melodia e feeling na medida certa!!
O CD novo já está pronto e tem o título de “Be the Light in Dark Days”.
Procuramos colocar todas as nossas influências neste novo trabalho. Posso dizer com toda certeza que esse é o nosso CD mais variado em termos de composições.
6 - Pretendem gravar mais covers em um futuro breve?devo dizer que o último ficou muito bom e ainda conseguiram dar a cara da banda nele.
Edu Boccomino: Sim. Com certeza faremos algumas homenagens à bandas que gostamos. Temos algumas ideias e projetos para o segundo semestre. Um deles é prestar algum tipo de tributo à bandas que curtimos, colocando-as em uma roupagem mais “a lá” ChaosFear.
Edu Boccomino: Sim. Com certeza faremos algumas homenagens à bandas que gostamos. Temos algumas ideias e projetos para o segundo semestre. Um deles é prestar algum tipo de tributo à bandas que curtimos, colocando-as em uma roupagem mais “a lá” ChaosFear.
O Prong foi um exemplo disso. Gravamos a "Whose Fist Is this Anyway" e quando a lançamos muita gente elogiou achando que era um som novo do Chaosfear (risos).
7 - Pensam em trabalhar na produção de vídeos ou mesmo em formato lyric para os próximos meses? Vemos que nos últimos anos isso virou uma tendência mundial.
Edu Boccomino: já faz um bom tempo que a música, principalmente no nosso caso, a música pesada se vende visualmente. Muita gente consome a música pela “imagem que ela passa” até porque tudo hoje é muito rápido, dinâmico e pulverizado.
Edu Boccomino: já faz um bom tempo que a música, principalmente no nosso caso, a música pesada se vende visualmente. Muita gente consome a música pela “imagem que ela passa” até porque tudo hoje é muito rápido, dinâmico e pulverizado.
Hoje você é o número 1 do YouTube. Amanhã poderá ser o número 50k. Pois as coisas acontecem em um piscar de olhos e o público, principalmente o mais jovem, se acostumou a passar as coisas para frente como se estivesse no Instagram.
Assim, vamos canalizar nossos esforços para mantermos as mídias sociais ativas com vídeos e lyric vídeos (além dos quarentine vídeos) para que possamos apresentar o ChaosFear para mais pessoas e para todo tipo de público.
8 - As artes lançadas com os singles são muito boas, achei muito bacana esse cuidado que tiveram com a imagem... Como se desenvolve essa parte?Vocês entram com um conceito pré definido ou preferem deixar a elaboração pelo artista que as produziu?
Fernando Boccomino: As capas para os singles realmente ficaram ótimas! Normalmente passamos o conceito da letra e deixamos os artistas trabalharem livremente.
Fernando Boccomino: As capas para os singles realmente ficaram ótimas! Normalmente passamos o conceito da letra e deixamos os artistas trabalharem livremente.
As artes dos singles Global Atrocity e Path 21 foram feitas pelo W. Perna. Conhecemos o Perna a muitos anos e confiamos 100% no trabalho dele.
Já para os singles The Alliance e Whose Fist is this Anyway (Prong) trabalhamos com o Julio César Campos Machado.
O Júlio é um amigo de longa data do nosso batera Fabio Moysés (e agora nosso amigo também) e fez um trabalho surpreendente nos 2 singles.
A capa do novo CD (Be the Light in Dark Days) foi feita pelo Jean Santiago.
9 - Antes de finalizarmos, gostaria de saber o que a banda tem ouvido nos últimos tempos e o que de repente possam indicar... nessa época vejo que muitas bandas estão se movimentando e se ajudando cada vez mais...
Fernando Boccomino: Eu tenho ouvido muito Voivod, Napalm Death, Soen, Meshuggah, Triptykon, Myrkur, Jinjer, fora as bandas que sempre ouvi como Kiss, Metallica, Iron Maiden, Forbidden, Black Sabbath, Slayer, Sepultura e por aí vai…Temos ótimas bandas nacionais como o Ancesttral, Venomous, Genocidio, Cosmic Rover, Desalmado... O caminho é esse mesmo, Vinny…as bandas tem que se ajudar.
Fernando Boccomino: Eu tenho ouvido muito Voivod, Napalm Death, Soen, Meshuggah, Triptykon, Myrkur, Jinjer, fora as bandas que sempre ouvi como Kiss, Metallica, Iron Maiden, Forbidden, Black Sabbath, Slayer, Sepultura e por aí vai…Temos ótimas bandas nacionais como o Ancesttral, Venomous, Genocidio, Cosmic Rover, Desalmado... O caminho é esse mesmo, Vinny…as bandas tem que se ajudar.
Ninguém consegue ir longe sozinho…
Edu Boccomino: Eu ouço muita coisa. Desde Dimmu Borgir à Plini. Atualmente, por estar trabalhando em Home Office, eu ouço muita música instrumental, para não perder o foco no trabalho. Mas não saem do meu playlist Forbidden, Death, Metallica, Testament, Soen, Kiss, etc, etc.
Eu indico Muqueta na Oreia, Project 46, Desalmado, One Way Arm, Vitalism, etc, etc.
10 - Gostariam de deixar um recado final?muito obrigado pela oportunidade.
Fernando Boccomino: Só tenho que te agradecer Vinny! Você sempre nos acompanha nos shows, divulga nosso som; você é um verdadeiro guerreiro do Metal Nacional! Vida longa ao Rock Vibrations!!!
Fernando Boccomino: Só tenho que te agradecer Vinny! Você sempre nos acompanha nos shows, divulga nosso som; você é um verdadeiro guerreiro do Metal Nacional! Vida longa ao Rock Vibrations!!!
Edu Boccomino: Queria deixar uma mensagem de suporte à música e músicos brasileiros. A gente sabe, principalmente quem é das antigas, que todo mundo sempre falou sobre a união da cena e bla, bla, bla, mas essa “pseudounião” é muito distante para muitos e para o público em geral da música pesada.
Agora, que todo mundo está no mesmo lugar, com os mesmos problemas (sem sair de casa pra curtir, sem boteco, sem shows), podemos tirar algum proveito da situação e virar a chave. Muitos músicos e equipes técnicas Crew estão passando por algum tipo de dificuldade pois o palco era o seu local de trabalho.
Já que todo mundo está tentando se reinventar, eu faço aqui um apelo (ou pedido) para que você apoie os musicos da sua cidade ou participe de campanhas, sei lá. Se o cara fizer uma Live, assista. Se ele fizer um show virtual que tenha uma “vakinha” on-line, contribua.
Vai lá, compra uma camiseta da banda, um CD, boné, a cueca da banda, qualquer coisa, mas não deixe de ajudar. Continue fazendo suas aulas com seus professores, só que agora de modo virtual.
Enfim, pense em auxiliar os músicos de alguma forma.
É isso aí, espero que tudo isto passe logo. Provavelmente nos veremos mais vezes que antigamente, só que durante um bom tempo será só na telinha!
Que todos fiquem bem e se cuidem.
Confira nossa matéria sobre um pouco do que houve com a banda nos últimos anos clicando aqui
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