Enfim voltamos com entrevistas em nosso veículo e não poderia ser da melhor maneira para iniciar o ano de 2023 com ótimas energias.
Trazemos até você leitor um bate papo com o músico/guitarrista Luis Maldonalle, natural de Goiânia, que vêm com uma ótima bagagem musical e bastante conhecimento nas 6 cordas, lhe rendendo alguns destaques nos últimos anos e claro, nos brindando com ótimos registros em estúdio.
Abaixo, você vai conferir assuntos acerca de seu próximo álbum intitulado "Furia", que tem lançamento previsto para o dia 17 de março via Tree House Records.
1. Primeiramente devo te agradecer por ter antecipado o seu mais novo álbum para nosso review.
Você esteve envolvido em "Furia" por vários meses?
R: Eu que agradeço a oportunidade.
Bom, acredite ou não o processo de criação do álbum “Furia” levou três semanas e meia. O que significa pouco tempo pra um álbum nesses moldes. O restante do processo: gravação, edição mix e master mais 45 dias.
O resto é toda a parte burocrática e estratégia para que o lançamento aconteça dentro do prazo estabelecido.
Estamos a trinta dias do lançamento e a coisa não para. São um “sem” números e ações. Mas isso é cuidar de cada parte afim de que o resultado seja o melhor possível.
2. Confesso que fiquei surpreso por você lançar um novo álbum com um intervalo curto, considerando ainda o fato de que "Maestro" é um registro impecável.
Em "Furia" existe uma linhagem um pouco mais moderna e notoriamente evolutiva, então, podemos dizer que não necessariamente ele seja uma continuação de seu antecessor?
R: Ao todo são 3 álbuns em menos de dois anos. Isso sem contar o Live in England. Pode parecer pouco tempo mas eu acho confortável todo o processo. Se eu tivesse uma rotina/estrutura de tour que envolvesse todo os detalhes necessários, certamente o intervalo seria maior.
Com relação ao direcionamento, acredito que os álbuns conversem entre si em termos de estrutura e referências.
"Maestro" foi um acerto muito grande, sem dúvida. Já no "Furia" eu tentei ir além. Isso significa que é um álbum com diferenças marcantes em estruturas comparado com os antecessores. "Furia" é sem dúvida o trabalho mais pesado até agora.
O fato de ter quatro faixas cantadas abre um leque completamente novo dentro desse quadro. Mesmo sendo instrumental, meu foco é a composição. Claro, a guitarra e partes perigosas sempre estarão lá, mas a música e consequentemente a melodia fazem a diferença nesse processo. E isso acaba sendo facilitado pelo fato de ter voz.
3. Algumas faixas estão com um nível técnico bem legal e enchem os olhos dos que amam guitarra, inclusive, consegui perceber uma dinâmica que não vimos em "Maestro" no sentido de um plano completo de estruturas, mas ainda sim as melodias fazem uma característica sua. Quando você está no processo de criação, gosta de pensar num todo ou primeiramente desenvolve na guitarra e depois flui naturalmente?
R: Pra mim, compor é algo como uma catarse. Eu tenho a melodia e intenção harmônica como guias. Mas nem tudo gira em torno da guitarra o tempo todo. Os contrapontos fazem diferença nesse aspecto pra mim.
Ritmo, empilhamento das terças e as divisões, é como eu enxergo a peça em um primeiro momento. Algumas coisas eu crio na cabeça e depois registro afim de manter a ideia e dar um acabamento apropriado. Mas eu nunca sento para compor.
Espero alguma ideia basal pra que o resto aconteça naturalmente.
4. Ano passado você fez uma tour bem interessante pela Europa e que até lhe rendeu um registro bem bacana... mas, se tratando deste novo álbum, pretende expandir e levar os shows para lá novamente?
R: A ideia é ter um formato e estar preparado pra qualquer oportunidade que apareça. Definitivamente o espaço para esse tipo de nicho acontece na Europa. Mas como ainda estou no processo de bancar toda uma tour, fazer isso seguido de um álbum e suas ações de marketing com zero incentivo financeiro se torna quase impossível. Mas independente disso, eu continuo trabalhando e focado ainda mais nesse processo de ruptura internacional.
5. Apesar de ser um projeto solo, acredito que você tenha o suporte de alguns músicos, certo?essas escolhas são fixas ou você usa músicos diferentes a cada registro?por exemplo, para as tours, são os mesmos envolvidos no estúdio?
R: Por questões de orçamento e tempo hábil, eu acabei limitando o trabalho no estúdio. Os únicos músicos nos álbuns até aqui, somos eu e o Lucas Arbalest (produtor).
"Furia" ainda teve a questão das vozes. Então o Erich Martins gravou em Portugal. E o Pedro Costa que cantou o single “Wings of Fire”.
No mais eu tenho mantido assim afim de ter não só um prazo como estratégia e o controle do orçamento. Tem sido cada vez mais difícil ter uma banda fixa e comprometida e as vezes isso inviabiliza uma série de possibilidades.
Claro que eu gostaria de contar com uma banda fixa e que os instrumentistas conhecessem a linguagem e estrutura (repertório) pra esse tipo de som. Então a escolha tem sido pela eficiência e o tempo hábil em produzir.
6. Acredito que hoje em dia exista uma série de idéias específicas sobre como devem produzir as artes para guitarristas, costumamos ver muitos conceitos (e alguns até exagerados haha) mas em "Furia", percebo uma coisa mais minimalista e que combina com a proposta. Você esteve envolvido durante este processo?a escolha do Pedro Costa era algo pré definido?
R: O Pedro trabalhou na arte do single "Wings of Fire". Eu gostei tanto do resultado que ele foi o responsável por toda a imagem e conceito do "Furia".
Anteriormente eu não tive a chance de acompanhar o desenvolvimento dos trabalhos. Então dessa vez, com isso em vista, não poderia perder a oportunidade.
Toda mudança e Feedback eram feitos em tempo real.
O Pedro Absorveu todo o conceito. Desde os elementos até simbolismos e palhetas de cores. O resultado; Foi incrível.
Acho que era o que faltava pra um álbum desse porte.
E definitivamente consolidamos a parceria.
7. Uma coisa que acho muito curiosa é como os músicos instrumentais definem o nome de suas faixas sem obter uma letra ou conceito...
Quando você nomeia suas canções, qual o processo que é definido em sua mente?
R: Eu sou escritor (ficção). E fui criado com quadrinhos e cultura pop. Então pra mim sempre foi imagético. Tudo faz sentido através da ambiência e o que quero com ilustrar com acordes notas e intenções. É o caso de “Heart Shaped of Dark“ que a letra fala em 1ª pessoa sobre o serial killer Jeffrey Dahmer ou Mephisto que é uma música instrumental, mas as escolhas dos semitons e o andamento arrastado praticamente entrega essa ambiência de tensão.
Pra mim, o título é tão importante quanto a canção.
8. As plataformas digitais são definitivamente o futuro/presente dos músicos, por mais que ainda não tenhamos uma coisa tão rentável para todos, elas expandem a música e alcança locais inimagináveis pelo mundo, e ainda sim digo a você que o material físico faz uma diferença enorme para quem realmente é um fã de Rock/Metal.
A escolha por distribuir cópias de "Furia" foi complicada?tendo em vista o momento atual, será uma tiragem limitada?
R: Eu penso que o digital é parte do agora. Isso tem acontecido com outras mídias. E vão coexistir. Cd, vinil e fita, não vão desaparecer. O fã de metal/rock é de longe o mais fiel.
Eu ainda acho que a mídia do Cd tem um impacto forte na receita de grandes artistas. E é uma maneira de você mostrar que acredita no que faz.
Se a banda ou artista não investe no próprio trabalho, ninguém vai enxergar isso como uma carreira. Eu tenho trabalhado com tiragens curtas. Essa é a minha realidade. Mais importante ainda do que esse número é acreditar e produzir. Afinal, o número da tiragem pode ser mudado a qualquer momento.
9. Além de "Wings of Fire", pretende explorar muitas outras faixas como single e até mesmo em formato de vídeo?
R: Sim. A ideia é ter mais dois ou três vídeos.
Um deles talvez até com animação. Há alguns Playthroughs em andamento também. Esses serão disponibilizados depois do lançamento.
Nós estamos com toda certeza, no momento mais audiovisual. Então os vídeos tem um alcance maior até que a própria música.
10. Obrigado novamente por participar de uma entrevista conosco... para finalizar, o espaço é seu....
R: Eu que agradeço. Mais uma vez obrigado pelo espaço. Essas ações fazem muita diferença. O nicho de guitarra tem pouquíssimo espaço no Brasil. Sendo assim fica cada vez mais difícil um álbum de Metal e Hard voltado à guitarra chegar ao maior número de pessoas.
Essa entrevista rema contra a maré. Por isso, só tenho a agradecer.
O álbum "Fúria" estará disponível em todas as plataformas digitais a partir do dia 17 de março. O disco físico já está disponível no pre order. Abraço e Keep on Music!
Hoje, 17 de fevereiro, o single "Wings of Fire (feat. Pedro Costa)" está sendo disponibilizado em todas as plataformas, então não deixe de conferir este que é uma ótima prévia de seu álbum.
Ouça em:
Às 19:00 horas de hoje será disponibilizado um vídeo do single, então fique ligado no canal do Luis Maldonalle!
Tivemos acesso ao álbum "Furia" de forma antecipada e você pode conferir nosso parecer clicando aqui!
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