Uma das bandas que mais impera pela qualidade e comprometimento com sua cena é o Tuatha de Dannan, que mesmo com um hiato não deixou o lado profissional de lado e, nos trouxe material de extrema competência.
Abaixo, você pode conferir a entrevista que fizemos com Bruno Maia (vocalista e multi-instrumentista) sobre inúmeros assuntos que vão do momento atual à alguns detalhes da carreira, além da repercussão do novo lançamento.
1 - Como tem sido a repercussão do novo E.P.?
R: Tem sido super positiva, muito mesmo.
Sabíamos que tínhamos um público legal e fiel, que sempre nos acompanha e incentiva, mas, sinceramente, a resposta que vimos tendo superou nossas expectativas.
As pessoas tem gostado bastante do disco, das músicas, falam das letras e mesmo da arte que ficou bem legal. Ficou tudo muito bonito! As resenhas até agora tem sido muito boas, todas enaltecendo a qualidade das composições, dos arranjos, da riqueza das músicas e tudo mais.
A gente tava meio receoso de lançar um EP no lugar de um álbum, mas quando percebemos que as canções estavam tão legais, bonitas e porque não poderosas(?), ficamos muito confiantes e fomos pra frente.
Depois eu fui ver também, e, parece que um dos critérios para se classificar um lançamento como EP é ter até 30 minutos; o “The Tribes…” tem 31 (sem contar com os 2 bônus), talvez ele seja um álbum, vai saber. Se for um EP, é um EP bem gordo.
2 - Acredito que seja um dos melhores lançamentos da atualidade, ainda mais com a produção atingida...Ao que se deve essa qualidade superior?
R: Muito obrigado pelos elogios! É muito importante ter este feedback dos veículos e das pessoas que nos acompanham e admiram nosso trabalho.
Isso tudo é combustível que nos incentiva a continuar e assim podemos ver que alcançamos as pessoas.
Realmente a qualidade do material, tanto musical, quanto lírica e sonora tão bem legais, foi uma produção muito bem pensada e complicada de se executar, afinal são muitas coisas acontecendo ao mesmo tempo. Mas, deu certo e estamos muito felizes com isso.
Esse disco acaba evidenciando um caráter muito importante que a banda sempre preservou: a liberdade composicional e o teor variado de nossa música.
Veja bem: cada canção do disco apresenta um universo diferente. Diferente mesmo. Você pode, claro, achar paralelos em outros estilos, influências de outras bandas e até do Tuatha sobre o Tuatha, mas são muito singulares as obras desse disco.
E o mais legal é que todas carregam, mesmo que tão diferentes entre si, um elemento agregador “tuatheiro”.
A banda vive um momento muito bom atualmente, estamos empolgados e motivados com o que fazemos, o sonho se mantém vivo e no que depender de nós continuaremos produzindo… acho que toda essa positividade soma muito em qualquer resultado.
3 - A escolha de terem Martin Walkyier foi natural?A receptividade do músico se deu rápida?
R: Se fosse há uns 15 anos essa parceria pareceria mais uma viagem ou sonho do que tudo.
O Martin sempre foi um de nossos ídolos, nosso herói, sabe? Um personagem distante que inventou um estilo, o Folk Metal, e ainda, em minha opinião, o criador das melhores, sofisticadas e rebeldes letras do heavy metal.
Nunca imaginaria que poderíamos nos tornar amigos a ponto dele vir diversas vezes a minha casa, passar meses e ainda mais compor juntos, compartilhar ideias etc. Depois que ele veio pela primeira vez ao Roça’n’Roll para fazermos um show calcado em temas do Skyclad nossa amizade começou.
Com o tempo vimos o quanto compartilhamos ideias sobre a vida, a sociedade, a mídia e política, daí fazer música juntos virou questão de ‘quando’.
A galera curte essa participação pois percebe o simbolismo por trás disso, além de constatarem a qualidade do material e a performance que ele apresenta. É claro que a voz dele é mais agressiva e o fôlego das músicas compostas pra ele cantar é outro.
Acaba que podemos contar com elementos diferenciados que conferem mais multiplicidade aos nossos lançamentos.
4 - Após o hiato, acredita que a banda está mais firme em idéias, composições e grupo?pensaram que durante o mesmo, estavam perdendo algum tempo em não ter feito antes?
R: Cara, a banda passou por muitas fases e situações. Eu cresci junto com o Tuatha de Danann.
Fundei o que viria a ser a banda em 1994 e hoje sou outra pessoa, assim como todos que estão na barca.
Muita da sabedoria que cada um adquire com o passar dos anos na vida eu adquiri à frente e graças a essa banda, saca? Minha experiência de vida está ligada à própria história do Tuatha e suas ramificações (os projetos e escolhas que o Tuatha acabou me propiciando).
Vi e vivi muita coisa nesse meio: negociações, viagens, situações boas e ruins, conquistas, derrotas, envolvimento com diferentes tipos de pessoas, agentes, músicos, assessores, técnicos, falastrões, mentirosos, invejosos etc.
Houve, sim, momentos improdutivos, problemas internos, externos e tudo que você puder pensar.
Em tanto tempo não teria como ser diferente.
Com certeza sob alguns prismas perdemos coisas: boas propostas internacionais, perdemos tempo, oportunidades potenciais e por aí vai. Mas eu creio que tudo que aconteceu foi necessário, mesmo quando a banda parou! Nessa época pudemos cair de cabeça em outros projetos musicais, vivenciar outras coisas e tudo mais.
A música, o élan da coisa toda não parou e não enfraqueceu em nenhum momento, acho que só cresceu. Inclusive é por isso que lançamos um de nossos discos mais legais, a fase é ótima!
5 - O posicionamento da banda em algumas letras mostra o quanto se preocupam não só em criarem temáticas de acordo com o estilo, mas também, mostra um ponto em comum com o momento atual.. O que você poderia falar sobre isto e a influência para escreverem?
R: O mundo todo vive um momento conturbado e violento. Grupos radicais e movimentos violentos da extrema direita em diversas partes do mundo tem nos mostrado isso dia a dia.
A internet parece que deixou o povo mais burro que a televisão, o celular comanda as pessoas e não só como entretenimento, mas como fonte de informação.
Aqui no Brasil o poder do "zap zap" elegeu um presidente à base de fake news; um cara que sempre disseminou a violência, enalteceu torturadores, falava positivamente sobre fuzilamento, ‘metralhar’ adversários políticos entre outros comentários homofóbicos.
Estamos na Era da Informação à mão, mas o cabra prefere se informar por um vídeo, meme ou corrente de celular!? Uma expressiva parte do povo brasileiro enaltece a ignorância e se volta contra quem tem, gera e espalha informação e questionamentos: professores, artistas e jornalistas. As pessoas estão tão cegas que muitas vezes quando você conversa com elas constata-se que elas querem e desejam a mesma coisa que você, mas a manipulação é muito forte e elas nem sabem o que estão defendendo ou o que estão atacando.
Somos o único país do mundo que tem gente pedindo pra termos um governo militar.
É muito material para colocar em música, né!?
6 - Vocês tocaram no Wacken, gravaram DVD, lançaram discos importantes, receberam elogios pelo mundo... qual a próxima pretensão a ser alcançada?
R: Não sei responder isso em forma de marcos a serem alcançados. Claro que se pudermos voltar ao exterior pra fazer turnês legais, lançar discos mundo afora e subir alguns degraus no cenário mundial será maravilhoso, mas este não é o pote de ouro.
O pote de ouro é isso que estamos conseguindo fazer: nos motivar a continuar criando, fecundando o silêncio e trazendo novas obras que sejam relevantes e desafiadoras pra nós e agradáveis para nosso público, manter a banda sustentável e poder fazer shows legais com esses nossos sons.
O Sonho não acabou, só se adaptou à realidade.
Estamos novamente com o selo que foi o primeiro que acreditou na gente lá atrás nos anos 90, a Heavy Metal Rock, temos uma relação sincera e de apoio com eles, temos muitos admiradores que nos apoiam, que acreditam em nossa música e em nós como pessoas e nos damos muito bem internamente como músicos e amigos, isso é muita coisa pra nós, uns caipiras do interior de Minas que tocam música celta com metal.
7 - Ainda sobre o futuro, o que fazer para manterem este nível alcançado atualmente?com um bom disco, shows surgem e público e mídia acabam esperando um trabalho que sempre supere o outro... como lidam com essa parte?
R: Temos um crivo interno e uma autocrítica muito forte e lazarenta. Não costumamos nos impor ao direcionamento das músicas, do álbum nem nada, mas a música tem de nos conquistar, nos inspirar a fazer mais.
Existem momentos inspiradores também e internamente na banda e com o que vimos fazendo me sinto muito inspirado. Não lançaremos nada só pra dizer que lançamos nem nada, o material tem de nos convencer e por isso garanto que o nível sempre será mantido e quem sabe superado.
Pelo menos é nisso que acreditamos.
8 - Finalizando, gostaria de deixar algum recado?
R: Agradecemos pela entrevista e espaço, valeu mesmo, é muito importante pras bandas esse apoio.
R: Agradecemos pela entrevista e espaço, valeu mesmo, é muito importante pras bandas esse apoio.
Agradecemos as pessoas que nos acompanham, vão aos shows, adquirem o CD e o merchan da banda- isso é vital pra banda continuar a existir.
Agradecemos também à Heavy Metal Rock por acreditar em nosso trabalho e convido a quem não conhece o Tuatha de Danann à dar uma chance a banda, vai que você é também é enfeitiçado e entra pra tribo? Se não nos conhece, pode começar pelo “Tribes”, tem o melhor de nós lá.
Quero deixar aqui o meu agradecimento e também o espaço para futuras divulgações da banda e claro, um agradecimento especial para o brother Wilton, nosso parceiro e idealizador da Heavy Metal Rock (https://hmrock.com.br) que fez possível essa entrevista.