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quinta-feira, 20 de dezembro de 2018

Rock Vibrations Entrevista : Megaira


Conheci essa banda neste ano de 2018 e logo fiquei impressionado pelo profissionalismo, dedicação, figurino e também talento que possuem.

É notório o quanto bandas brasileiras são superiores em vários aspectos se comparadas à muitas pelo mundo, e neste caso, a Megaira figura entre grandes nomes.


Arte do Álbum

Confira abaixo o nosso bate papo com a banda sobre inúmeros assuntos :


1 - Como foi o início da banda?
R: Paulo Melo
A banda foi formada no ano de 2009, na cidade de São Bernardo/SP, e desde o início o foco sempre foi trabalhar com material autoral, que inicialmente tinha como principal influência o Thrash Metal e o Death Metal.
Nos primeiros meses escrevíamos músicas com temas voltados para questões sociais e políticas, porém conforme as composições foram se desenvolvendo o vocalista Paulo Schmidt, que é um grande fã de Mitologia Grega, sugeriu que trabalhássemos essa temática dentro da banda, iniciando pelas letras das músicas, o que se tornou um dos diferenciais na nossa banda.


Paulo Lima

2 - "Power, Lies And Death" tem uma produção impecável e vocais que combinam bastante... demoraram a chegar nessa coesão e sonoridade ótima?
R: Paulo Melo
Obrigado pelo elogio!
Quando entramos em estúdio para gravar basicamente tínhamos em mente a maior parte do que almejamos para o álbum, e ficamos muito felizes com o resultado, pois o álbum tem agradado a maior parte dos ouvintes e da imprensa nacional e internacional.

Com relação a coesão e a sonoridade podemos dizer que o processo não foi rápido, porém tivemos uma evolução natural e fluída para que chegasse a este resultado.

Conforme citei no início, o nosso foco era a criação de músicas que abrangessem as nossas influências de Thrash Metal e Death Metal, mas logo nos primeiros ensaios percebi que os riffs e frases melódicas surgiam naturalmente, provenientes obviamente das influências de heavy metal tradicional e Power metal. 

Com o passar do tempo incorporamos orquestras as composições, o qual aliado a temática, se mostrou um grande diferencial e finalmente com a entrada da Annia Bertoni, durante o processo de gravação de Power, Lies and Death, para dividir os vocais com o Paulo Schmidt que conseguimos concluir o conceito que tínhamos apenas nas nossas mentes, que era o de ter uma música com variações de andamentos, melodias, timbres e principalmente as variações vocais, o que remete diretamente ao conceito de opera rock.


3 - A temática que vocês escolheram para as canções são de ótimo gosto... poderiam explicar um pouco dessa influência?
R: Paulo Schmidt
Sempre admirei trabalhos conceituais, acho um trabalho profundo com um resultado final muito bom, e em outras bandas que passei inclusive com o guitarrista Paulo Melo, quando tive a oportunidade de compor, eram letras com temas avulsos.
Ao entrar na banda tive a liberdade de compor como quisesse e depois de algumas músicas propus fazer algo conceitual não só em um único álbum, mas que fosse o tema dos nossos trabalhos a partir de então, sugerindo inclusive alguns nomes dentre os quais Megaira foi aceito como o nome da banda.
Desde criança sempre gostei de histórias como a do Minotauro e o labirinto, da Medusa, Tróia e tantas outras vistas em filmes, desenhos, livros, até jogos de video game.
Inclusive batizei minha primeira filha com um nome da mitologia e cada vez mais me interessei por pesquisar sobre o assunto, terminando por ter a chance de fazer toda essa conjunção na Megaira. 

Se formos reparar a nossa volta estamos rodeados de elementos da cultura grega, que é um dos pilares da cultura ocidental, na arquitetura, nas artes, na sua literatura e mitologia riquíssima em histórias e personagens, que abriu um leque grande de possibilidades na minha mente, que casariam perfeitamente com nosso tipo de som pesado e melodioso.

Por fim, com a entrada da Annia Bertoni, dividindo os personagens comigo, aumentou essa mescla complementando o que faltava em questão de encenação com os elementos da música.


Annia Bertoni

4 - Os figurinos e acessórios usados na banda tem produção por você Annia Bertoni... quais suas inspirações para a criação dos materiais?
R: Annia Bertoni
Por ser designer de joias e ourives possuo uma intimidade em trabalhar com o metal e minha linha de criação sempre teve um estilo e linguagem Biomecânico, com influência do artista H R Giger, mesclado ao Steampunk e Arte Surrealista.

Diante da temática da Megaira sobre a Mitologia Grega abriu-se uma gama de possibilidades para unir as minhas habilidades com referências históricas na possibilidade de trazer ao palco uma releitura das personagens de uma forma mais moderna usando o metal para a construção desses acessórios, resgatando assim a cultura do teatro de arena grego.

Confesso que o processo criativo para os acessórios e figurino foi feito com muito cuidado para que não ficasse muito over ou desse a impressão que a banda traria ao palco um espetáculo de ópera rock para ser apenas assistido, tinha que ser marcante, mas não poderia tirar a emoção e o foco da música que está sendo executada, então a ideia era que os acessórios e o figurino fossem um complemento para imergir o espectador por completo no nosso mundo.

A primeira peça que criei foi a máscara do Minotauro e mandei para a banda para ver o que achavam, por sorte piraram na máscara! Daí para a frente criei a mão livre a coroa Borealis da princesa Ariadne, as asas do Ícaro e por último a coroa do Rei Minos, que já possuía o design pronto na capa criada lindamente pelo Leandro Furlanetto, mas foi a peça mais trabalhosa por conta dos detalhes milimétricos. 

Acredito que tudo se alinhou muito bem porque ao final dos shows recebemos sempre muitos elogios por todo o conjunto da obra e isso nos deixa muito felizes!


5 - Recentemente fizeram o primeiro show promovendo o debut, não é mesmo? 
Como foi a recepção e o show em si na visão da banda?
R: Paulo Lima / Tom Petram
Foram 2 shows neste final de ano: um em Mauá - SP (18/11) e outro em Campinas - SP (24/11).

Antes dos shows nosso baixista Tiago Souza sofreu um grave acidente em sua mão esquerda, que o impossibilitou de se apresentar com a banda.
Com o incidente nosso guitarrista Tom Petram assumiu o baixo para não cancelarmos esses dois shows.
Em ambos tivemos uma ótima recepção do pessoal, e percebemos que houve uma mistura de sensações.

O pessoal queria prestar atenção no nosso show, devido à performance da Annia com o Paulo Schmidt e ao mesmo tempo queriam sair quebrando tudo com o peso do som.

No final dos 2 shows fomos abordados pelo pessoal que esteve nos eventos e só recebemos elogios.


Paulo Schmidt

6 - Pensam em investir em vídeos ou mesmo lyric videos?
R: Tiago Souza
Sim, estamos para iniciar as gravações de um vídeo clipe no início de Janeiro.
Pretendemos fazer alguns lyric vídeos também, mas ainda está em aberto a ideia, pela possibilidade de lançar mais de um vídeo clipe.


7 - Annia, vou tocar em um assunto chato mas prometo ser breve... Como você lida com aqueles comentários idiotas sobre o papel da mulher no Rock/Metal?Temos tantas bandas ótimas com mulheres e mesmo assim alguns insistem no desdenho... você já sofreu com algo por isso?
R: Annia Bertoni
Infelizmente já sofri sim! Como eu lido? Bom, primeiro eu reviro os olhos (hahaha), respiro fundo e em seguida vou e mostro o PORQUE eu fui a escolhida para estar lá literalmente “empunhando” o microfone! 

Já toquei em muitos lugares que ao chegar e verem que uma mulher está no palco cruzam os braços e fecham a cara esperando nada de você além de enfeitar a cena, e é nessa hora quando você começa a cantar olhando bem no fundo dos olhos dessas pessoas, muitas vezes homens infelizmente, que você coloca toda a sua potência e energia para fora que essas pessoas desmontam.

Quantas vezes não cheguei ao local e ouvi  a detestável frase do tipo “pelo menos essa aí é gostosa” e no início do show os olhos do cara estalam e no final esse mesmo figura enlouquecido vem te cumprimentar respeitosamente e te dá a mão e fala “ uau! Você é um monstro! Caramba, não esperava, me surpreendeu!” Ou simplesmente ergue os braços para aplaudir.

Certa vez até ouvi de um cara “Tem muito homem que não tem o culhão que você tem no palco!”(haha).
Mas infelizmente esse é um cenário que nós mulheres ainda temos que ser firmes e enfrentar.

Para você ter uma ideia, certa vez em uma banda um integrante saiu justamente porque eu havia entrado na formação e ele disse na minha cara que achava nada a ver mulher no Metal e que particularmente não gostava de mulher em banda. Ok, fazer o que né!? Que siga a vida feliz e que um dia reconheça que para a música, seja o estilo que for, não cabe este tipo de pensamento misógino.


Tiago Souza

8 - Vocês lidam bem com o Streaming? Existe uma grande discussão e sabemos que o material físico acaba sendo um pouco deixado de lado nos tempos atuais, mas, no rock vemos que os fãs ainda gostam de comprar... acham que a mídia física poderá sair de circulação no futuro?
R:  Paulo Lima / Annia Bertoni
Eu acho que a demanda de mídia física diminuiu sim de uns anos pra cá, mas não a ponto de fazermos pensar que um dia não compensará termos CDs, Vinis e etc para fornecer aos fãs.

Tanto que recentemente o Vinil vem tendo uma demanda maior do que de costume, principalmente no Rock. Nós, no geral, somos bastante conservadores quanto a isso, e sei que sempre vamos ter demanda de material físico, assim como camisetas e outros merchs.

O streaming é um ótimo caminho de divulgação principalmente para bandas novas que estão apresentando seu primeiro trabalho como nós, e quem é fã de fato gosta de possuir o físico e vai atrás.

Por isso, por mais que diminua acho difícil que um dia o material físico acabe de fato, porque quem gosta do trabalho daquela banda ou artista vai querer ter algo palpável, até mesmo para guardar autografado.
É notável que todo mundo gosta de souvenirs e isso é observado principalmente no mundo do Metal que ainda guarda aquele espírito tradicionalista.


9 - O que podemos esperar para 2019?
R: Paulo Melo / Paulo Schmidt
Estamos ansiosos para os próximos shows, a recepção do público e da crítica tem sido ótima e queremos manter este contato que tem sido muito maravilhoso para todos.

Além dos shows, a partir do segundo semestre vamos iniciar o processo de composição do segundo álbum, pois temos muito material para trabalhar e estamos extremamente confiantes que vamos produzir um excelente trabalho.

Podemos adiantar para os fãs que já temos alinhada toda a história, temos já algumas composições instrumentais e algumas letras em curso.

Vai ser um ótimo álbum.


Paulo Melo

10 - Finalizando, gostariam de deixar um recado?
R: Primeiramente agradecer o espaço que a Rock Vibrations está nos proporcionando ao nos conceder esta entrevista!

Somos muitos gratos por todo seu trabalho e apoio, afinal a imprensa é um dos principais pilares junto com os fãs para conquistarmos mais espaço!

E gostaríamos de convidar a todos para nos acompanharem nas redes sociais (Facebook e Instagram) e plataformas de música digital sempre como @MegairaOfficial e visitem nosso site megairaofficial.com para saber das novidades!

Nosso álbum está a venda em nossa loja oficial e em várias lojas na Galeria do Rock em São Paulo. 

Obrigado sempre pelo carinho de todos!


Tom Petram


Fotos por : Marcelo Kaneshira



Quero agradecer pela oportunidade cedida e, deixar o espaço para futuras colaborações!

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