Conheci essa banda neste ano de 2018 e logo fiquei impressionado pelo profissionalismo, dedicação, figurino e também talento que possuem.
É notório o quanto bandas brasileiras são superiores em vários aspectos se comparadas à muitas pelo mundo, e neste caso, a Megaira figura entre grandes nomes.
Arte do Álbum |
Confira abaixo o nosso bate papo com a banda sobre inúmeros assuntos :
1 - Como foi o início da banda?
R: Paulo Melo
A banda foi formada no ano de 2009, na cidade de São Bernardo/SP, e desde o início o foco sempre foi trabalhar com material autoral, que inicialmente tinha como principal influência o Thrash Metal e o Death Metal.
A banda foi formada no ano de 2009, na cidade de São Bernardo/SP, e desde o início o foco sempre foi trabalhar com material autoral, que inicialmente tinha como principal influência o Thrash Metal e o Death Metal.
Nos primeiros meses escrevíamos músicas com temas voltados para questões sociais e políticas, porém conforme as composições foram se desenvolvendo o vocalista Paulo Schmidt, que é um grande fã de Mitologia Grega, sugeriu que trabalhássemos essa temática dentro da banda, iniciando pelas letras das músicas, o que se tornou um dos diferenciais na nossa banda.
Paulo Lima |
2 - "Power, Lies And Death" tem uma produção impecável e vocais que combinam bastante... demoraram a chegar nessa coesão e sonoridade ótima?
R: Paulo Melo
Obrigado pelo elogio!
Quando entramos em estúdio para gravar basicamente tínhamos em mente a maior parte do que almejamos para o álbum, e ficamos muito felizes com o resultado, pois o álbum tem agradado a maior parte dos ouvintes e da imprensa nacional e internacional.
Com relação a coesão e a sonoridade podemos dizer que o processo não foi rápido, porém tivemos uma evolução natural e fluída para que chegasse a este resultado.
Conforme citei no início, o nosso foco era a criação de músicas que abrangessem as nossas influências de Thrash Metal e Death Metal, mas logo nos primeiros ensaios percebi que os riffs e frases melódicas surgiam naturalmente, provenientes obviamente das influências de heavy metal tradicional e Power metal.
Com o passar do tempo incorporamos orquestras as composições, o qual aliado a temática, se mostrou um grande diferencial e finalmente com a entrada da Annia Bertoni, durante o processo de gravação de Power, Lies and Death, para dividir os vocais com o Paulo Schmidt que conseguimos concluir o conceito que tínhamos apenas nas nossas mentes, que era o de ter uma música com variações de andamentos, melodias, timbres e principalmente as variações vocais, o que remete diretamente ao conceito de opera rock.
3 - A temática que vocês escolheram para as canções são de ótimo gosto... poderiam explicar um pouco dessa influência?
R: Paulo Schmidt
Sempre admirei trabalhos conceituais, acho um trabalho profundo com um resultado final muito bom, e em outras bandas que passei inclusive com o guitarrista Paulo Melo, quando tive a oportunidade de compor, eram letras com temas avulsos.
Ao entrar na banda tive a liberdade de compor como quisesse e depois de algumas músicas propus fazer algo conceitual não só em um único álbum, mas que fosse o tema dos nossos trabalhos a partir de então, sugerindo inclusive alguns nomes dentre os quais Megaira foi aceito como o nome da banda.
Desde criança sempre gostei de histórias como a do Minotauro e o labirinto, da Medusa, Tróia e tantas outras vistas em filmes, desenhos, livros, até jogos de video game.
Inclusive batizei minha primeira filha com um nome da mitologia e cada vez mais me interessei por pesquisar sobre o assunto, terminando por ter a chance de fazer toda essa conjunção na Megaira.
Se formos reparar a nossa volta estamos rodeados de elementos da cultura grega, que é um dos pilares da cultura ocidental, na arquitetura, nas artes, na sua literatura e mitologia riquíssima em histórias e personagens, que abriu um leque grande de possibilidades na minha mente, que casariam perfeitamente com nosso tipo de som pesado e melodioso.
Por fim, com a entrada da Annia Bertoni, dividindo os personagens comigo, aumentou essa mescla complementando o que faltava em questão de encenação com os elementos da música.
Annia Bertoni |
4 - Os figurinos e acessórios usados na banda tem produção por você Annia Bertoni... quais suas inspirações para a criação dos materiais?
R: Annia Bertoni
Por ser designer de joias e ourives possuo uma intimidade em trabalhar com o metal e minha linha de criação sempre teve um estilo e linguagem Biomecânico, com influência do artista H R Giger, mesclado ao Steampunk e Arte Surrealista.
Por ser designer de joias e ourives possuo uma intimidade em trabalhar com o metal e minha linha de criação sempre teve um estilo e linguagem Biomecânico, com influência do artista H R Giger, mesclado ao Steampunk e Arte Surrealista.
Diante da temática da Megaira sobre a Mitologia Grega abriu-se uma gama de possibilidades para unir as minhas habilidades com referências históricas na possibilidade de trazer ao palco uma releitura das personagens de uma forma mais moderna usando o metal para a construção desses acessórios, resgatando assim a cultura do teatro de arena grego.
Confesso que o processo criativo para os acessórios e figurino foi feito com muito cuidado para que não ficasse muito over ou desse a impressão que a banda traria ao palco um espetáculo de ópera rock para ser apenas assistido, tinha que ser marcante, mas não poderia tirar a emoção e o foco da música que está sendo executada, então a ideia era que os acessórios e o figurino fossem um complemento para imergir o espectador por completo no nosso mundo.
A primeira peça que criei foi a máscara do Minotauro e mandei para a banda para ver o que achavam, por sorte piraram na máscara! Daí para a frente criei a mão livre a coroa Borealis da princesa Ariadne, as asas do Ícaro e por último a coroa do Rei Minos, que já possuía o design pronto na capa criada lindamente pelo Leandro Furlanetto, mas foi a peça mais trabalhosa por conta dos detalhes milimétricos.
Acredito que tudo se alinhou muito bem porque ao final dos shows recebemos sempre muitos elogios por todo o conjunto da obra e isso nos deixa muito felizes!
5 - Recentemente fizeram o primeiro show promovendo o debut, não é mesmo?
Como foi a recepção e o show em si na visão da banda?
R: Paulo Lima / Tom Petram
Foram 2 shows neste final de ano: um em Mauá - SP (18/11) e outro em Campinas - SP (24/11).
Foram 2 shows neste final de ano: um em Mauá - SP (18/11) e outro em Campinas - SP (24/11).
Antes dos shows nosso baixista Tiago Souza sofreu um grave acidente em sua mão esquerda, que o impossibilitou de se apresentar com a banda.
Com o incidente nosso guitarrista Tom Petram assumiu o baixo para não cancelarmos esses dois shows.
Em ambos tivemos uma ótima recepção do pessoal, e percebemos que houve uma mistura de sensações.
O pessoal queria prestar atenção no nosso show, devido à performance da Annia com o Paulo Schmidt e ao mesmo tempo queriam sair quebrando tudo com o peso do som.
No final dos 2 shows fomos abordados pelo pessoal que esteve nos eventos e só recebemos elogios.
Paulo Schmidt |
6 - Pensam em investir em vídeos ou mesmo lyric videos?
R: Tiago Souza
Sim, estamos para iniciar as gravações de um vídeo clipe no início de Janeiro.
Sim, estamos para iniciar as gravações de um vídeo clipe no início de Janeiro.
Pretendemos fazer alguns lyric vídeos também, mas ainda está em aberto a ideia, pela possibilidade de lançar mais de um vídeo clipe.
7 - Annia, vou tocar em um assunto chato mas prometo ser breve... Como você lida com aqueles comentários idiotas sobre o papel da mulher no Rock/Metal?Temos tantas bandas ótimas com mulheres e mesmo assim alguns insistem no desdenho... você já sofreu com algo por isso?
R: Annia Bertoni
Infelizmente já sofri sim! Como eu lido? Bom, primeiro eu reviro os olhos (hahaha), respiro fundo e em seguida vou e mostro o PORQUE eu fui a escolhida para estar lá literalmente “empunhando” o microfone!
Infelizmente já sofri sim! Como eu lido? Bom, primeiro eu reviro os olhos (hahaha), respiro fundo e em seguida vou e mostro o PORQUE eu fui a escolhida para estar lá literalmente “empunhando” o microfone!
Já toquei em muitos lugares que ao chegar e verem que uma mulher está no palco cruzam os braços e fecham a cara esperando nada de você além de enfeitar a cena, e é nessa hora quando você começa a cantar olhando bem no fundo dos olhos dessas pessoas, muitas vezes homens infelizmente, que você coloca toda a sua potência e energia para fora que essas pessoas desmontam.
Quantas vezes não cheguei ao local e ouvi a detestável frase do tipo “pelo menos essa aí é gostosa” e no início do show os olhos do cara estalam e no final esse mesmo figura enlouquecido vem te cumprimentar respeitosamente e te dá a mão e fala “ uau! Você é um monstro! Caramba, não esperava, me surpreendeu!” Ou simplesmente ergue os braços para aplaudir.
Certa vez até ouvi de um cara “Tem muito homem que não tem o culhão que você tem no palco!”(haha).
Mas infelizmente esse é um cenário que nós mulheres ainda temos que ser firmes e enfrentar.
Para você ter uma ideia, certa vez em uma banda um integrante saiu justamente porque eu havia entrado na formação e ele disse na minha cara que achava nada a ver mulher no Metal e que particularmente não gostava de mulher em banda. Ok, fazer o que né!? Que siga a vida feliz e que um dia reconheça que para a música, seja o estilo que for, não cabe este tipo de pensamento misógino.
Tiago Souza |
8 - Vocês lidam bem com o Streaming? Existe uma grande discussão e sabemos que o material físico acaba sendo um pouco deixado de lado nos tempos atuais, mas, no rock vemos que os fãs ainda gostam de comprar... acham que a mídia física poderá sair de circulação no futuro?
R: Paulo Lima / Annia Bertoni
Eu acho que a demanda de mídia física diminuiu sim de uns anos pra cá, mas não a ponto de fazermos pensar que um dia não compensará termos CDs, Vinis e etc para fornecer aos fãs.
Eu acho que a demanda de mídia física diminuiu sim de uns anos pra cá, mas não a ponto de fazermos pensar que um dia não compensará termos CDs, Vinis e etc para fornecer aos fãs.
Tanto que recentemente o Vinil vem tendo uma demanda maior do que de costume, principalmente no Rock. Nós, no geral, somos bastante conservadores quanto a isso, e sei que sempre vamos ter demanda de material físico, assim como camisetas e outros merchs.
O streaming é um ótimo caminho de divulgação principalmente para bandas novas que estão apresentando seu primeiro trabalho como nós, e quem é fã de fato gosta de possuir o físico e vai atrás.
Por isso, por mais que diminua acho difícil que um dia o material físico acabe de fato, porque quem gosta do trabalho daquela banda ou artista vai querer ter algo palpável, até mesmo para guardar autografado.
É notável que todo mundo gosta de souvenirs e isso é observado principalmente no mundo do Metal que ainda guarda aquele espírito tradicionalista.
9 - O que podemos esperar para 2019?
R: Paulo Melo / Paulo Schmidt
Estamos ansiosos para os próximos shows, a recepção do público e da crítica tem sido ótima e queremos manter este contato que tem sido muito maravilhoso para todos.
Além dos shows, a partir do segundo semestre vamos iniciar o processo de composição do segundo álbum, pois temos muito material para trabalhar e estamos extremamente confiantes que vamos produzir um excelente trabalho.
Podemos adiantar para os fãs que já temos alinhada toda a história, temos já algumas composições instrumentais e algumas letras em curso.
Vai ser um ótimo álbum.
Paulo Melo |
10 - Finalizando, gostariam de deixar um recado?
R: Primeiramente agradecer o espaço que a Rock Vibrations está nos proporcionando ao nos conceder esta entrevista!
Somos muitos gratos por todo seu trabalho e apoio, afinal a imprensa é um dos principais pilares junto com os fãs para conquistarmos mais espaço!
E gostaríamos de convidar a todos para nos acompanharem nas redes sociais (Facebook e Instagram) e plataformas de música digital sempre como @MegairaOfficial e visitem nosso site megairaofficial.com para saber das novidades!
Nosso álbum está a venda em nossa loja oficial e em várias lojas na Galeria do Rock em São Paulo.
Obrigado sempre pelo carinho de todos!
Tom Petram |
Fotos por : Marcelo Kaneshira
Quero agradecer pela oportunidade cedida e, deixar o espaço para futuras colaborações!