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terça-feira, 11 de fevereiro de 2020

Rock Vibrations Entrevista : Vulcano


Novas parcerias sempre geram oportunidades únicas, ainda mais quando você sabe do profissionalismo das pessoas envolvidas, e neste caso devo agradecer ao brother Patrick Souza, um dos responsáveis pelo ótimo conteúdo da "Sangue Frio Produções" que logo no inicio de 2020 começou a fazer parte do nosso casting de parceiros, nos dando a ótima oportunidade para resenhar antecipadamente o mais novo álbum do "Vulcano", "Eye In Hell".

Mas não parou por aí, pois também tivemos a oportunidade de entrevistar uma das personalidades mais icônicas do nosso Metal brasileiro, o guitarrista Zhema Rodero.

Abaixo, confira nosso bate papo :


1 - Primeiramente devo parabenizá-lo pelo ótimo trabalho em "Eye In Hell" (tive acesso antecipado ao álbum via "Mighty Music/Sangue Frio Produções" para resenhá-lo).
Sabemos que um novo álbum gera uma grande expectativa, principalmente após o grande público ouvir o single "Bride of Satan", mas, o que você considera ser o destaque nele? 
Zhema Rodero: Eu penso que, se existe um destaque desse álbum, ele foge ao meu alcance perceptivo porque eu os escrevi ou compus como dizemos em português, de uma maneira diferente daquela que eu costumava fazer. 

Basicamente eu criava um “riff” e o guardava em minha “gaveta de riffs” e então em um determinado momento no tempo eu resgatava esse “riff” e se fosse bom eu desenvolvia uma música em cima dele, começo, meio e fim. Em seguida eu o apresentava ao Arthur “von barbarian” para os arranjos de bateria. 

Nesse álbum eu até busquei alguns “riffs” em “minha gaveta de riffs”, mas a maioria eu fiz no momento e o novo baterista, Bruno Conrado havia entrado no VULCANO há menos de 3 meses. Eu nunca havia tocado com ele antes e tampouco conhecia o potencial dele. 

Hoje eu posso afirmar que eu poderia abusar muito mais nas composições com relação a andamentos e divisões.   


2 - Algumas canções estão brutais e cheias de riffs insanos, aliás, um grande trabalho nas 6 cordas e de bateria (alguns "blast-beats" vem de um lado mais extremo e raivoso do Metal).
Seu modo de compor ainda é o mesmo dos primeiros álbuns?sou guitarrista e particularmente acho seus riffs muito inspiradores. 
Zhema Rodero: Sim, eu ainda componho da mesma maneira como eu fazia antigamente, porém agora eu entendo perfeitamente aquilo que eu julgava ser uma deficiência minha no passado. 

Muitos diziam que minhas músicas eram ímpares e todas as vezes que trocávamos de músicos na banda, havia aquela “tendência natural” de “arredondar” as músicas já feitas e inclusive gravadas em álbuns. 

Eu naturalmente sempre penso em compassos compostos e/ou complexos, não é proposital é algo natural para mim resolver “riffs” em 6, 9 ou 12 e bases para voz e solos em compassos complexos principalmente 7/4 e 5/4. 

Isso não quer dizer que todas as músicas são assim, mas é uma tendência natural minha. 

3 - A arte de "Eye In Hell" ficou muito boa e segue uma linha interessante em meio ao que o álbum acrescenta liricamente falando...Em seus últimos lançamentos, as canções seguiam uma linha que as conectavam e isso é legal em certo ponto, mas ao mesmo tempo, vemos que agora as faixas possuem "vida própria", com direcionamentos diferentes para cada, o que não soou estranho para mim, pois ficaram coesas.
Quando estavam na fase de criação, você pensou em muitos pontos específicos para chegar nesses temas ou já vinha com algo digamos, "desenhado"? 
Zhema Rodero: Esse é outro aspecto diferente nesse álbum. Eu sempre gostei muito de escrever e posso até dizer que o Vulcano começou lá no início de 1980 para, de certa forma, ser um veículo de divulgação de meus textos. 

Quando você escreve um livro ninguém se interessa, mas quando você compõe um “rock’n’roll” muitos vão se interessar. Assim eu sempre escrevo frases em papeis, folhas, cadernos e vou guardando isso tudo e depois um dia eu leio aquilo e escrevo sobre e assim vai, 

Então eu sempre escrevia uma trilha sonora para os meus textos já escritos e sempre me preocupava em estabelecer um tema central em que aqueles textos pudessem permear e estabelecer um conceito, 

Eu creio que meu auge foi no EP “The Awakening of an Ancient and Wicked Soul”. 

Desta vez foi o contrário, eu escrevi todas as músicas e depois fiquei ouvindo e então eu escrevia um texto para aquela música em questão, assim esse álbum não carrega um conceito central na lírica, cada letra se encerra nela própria. 
Embora a arte da capa foi muito bem “capturada” pelo Roberto Toderico na música “Eye in Hell” 





4 - Creio que muitos irão adorar "Eye In Hell" e sei também que a mídia vai esperar por um sucessor parecido ou melhor.
Você se preocupa em manter os álbuns com uma linha progressiva como uma "continuação" ou deixa o momento te guiar para um novo trabalho?Particularmente, acho que o músico precisa deixar as idéias fluírem naturalmente (e é o que vejo em seu trabalho). 
Zhema Rodero: Sim, você já matou a resposta na sua pergunta. Cada momento é um momento! 
Embora, um compositor não pode fugir muito daquilo que lhe é próprio. Por exemplo, leio resenhas que comentam “não há nada de novo no trabalho...” mas como fazer algo de novo? 
Eu tenho 61 anos comecei isso tudo lá em uma época em que ainda era possível fazer algo de novo, então o que seria novo? Convidar uma tribo de Tupis Guaranis para percussão e “backing vocals” ... aí não cara!

5 - Eu li há pouco tempo que você havia criado muitas faixas, mas que no final, foram escolhidas as que vemos no álbum... foi muito complicado encontrarem a coesão para que as faixas escolhidas fossem essas? E as que "sobraram", serão aproveitadas? 
Zhema Rodero: Sim eu escrevi e gravamos 18 músicas para que a gravadora escolhesse 9 ou 10 porém eles escolheram 13 músicas. 

Eu não gostei muito disso porque eu acredito que 10 canções é o número ideal para que quer ouvir um álbum. 

Todas as músicas são intensas e brutais, eles tiveram dificuldade em escolher e até mesmo nós, internamente na banda, também tivemos. 
Por exemplo eu fiz uma pergunta na banda que se tivéssemos que deixar de fora 5 músicas, quais seriam? Me veio respostas diferentes. 

Teve até voto para que “Bride of Satan” ficasse de fora, e olha que foi a primeira que a gravadora escolheu.

6 - Já pensaram em lançar algum produto em vídeo como um show da atual turnê em DVD/Blu-Ray, com documentário e clipes em meio a isso também? 
Zhema Rodero: Não vou dizer que não pensei, sim pensei, mas está muito além de nossas possibilidades, Somos um exemplo de “Underground” porque somos uma banda “DIY”. 
Não há interessados e também não temos dinheiro.

7 - Acredito que toda banda deva se preocupar com essa época de streaming e "merch", mas, também é complicado se adaptar a demanda do mercado atual, não é mesmo?O fã/seguidor do Rock costuma colecionar itens (sou um deles), mas você acredita ser viável investir em vários produtos e ter um retorno satisfatório? 
Zhema Rodero: Muitas bandas fazem isso hoje em dia, mas eu não posso me preocupar com esse tipo de coisa. “My primary concern”, como se diz em inglês, é música! É por isso que eu criei uma banda, para fazer música e tocar. 

Esse é meu foco e mesmo assim eu ainda tenho que me preocupar com arranjos, shows, gravações... Evidente que eu não gosto dessa segunda parte, agora tente pensar que ainda assim tenho que ficar atrás de “merchandise”, isso fica para terceiro plano. 
Você pode pensar: “pô, mas vocês são cinco!” Todo o músico do VULCANO tem bandas e projetos paralelos então não é como uma banda dos dias de hoje que dividem tarefas, responsabilidades, mas é claro e certo que eles dão total e irrestrita prioridade ao VULCANO, mas a disponibilidade de tempo pertence à eles. 

Olha só que louco, a Mighty Music me pediu para inseri-la no “team” do VULCANO no “Spotfy” e então eu fui reivindicar meu perfil de artista, cara alguém já fez isso antes de mim (risos). 

Eu ainda tenho sorte que tenho a Sangue Frio Produções como parceiro na Assessoria de Imprensa, porque caso contrário, talvez se dependesse somente de mim você ainda não saberia sobre o “Eye in Hell” e portanto não estaríamos conversando agora!
 
8 - Você é uma das grandes referências em sua posição, além de ter ajudado a criar um álbum clássico do nosso Metal BR como "Bloody Vengeance" (1986).
Quais suas motivações para ainda se manter na música?E mais; consegue ver a sua influência no nosso cenário nesses vários anos passados? 
Zhema Rodero: Minha motivação é suportada pelo reconhecimento de meu trabalho e dedicação a aquilo que mais gosto que é fazer música, gravar álbuns e tocar ao vivo. 

Musicalmente Eu não influenciei ninguém, mas minha atitude e ação serão exemplos sempre!

9 - Você tem ouvido algumas bandas novas? tem gostado de alguma coisa que de repente te influencie e possa até recomendar? 
Zhema Rodero: Olha, eu já estou no “Metal” há mais de 40 anos, e então bandas que possa me influenciar eu não consigo conceber mais, porém bandas que me dá prazer em ouvir existem muitas. 

Não procuro por bandas atuais estrangeiras, eles copiam muito, as brasileiras ao menos têm dignidade, atitude e ação. 

Seria injusto citar 4 ou 5 nomes, mas todos nós do “Underground” sabemos quem são, basta olhar para os últimos 15 anos e saberemos.

10 - Obrigado pela entrevista e disponibilidade... Gostaria de deixar algum recado final?
Zhema Rodero:
Bem, primeiramente estou grato a você e a “Rock Vibrations” pela oportunidade em levar algumas ideias sobre minha banda VULCANO, também agradecer ao leitor pelo entusiasmo de chegar até aqui na leitura, e finalmente dizer para aqueles que não tiveram a oportunidade de conhecer o trabalho do VULCANO, que vão até o Bandcamp e comecem a ouvir nossos álbuns dos atuais para os antigos e somente assim conseguiram entender sobre nós. 

“Keep Banging, always”






O novo álbum da banda chamado "Eye In Hell" chegará ao público no dia 13 de março (via "Mighty Music") e você já pode conferir nosso review antecipado clicando aqui!


Ouça os dois novos singles via Spotify abaixo :
"Bride of Satan" aqui
"Evil Empire" aqui


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