NOTÍCIAS DE ÚLTIMA HORA

terça-feira, 19 de maio de 2020

Scars : Predatory - Review


Se você é o tipo de fã de Thrash Metal clássico que ama riffs viscerais, junções épicas de bateria e baixo, adora vocais que contrastam muito bem com as mais variadas nuances e fica impressionado com solos bem escritos, meu amigo, você está prestes a ler uma resenha que engloba tudo isso, mas não para por aí.

Quando o Scars anunciou sua volta ao cenário, muitos se perguntaram sobre o que realmente estava por vir, e mesmo eu (Vinny) que soube tudo com antecedência, não pude imaginar o "estardalhaço" que isso causaria, porém, tinha uma noção técnica das coisas, entendia que a proposta de um trabalho marcante estava em pauta e mais, que isso chamaria uma atenção especial.

É claro, um novo álbum, um sucessor à altura dos grandes registros que sua carreira sempre nos proporcionou, além do que, com vários elementos imersivos, novidades, novas melodias, era outro assunto muito comentado nos grupos e mídias sociais que todos nós frequentamos mensalmente... mas, será mesmo que você esperava isso acontecer tão rápido?!

Vimos alguns vídeos serem divulgados em um primeiro instante, perfis ganhando cada vez mais atenção e sua página crescer de forma gradativa, afinal, ganhar uma guerra de audiência não é fácil, hoje temos caminhos distintos e segmentados, não somos mais obrigados à tais conceitos que outrora eram base nesse meio, temos tantas escolhas para digerir músicas que dificilmente você conhecerá tudo o que está online ou às vezes mal sabe da existência de 100 ou mais plataformas em 2020 (isso somente em áudio, pois visualmente falando, o número triplica com apps e sites dedicados à essa mensagem).

Sabemos que a banda possui um marco no cenário, são influenciadores há alguns bons anos, levantam a bandeira do Metal (vide a campanha intitulada "Eu Apoio o Metal Nacional) e isso claro, sem contar o lado das suas próprias influências que coincidem com o que seu público busca, aquele papo de amigos sobre tal banda européia ou americana ser boa, mas que no Brasil poderíamos ter algo parecido ou que fosse tão bom quanto... E sim, temos!

"Predatory" chega em um momento crucial que vivemos, estamos em meio a pandemia mundial causada pelo COVID-19, muitas mortes, problemas (sejam financeiros ou de saúde, gestores perdidos, uma massa caminhando por todos os lados sem direções e muitas as vezes, sem seus direitos), uma era diferente, uma nova década que demonstra uma imparcialidade por hora, mas que também serve para refletirmos sobre o dia a dia, a convivência, a chave central para que possamos melhorar, fazer acontecer pouco a pouco o sentido da evolução.

Muito do que você verá neste registro reflete o momento, mas veja bem, de modo algum temos aqui uma obra "negativa", "desalmada", isso são reflexões e verdades na sociedade, vivemos com tais conceitos alheios à olhares e vidas que não prestam atenção ao seu redor; lógico, sendo assim um aviso prévio ou uma forma de se manter vivo e se fazer prestativo ao próximo, então, nada melhor que um grande exemplo musical para que tudo seja exacerbado em sua mente.

Como se espera de um álbum do Thrash Metal, a destruição sonora é evidente e isso podemos conferir logo em seu início com a faixa título, a brilhante "Predatory", tão poderosa que realmente precisava abrir esse registro, seus andamentos e vocais demonstram uma qualidade acima da média, o que certamente você leitor e ouvinte terá uma perspectiva muito positiva do que está por vir nas próximas audições.

Seu tema é muito atual e gera a tal reflexão citada anteriormente sobre o "predador" do planeta estar acabando com várias das formas que conhecemos (ou algumas já extintas) da existência, sejam elas pela natureza em si ou pela forma de egocentrismo gerado pela mente doentia que destrói.
Seu instrumental é eficiente, bem como a forma que é concebida até seu refrão que cativa facilmente, um petardo que promete ficar em sua playlist.

"These Bloody Days" é rápida, tem um peso magistral e mostra uma ótima influência de bandas de décadas passadas, bem como sua "áurea" atual (uma das melhores para você headbanger raiz).
Seu tema leva a mesma forma que começamos a ouvir o álbum, além de demonstrar grandes referências aos famosos serial killers que todos conhecemos (algumas de suas frases são citações dos próprios, inclusive).

"Ancient Power" tem tantas qualidades que fiquei pensando o que listar primeiramente... Os vocais de Regis estão cada vez mais conscientes, beirando a perfeição da vertente (note que sua intro possui sussurros em meio à rituais de bruxas, um passo a frente com a proposta; uma ousadia eficiente), os riffs e andamentos sobram diante de tanta técnica e robustez (acredito que aqui temos uma das melhores faixas do registro, e claro, não perca os solos).

Seu lado místico e único nos transporta para uma jornada no lado oculto da banda, as citações e referências sobre pactos (como os feitos com sangue em troca de experiências) são alguns dos principais pontos aqui (além dela ser uma representação de um dos magos da magistral arte do álbum, o lado maléfico da polaridade).

Partindo para "Sad Darkness of the Soul", vemos a consolidação de uma banda que está na ativa novamente, se você realmente gosta do que esses caras fazem, certamente irá gostar dessa ambientação apresentada até aqui, devo destacar que como banda, o famoso "conjunto da obra", se faz por completo em todas as suas nuances mais minimalistas possíveis (o que fez com que eu admirasse rapidamente o empenho aplicado), e não somente os vocais estão espetaculares, mas o instrumental e refrão que aparecem de forma amigáveis aos ouvidos mais apurados.... É ver para crer!

O lado sombrio e denso é bem notório, assim como sua levada "sabática", pendendo para temas como o do suicídio e suas soluções, pensamentos, angústias.

"The Unsung Requiem" trata-se de um intrumental construído com uma das melhores passagens que a banda já teve em seus discos, aplicando melodias que fazem a sua mente viajar e solos cada vez mais instigando o seu "Paladar de Metal" (procure ouvir com um Headset apropriado ou caixas bem potentes para se aperceber das várias trilhas gravadas que formam uma exibição única de quem entende do assunto). Seu conceito reflete exatamente o que estamos passando atualmente; seu lado fúnebre e denso mostra uma realidade vivenciada por tantos e que têm causado problemas que conhecemos (em outras palavras; um momento sem celebrações).

Em "Ghostly Shadows", fico até perdido com tamanha qualidade, aliás, até o momento ela reflete tudo aquilo que minhas projeções sentiam sobre o que estava por vir neste álbum, cadência, riffs certeiros, solos (perceba os detalhes criados aqui, fazem toda a diferença), e novamente os vocais que, na minha humilde opinião, estão em seu auge neste tracklist.

Ela é uma grata continuação de "Sad Darkness of the Soul", porém, mostrando o lado contrário na dinâmica, exemplificando o que aconteceria caso o suicido estivesse consumado, quais medos ou temores teriam acontecido para a mesma alma que anteriormente tinha a opção de apenas indagar tal maneira de executar?confira e se impressione.

Deixando claro que; toda a obra é bem feita, não deixe passar nada desapercebido, mas aqui, tenho a faixa "chiclete" dos últimos dois dias.

Lembra quando citei sobre o mago da maldade?aqui temos justamente o seu outro pólo, o mago do bem (também visto na arte do álbum), "The 72 Faces of God" (com clara referência as variadas faces de Deus com nomes e identificações para cada religião) tem importância fundamental na temática abordada (lembrando que não se trata de um álbum conceitual, apenas canções que trabalham bem juntas mas que podem ser desconexas de um âmbito geral), possui seu lado místico e único e consegue atrair a cada audição, creio que muito disso venha da ótima junção dos músicos, assim como citei anteriormente, existem mínimos detalhes que precisam de uma atenção especial (e claro, atente-se desde sua intro), bem como a letra espetacular (que também aborda o fato de você ser o seu Deus, de unir sua própria força e propósito)

Chegamos na penúltima faixa, "Beyond the Valley of Despair" (outra referência ao tal mundo sonhado e prometido que é meramente ilustrativo aos olhos que se deixam enganar, baseando-se nu e cru nos conceitos de um mundo que sabemos qual vivemos), e para minha alegria, não tira o alto nível das demais (geralmente, sabemos que um álbum precisa de um respiro natural e certamente algumas faixas irão causar cansaço, mas aqui meu amigo, não tem tempo para choros ou reclamações, a carreta do Scars passa com seus 300km/h até o fim).

De forma consciente executam outro tema muito bem feito, as linhas de baixo e bateria continuam em alta, os riffs cada vez mais criativos e dinâmicas que somente quem tem experiência de sobra pode fazer (ao seu fim, um link com a próxima faixa é criado a partir dos efeitos) e enfim, chegamos em "Violent Show" (que poderia ter sido a faixa de abertura facilmente), e porque digo isso?simples, sua forma e brutalidade; ferocidade, sentimentos abruptos, tudo é muito bem pensado, mostrando que mesmo no fim, deram atenção incessante, é como você entrar em um campo minado e sua única salvação se guiar pelos riffs matadores e os vocais de Regis que novamente fazem um estrago em nossos ouvidos (veja bem, no melhor sentido da palavra).

Seu refrão provavelmente seja o mais acessível e mais encorajador até aqui; mostrando uma banda forte, imponente, um lado bastante latente de quem voltou recentemente e pôde nos entregar um grande trabalho (e suas referências obviamente falam por si só pelo tema, algo que vemos no dia a dia infelizmente com tantas injustiças e mortes em vão).


Acabou?não meu amigo, ainda tem mais haha
Os dois singles que mexeram com o nosso cenário nos últimos meses também estarão prensados, você conhecedor do histórico de grandes singles deve estar atento em "Armageddon" e "Silent Force", aliás, em nossas páginas falamos sobre ambos (além de uma entrevista muito bacana á época).


No geral, temos alguns assuntos/temas com o foco na destruição, no sistema atual de problemas (como citado no início), mas tudo isso soa bem e inteligente; nos leva a pensar bastante e até confesso que após algumas audições (estou com o álbum há 2 dias), pude entender melhor os conceitos que tanto Regis quanto Alex comentavam, é bem legal poder ver esse crescimento e essa nova fase; o desenvolvimento de um dos grandes do cenário se tornar novamente uma potência (e fazer parte disso também é algo incrível, um sentimento impagável).

Regis; Alex, Mitché, Thiago e Gobo estão de parabéns, não consigo imaginar tais canções de outra forma se não com essa pegada, essa linhagem, essa fórmula, tudo soa consciente, as guitarras soam tão bem quanto qualquer álbum nota 10 dos últimos anos, a "cozinha" mostra o porque da necessidade de terem músicos experientes e versáteis (ao vivo será um show a parte), e os vocais... esses vocais fazem toda a diferença (perceba nos últimos anos a evolução que Regis vem trazendo para a sua gama de influências).

A arte de Luís Dourado também é outra parte benéfica deste registro, mostrando um conceito que se funde com as letras catastróficas e caóticas de um mundo dominado por Predadores.

A excelente produção do álbum ficou a cargo de Wagner Meirinho.


Se você ainda tiver dúvidas após minhas palavras acima, tenha a certeza de uma coisa : o Scars voltou!!!


"Predatory" será lançado mundialmente em 7 de agosto via Brutal Records/Sony Music

Deixo aqui o meu agradecimento ao brother Johnny Z. pela oportunidade de ter o contato com o material de forma antecipada (e diga-se, com praticamente 3 meses de antecedência), além claro de agradecer ao Regis e ao Alex, dois grandes caras e que também deram essa oportunidade, fizeram tudo ser possível.


Line-up atual :
Regis F. - Vocais
Alex Zeraib - Guitarra
Thiago Oliveira - Guitarra
Marcelo Mitché - Baixo
João Gobo - Bateria


Tracklist :
1.Predatory 
2.These Bloody Days 
3.Ancient Power
4.Sad Darkness of the Soul
5.The Unsung Requiem - Instrumental
6.Ghostly Shadows
7.The 72 Faces of God
8.Beyond the Valley of Despair 
9.Violent Show
Bonus :
10.Armageddon

ROCK VIBRATIONS NO FACEBOOK!

VISITAS

MAIS LIDAS DA SEMANA!