Se em "Machine Messiah" (2017) víamos vários elementos de "Prog" em seu "Thrash/Heavy" enérgico, em "Quadra" temos o lado extremo muito mais explorado, além da virtuose de Andreas Kisser, e claro, o trabalho primoroso de Derrick Green.
Canções brutais, tempos musicais rápidos e técnicos, tudo soa clean e ao mesmo tempo denso, mantendo uma base feita em uma mixagem incrível, além de nos mostrar alguns elementos que compunham seu passado.
Andreas sem dúvidas está soando muito criativo e mantém seus riffs em uma conexão muito positiva com Derrick que para mim, está em seu auge.
Eloy Casagrande é outro que consegue manter o nível da banda entre os grandes nomes do mundo, seu kit cada vez mais pesado tem groove e ótima dinâmica quando executa viradas e blast-beats certeiros (aliando tudo as linhas de Paulo Jr. para tudo soar extremo).
Este é o tipo de álbum que muitos irão se identificar com várias faixas, por exemplo, "Isolation" demonstra o que se espera do álbum com velocidade e feeling, enquanto que "Last Time" deixa um lado cadenciado em meio ao caos que se tem em suas melodias (aliás, aquela passagem de riffs em dobras antes do solo está perfeita); seguindo com coros e vocais cada vez mais extremos.
Vemos também muitas percussões interessantes (sei que é difícil para alguns tantos gostarem, mas convenhamos, há quanto tempo isso vem sendo inserido no som da banda?20 anos?então já está na hora de se acostumar, né?!), e neste caso atual, trouxe um poderio sonoro.
"Ali" também me surpreendeu pela sua dinâmica, o tempo usado aqui deriva de alguns outros elementos fora do Metal, mas ainda sim a mantém como genuinamente "Thrash", vocais pungentes que se sobressaem no refrão bem escrito (além dos riffs que nos remetem à coisas já criadas por eles e outras que os influenciaram).
Criativo, técnico, rápido e também cadenciado, riffs certeiros para nenhum headbanger de verdade perder, e como citei acima, o melhor trabalho vocal de Derrick Green (muitos diziam que o mesmo teria potencial para cantar ainda mias extremo e realmente estavam certos), tudo isso faz de "Quadra" um álbum marcante.
Eu poderia citar várias faixas aqui como "Guardians Of Earth" (com uma intro de violão clássico de muito bom gosto e elementos bem construídos até seu peso), as consistentes "The Pentagram" (sendo um instrumental para entrar no Hall de grandes referências nacionais) e "Agony Of Defeat" (que tem sua intro feita na faixa anterior "Quadra", novamente trazendo Andreas inspirado) ou então "Fear; Pain; Chaos; Suffering" com a participação da talentosa Emmily Barreto (integrante do "Far From Alaska", uma das boas revelações dos últimos anos) fechando o álbum, ambas com sua importância e criação.
Se você ainda tiver preconceito com essa fase da banda, sinto em dizer que está perdendo um momento bastante criativo, mas se é adepto ao que está acontecendo, irá presenciar um dos melhores álbuns de 2020 e da carreira da banda.
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