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segunda-feira, 13 de julho de 2020

Rock Vibrations Entrevista : Diabo Verde


Em mais uma boa oportunidade, trazemos até você leitor uma nova entrevista em colaboração aos nossos parceiros da Roadie Metal.

Confira abaixo o bate papo com a banda Diabo Verde :

1 - Para iniciarmos, gostaria que falassem sobre o início da banda e suas influências…
A Diabo Verde nasceu no finalzinho de 2010, início de 2011. Eu e o Fellipe (Madureira, guitarra) tocamos juntos desde moleques e quando a banda que estávamos acabou, eu disse a ele que seguiria tocando e perguntei se ele queria me acompanhar.

Falei que ia tocar hardcore que era onde eu fui criado e o que eu sabia fazer melhor e ele também.
Na mesma hora ele topou, eu liguei pro Bruno Baiano (hoje baterista do Uns e Outros) e pro Junior Vernin (baixista do Cabeçudos) que toparam a missão na hora. Expliquei que seria um som calcado num tripé de bandas que pra gente são essenciais: Bad Religion, Pennywise e Rise Against.

Todo mundo ficou louco e o resto é história… *risos*


2 - Gostei bastante do E.P. "Losar"... ele é bem acessível e achei interessante ser cantado em português.
Nos fale um pouco sobre sua concepção e arte, por favor.
O "Losar" é um EP conceitual. É a primeira vez na nossa vida que trabalhamos algo assim. Nenhum dos quatro, nem aqui na Diabo Verde, nem nas outras bandas por onde passou, já fez um disco conceitual que as faixas fossem todas amarradas entre si com apenas um único assunto.

As letras são baseadas em conversas minhas com meu saudoso amigo e ídolo Marcelo Yuka sobre a vida dele. "Karma" é sobre como o Marcelo tratava as vezes as coisas com raiva, ódio e não compreendiam o porquê daquilo voltar a vida dele de forma tão ruim.

É um recorte muito específico antes dele ser um cara famoso e também dos tiros que o deixaram na cadeira de rodas.

"Sankalpa" é o momento exato após os tiros, quando ele abre os olhos no hospital e os médicos contam toda a verdade a ele sobre o estado dele. Só resta a ele vencer ou vencer. E "Sankalpa" é um movimento que eu praticava na yoga, logo no início da aula.

Consiste em fechar os olhos, colocar as mãos juntas, como se fosse rezar - chamada de anjali mudra - esvaziar a mente e repetir uma frase que vai ser o seu mantra, aquilo que você quer atingir, o seu Sankalpa. O meu sempre foi "eu vou vencer!".

Quando o Marcelo me contou isso, percebi que, obviamente sem saber, tínhamos os mesmos desejos.
E aí nasceu a música. "A alavanca" é o momento após a expulsão dele do Rappa e do lançamento de todos os trabalhos dele.

O Yuka percebeu que o grande lance era dividir ao máximo todo o conhecimento que ele tinha para fazer o mundo girar, tal qual uma alavanca faz com uma engrenagem. E conhecimento nunca é demais, além de ser libertador.

Já a última música "Finalmente livre" trata de um dos nossos últimos papos quando ele dizia que tudo que estava ao alcance dele já estava feito e que ele estava cansado de viver daquele jeito, de cadeira de rodas e com todas as limitações que ela o impunha.

Eu sempre argumentei que a família, nós, os amigos deles e os fãs o amavam demais e ele ainda tinha muito o que fazer aqui, mas ele tava cansado. Ele se foi e eu fiquei arrasado por um lado, mas aliviado por outro.

Paralelo a isso, a banda tinha rachado e tinham chegado o Leandro Nô (Ex-Dead Fish) e o Fábio "Bolinha" Barreto (Serial Killer) que trouxeram sangue novo, uma ótimo clima, vontade de trabalhar...era uma espécie de ano novo pra gente, novas perspectivas e também um recomeço para o Yuka, aonde quer que ele esteja.

Pesquisando sobre ano novo, cheguei a palavra "Losar", que é o ano novo tibetano e dura três dias de festa entre família e amigos, mas montanhas. O clima de harmonia que nós e o Yuka precisavam. Tava fechado o conceito!

E o projeto gráfico acabou sendo todo criado pelo Mottilaa e pela Mari Cersosimo do Petit Pois Studio que eram também amigos pessoais do Yuka.

Não poderia ter sido melhor. E a cereja do bolo é o Yuka na capa do EP.


3 - Cantar em português foi uma escolha natural?devo dizer que a dinâmica ficou muito boa, e por mais que estejamos no Brasil, vários ainda apostam no inglês, não é mesmo?!
Foi natural. Funciona muito bem pra gente sim, como se trata de uma banda de hardcore eu acredito que o fato da gente cantar na nossa língua natal faz com que a mensagem fique ainda mais forte, mas confesso que desde o nosso segundo disco, o "Veni, Vidi, Vici!" eu penso sempre em fazer versões em inglês das músicas.

O português é uma língua que poucos países falam e nos tranca aqui no Brasil. O inglês, ainda que a banda não aconteça comercialmente nos EUA, nos abre portas no resto do mundo. Então, não é algo que está descartado escrever músicas em inglês não.

Mas eu gostaria de trabalhar sempre com esse esquema de versões porque trabalhar na nossa língua também é sensacional.


4 - Quais as principais mensagens e conceitos que a banda carrega consigo?conheci o trabalho de vocês há pouco tempo e já estou gostando bastante.
A Diabo Verde é uma banda que têm alguns conceitos muito bem definidos. Nós queremos inspirar as pessoas a serem a melhor versão delas diariamente, mas também, somos uma banda que faz questão de dar abrigo a todos aqueles que o necessitam.

Então, todos aqueles que são tratados como cidadãos de segunda classe - pretos, gays, lésbicas, trans, pobres e etc - são justamente as pessoas que queremos ao nosso lado porque são gente como a gente.

O hardcore / punk, meio onde crescemos e do qual somos crias, não é só uma cena musical, mas política e que tem na empatia com o próximo um dos seus pilares também. Então, as nossas mensagens são escritas e direcionadas para as pessoas boas de coração, honestas e que batalham por um mundo melhor e mais justo e igualitário para todos.


5 - Como tem sido o apoio do público e mídia após o lançamento de "Losar"?Estão atingindo o esperado?
A reação de todo mundo no geral tem sido extremamente positiva. É o nosso terceiro registro, porém, o primeiro com uma formação diferente, então, por mais que Nô e o Bolinha sejam muito experientes e o processo de composição não tenha sido alterado, nós ganhamos dois novos elementos que, na hora de estruturar as músicas, trouxeram novas perspectivas e referências e é claro que isso sempre gera alguma insegurança.

Mas, paralelo a isso, todo mundo estava tão á vontade com as músicas, com o conceito, com tudo, que a coisa naturalmente se equilibrou. Quando as pessoas que seguem a banda ouviram as músicas, rolou uma mistura de sentimentos porque elas acompanharam as lives no nosso Instagram onde apresentamos cada canção e falamos sobre o conceito delas.

As mensagens que recebemos foram inspiradoras de verdade. Na mídia especializada - como vocês aqui e que é o que de verdade conta para nós! - o EP tem sido muito elogiado também. A gente não pode reclamar, só podemos agradecer e torcer pra chegar ao máximo de pessoas no país todo.


6 - Vocês tiveram que adaptar muitas coisas em meio a pandemia?aproveitando, o que a banda tem feito nessa época?estão ouvindo muitas coisas?
Infelizmente, todos os nossos shows foram cancelados. Com isso, o nosso foco ficou em lançar o EP e divulgar ele ao máximo e cuidar de toda a parte de merchandising junto com o Mottilaa, além de organizar os clipes das músicas de tal forma que a banda não fure o isolamento e também não atrase ainda mais a divulgação do trabalho. Ah, e logo deve rolar uma live com a banda tocando a vera!

É um xadrez complicado, mas vamos vencer!

De música, a gente fica muito atento as bandas nacionais aqui como o Surra, Pense, Dead Fish, Manual, Circus, Cannon of Hate, NDR, Plastic Fire, Garage Fuzz, CPM 22, Matanza INC, Força & Honra, Pavio, DFC, Raimundos, RDP, Zander, Norte Cartel, Cabeçudos, enfim, o que não falta é banda boa aqui...


7 - Obrigado pela atenção... gostariam de deixar um recado final?
Muito obrigado pela generosidade conosco. Esse espaço é importante demais para todas as bandas do país e o trabalho que vocês fazem é essencial.

E claro, sigam a Diabo Verde em todas as nossas redes sociais que são @bandadiaboverde: Youtube, Instagram, Facebook, Twitter, Spotify, Deezer, TikTok, site oficial e etc.

O mais importante de tudo: protejam-se! Ouçam a ciência, os médicos e cuidem de quem vocês amam e que amam vocês!

Fiquem bem.


Link :
https://www.facebook.com/BandaDiaboVerde/

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