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sexta-feira, 20 de agosto de 2021

Rock Vibrations Entrevista: Wild Hunt

Em parceria com a Roadie Metal: A Voz do Rock trazemos mais uma banda entrevistada para você conhecer.

Desta vez, Wild Hunt, recheados de conceitos e idéias interessantes...  Confira logo abaixo:


1. Como tem sido a rotina em meio a pandemia?já estão adaptados?
Atrasamos a produção do Hy Breasail em 1 ano, pois ninguém sabia quanto tempo iria durar a pandemia no início. Quando vimos que não acabaria tão cedo, nos planejamos para gravar de forma que continuássemos protegidos, com distanciamento e máscaras e, ao invés de irmos todos para o estúdio, gravarmos a maior parte em meu homestudio e as baterias a distância com o Niko. 

Não foi uma decisão fácil, mas creio que o resultado esteja satisfatório. 

A parte mais complicada foram as vozes, violões e flautas, mas como no meio desse ano eu já havia me vacinado e o técnico de som do estúdio (Orbis) também, ficamos um pouco mais tranquilos para essa fase, sempre de máscara e em ambientes separados quando era necessário ficar sem.

2. Achei muito legal que vocês carregam o conceito de uma banda pagã, afinal, os temas ligados a isso são enormes e entram em muitos aspectos...
Gostaria de saber quais são suas influências e o que pretendem passar com as mensagens inseridas em suas faixas?
Nossa idéia é falar sober paganismo sob uma perspectiva antropológica e histórica, como essas pessoas viviam (e vivem), quais eram seus valores? E principalmente, o que a gente pode aprender com essas culturas. 

Nossa abordagem de um paganismo brasileiro tem o objetivo de trazer o olhar para nosso continente, trazer essas culturas muitas vezes esquecidas pelo do metal, apesar disso estar mudando. Acaba que quem gosta de mistura de música folk com metal dirige seu olhar para a cultura de outros países, principalmente europeus (como eu mesmo fiz no início). Mas aqui tem muita coisa legal. 

Se você for ler Yeats, que relata os contos folclóricos da Irlanda, eles são muito semelhantes ao contos narrados por Lobato no Inquérito do Saci, existem batalhas épicas enormes aqui nas guerras de conquista, e mesmo anteriores, entre guaranis e incas por exemplo, entre os próprios tupinambás. Mas existe uma resistência enorme em tratar sobre o folclore, mitologias, histórias e culturas sulamericanas e brasileiras no metal. 

Queremos contribuir para mudar isso. 

Não é uma negação do que vem de fora, mas boas vindas ao que vem de fora e uma afirmação de que nossa história e cultura é épica, é aterrorizante e interessante, e acima de tudo, tem muito a ensinar.

3. "Ancient Forest Lore" irá mostrar muito do que o álbum tem em essência ou ela é apenas uma amostra?
Ancient Forest Lore é meio que um resumo do disco. 
É claro que tem mais elementos que não são mostrados nessa música, como por exemplo as passagens acústicas. 

A escolha dela como primeiro single partiu de um amigo que ouviu as demos e falou “essa tem que ser o single!”. 
E ela tem cara de single mesmo.

4. O que podem falar sobre o álbum num todo?pela expectativa, acredito que seja algo bem interessante...
Acho que vai ser uma experiência bem rica para o ouvinte. A idéia do disco é se passar numa mitológica/quase-histórica “Era Viracochaiana”, o período em que os Incas estavam em ascenção e em que mitos medievais falavam sobre terras encantadas no Atlântico (entre o ano 1000 e 1500). 

Juntamos uma coisa com a outra, e tá aí uma idéia fenomenal: Hy Breasail, a terra encantada dos europeus, era as américas, com seus povos e civilizações nativas e seus monstros e seres encantados. 

Baseados nesse conceito, tentamos fazer um som agressivo e épico, com flautas que não soem felizes e que estão com uma sonoridade voltada para o “mistério”, a aventura, essas coisas mais “metal”. Acho que essa mistura do som cru com a flauta cria uma sonoridade bem interessante. 

Temos influência do metal extremo é claro, mas tentamos colocar dentro de estruturas mais heavy metal. Além disso, temos influência do folk, da música brasileira, do progressivo brasileiro dos anos 70/80 (Quintal de Clorofila, Bacamarte). Tentamos bater tudo isso no liquidificador e tirar uma sonoridade própria, mas de forma despretensiosa. 

Acho que fomos bem sucedidos.

5. Após o lançamento, acredito que irão apostar em outros singles, certo?e em forma de vídeo?
Temos planejados mais dois singles depois de Ancient Forest Lore. No vídeo desse single, teremos a participação do nosso designer Marcelo Bensabath no baixo. 

O baixo foi gravado na verdade pelo Josaphar, que assumiu posteriormente a guitarra solo com a saída do guitarrista anterior. Mas no meio dessa confusão toda, a gente encontrou essa idéia legal de trazer o Marcelo pro vídeo. 

Em um dos outros singles a gente terá uma participação mais que especial também, que anunciaremos em breve, e é provável que desse single saia um vídeo em formato “collab”.

6. Pude ver que possuem um trabalho gráfico bem legal e isso é muito importante hoje em dia, tendo em vista principalmente a internet.
Assim como a maioria das bandas, pensam em manter sempre uma linha de áudio visual padronizada, até por conta de vertente que transitam?
O Marcelo Bensabath (@thedarkside.art) tem sido essencial, porque eu sempre componho pensando em imagens e ele ajuda a realizar essas imagens mentais. 

No caso do primeiro disco “Awakening of the Wilds Spirits” foi mais fácil, porque o Wild Hunt é um tema do folclore europeu, já tem quadros sobre isso, tinha a base do quadrinho do Slaine. Agora pro Hy Breasail tive que procurar outras referências, e algumas simplesmente não existiam. Quantas imagens existem de um Curupira aterrorizante, que não tenha uma estética “cartunesca”? 

A gente foi procurando juntos e montando o quebra cabeça, achamos o Jaguar God, lembrei do antigo rpg “O Desafio dos Bandeirantes”, e mais imagens que ultimamente uma galera que tá nessa mesma onda tem produzido. 

E assim eu considero que a parte visual da Wild Hunt é parte fundamental da proposta estética, tanto que convidamos o Marcelo pra participar do clipe e ele também aparece na arte do single como membro honorário da banda. 

A proposta da gente tanto sonora quanto visualmente é continuar explorando esse universo mítico-histórico sulamericano.

7. Quais são os planos para os meses seguintes?já pensam em algo específico?
Por enquanto a gente quer terminar de lançar todo o material e curtir um pouco as respostas do pessoal. 
Ainda não dá pra começar a ensaiar mas, assim que esse apocalipse zumbi acabar, a gente entra em estúdio pra preparar um show e ver onde rolad e tocar. 

Já temos um terceiro álbum quase todo composto, mas aprendemos com o Hy Breasail que o processo de produção dele vai ser bem demorado, então vamos trabalhar nele no próximo ano, mas realisticamente só devemos lançar em 2023.

8. Obrigado pela oportunidade, gostariam de deixar um recado final?
Vamos criar um metal brasileiro, como fizeram o Angra, o Sepultura, a Dorsal Atlântica. 

Tem muito espaço pra explorar, às vezes parece que esteticamente o metal não tem muito mais pra onde ir, mas tem inúmeros caminhos literalmente bem embaixo do nosso nariz! 

A rua da Consolação em São Paulo era um caminho indígena chamado peabirú que ia de Santos até Cusco! 
Tem inspiração melhor do que essa?


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