NOTÍCIAS DE ÚLTIMA HORA

quarta-feira, 23 de agosto de 2023

Rock Vibrations Entrevista: Dick Siebert

Certos músicos possuem tanta história e importância dentro de um gênero que dificilmente você irá conseguir mensurar o tanto que aquilo é importante, ainda mais se falarmos de pessoas que ajudaram a moldar um cenário e que serviram de inspiração para as gerações seguintes.

Hoje temos o prazer de trazer nas páginas da Rock Vibrations Official um dos caras mais legais e importantes do nosso cenário Metal, envolvido há décadas no mais puro feeling das 4 cordas e, uma das peças-chaves para a criação do que hoje conhecemos como Thrash/Death Metal no Brasil.

Estou falando de Dick Siebert, baixista do Korzus, que nos falou sobre sua carreira, alguns pontos sobre o momento atual e claro, novidades.

Confira logo abaixo o nosso recente bate-papo:


1. O Korzus está completando 40 anos de muitas histórias... vocês viram muita gente surgir, cresceram e ajudaram a criar um cenário importante, sendo para muitos um dos pilares do nosso Metal.
Dentro dessas 4 décadas de muito trabalho e reconhecimento você acredita ter conquistado os objetivos que desejava lá em 1983?
Dick Siebert: Conquistei muito mais que imaginava, o objetivo era gravar uma demo tape e participar dos festivais de escola (muitos risos).

Em 83 eu tinha uma banda com meus primos, o “Alcatraz”, e participamos do mesmo fetival de escola que o Korzus, foi a primeira apresentação das duas bandas.
Resumindo, o Alcatraz e o Korzus ficaram em terceiro lugar e acabamos ficando amigos. 

Em 84 Pompeu e o Brian me convidaram para tocar no Korzus e em 01 de dezembro de 84 fizemos nossa primeira apresentação no circuito do metal no lançamento do "SP Metal I", daí pra frente já sabem a história.

2. Imagino que seja difícil escolher um momento marcante da carreira mas, qual foi o que você acredita ter sido a virada para o reconhecimento do público e, qual o momento que você mais gosta de lembrar a nível pessoal?
D.S.: Fica difícil de escolher, mas aproveitando a resposta da primeira pergunta a apresentação no festival do "SP Metal I" foi inesquecível, tocar com as bandas que éramos fãs. Tocamos cinco músicas que era nosso repertório e causamos o maior alvoroço que nem nós esperávamos. 

Logo após, em 85, fomos convidados a gravar o "SP Metal II" e a partir deste ponto começamos a conquistar nosso público. Acredito que com a primeira tour na Europa em 92 ajudou a dar um bom impulso e reconhecimento do público. 

E sem dúvida os grandes festivais.

3. Você é um dos caras que mais admiro em questão de groove e peso para as 4 cordas, aliás, um dos que mais entendem do assunto no Brasil.
Quais são suas principais influências no instrumento e o que não pode faltar em seu equipamento?
D.S.: No Metal Geezer Butler, Lemmy, sou fã do Geddy Lee e Les Claypool, gosto também do Jaco Pastorius.

No equipamento tem vários detalhes importantes, o que não pode faltar são meus pedais, afinador, compressor “mxr” e pré DI com drive “Alpha Omega” da Darkglass e cordas “elixir” 0,45 medium.

4. Dentre tantos álbuns importantes de sua carreira, qual você mais tem orgulho de ter gravado e porque?
D.S.: Gosto de vários, cada um tem sua particularidade, mas orgulho foi a coletânea "SP Metal II" por fazer parte das raízes do metal nacional.

Um em especial foi o “KZS” pelo empenho e aprendizado em trabalhar com produtor de ouvido absoluto no qual me fez tocar umas 10 vezes cada música para pegar o melhor take, isto sem computador.

5. O Korzus foi para a Europa ainda no início dos anos 90, certo? como foi essa experiência em uma época que raramente algo desse naipe ocorria?
D.S.: Exatamente isso, raramente. Primeiro que viajar pra fora era coisa de boy, as passagens eram uma fortuna e as oportunidades eram raras. A parada foi bem louca, fomos pra tocar dez shows e acabamos fazendo mais de vinte, sessenta dias rodamos 30 mil km, treze dias sem banho, tocamos em squat’s invadidos, dentro de piscina, tocamos no Marquee Club e até na Sicilia em Palermo e Messina. 

Na França acabamos numa festa do Kiss. Levamos quinhentas camisetas e no embarque havia passado o limite de peso e iria sair uma puta grana, cada um da banda vestiu mais de dez camisetas para suprir o peso (risos) muito louco.

Só para lembrar, tudo na época do telefone e fax era alta tecnologia.

6. Tudo mudou desde que vocês iniciaram, gravar idéias ou mesmo fazer uma transmissão ao vivo ficou a cargo apenas de um tripé e um smartphone.
Hoje temos bandas clássicas usando sistemas Fractal e Kemper a rodo, não precisando mais daquelas enormes caixas e milhares de fios espalhados pelo palco.
Você gosta desse tipo de evolução, mesmo que ainda sejam equipamentos bem caros?
D.S.: A tecnologia está aí para agregar, com um aparelho você tem uma infinidade de recursos, pedais, amplificadores, simuladores num só aparelho, mas sem tirar o mérito e a qualidade de equipamentos analógicos vintage que são maravilhosos e muitos músicos não trocam por nada.

7. Recentemente as vendas de LP subiram iguais as de CDs, algo que não ocorria desde os anos 90.
Eu sou um admirador de material físico, encartes, mas ainda sim uso streaming pela facilidade para trabalhar com as bandas.
Você gosta desses meios digitais para consumir música ou ainda (assim como eu) tem um horário pra botar uma "bolacha" na agulha e curtir aquele bom e velho som old school?
D.S.: Todos os formatos de consumir música são válidos, desde que você tenha os equipamentos funcionando. Sem dúvida prefiro material físico, tenho meus vinis, cds e até os K7 com muitas demos de bandas que nem existem mais ou nem chegaram a gravar um albúm. 

O vinil pelo tamanho para visualizar arte e maravilhoso e o formato digital te acompanha todo dia, está tudo na mão e bem prático. 

8. Você tem uma veia artística muito boa para criar bastante coisa, não é mesmo? como estão os projetos? ainda está produzindo telas e outros produtos? se eu não estiver errado você também faz isso para artistas internacionais, né?
D.S.: Sim, meu relacionamento com a arte veio antes da música e é uma parada que me acompanha desde criança. Continuo produzindo telas a óleo, acrílico, customizo guitarras e os cenários “backdrops’ que pinto fazem 30 anos sendo o segmento mais forte da produção. 

Já fiz para bandas internacionais, Nazareth, B real, Incantation e também para nossas bandas que também são internacionais, Sepultura, Angra, Krisiun, Ratos, Shaman... São mais de quinhentas bandas com quase mil cenários.

9. Quais os planos para o futuro próximo?
D.S.: Começamos as composições do novo álbum que no momento é prioridade e logo mais teremos os shows comemorando quatro décadas.

10. Muito obrigado pela oportunidade de disponibilizar um tempo para conversarmos, gostaria de deixar um recado final? o espaço é seu... até a próxima!
D.S.: Eu que agradeço de compartilhar nossas histórias com vocês e com a rapaziada que nos acompanha até hoje, isso é o nosso combustível.

Não se esqueçam, “Gentileza gera Gentileza”.


Foto por André Tedim


Agradecemos a Isabelle Mirannda pela parceria e oportunidade desta entrevista.


Links:

ROCK VIBRATIONS NO FACEBOOK!

VISITAS

MAIS LIDAS DA SEMANA!