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sexta-feira, 8 de maio de 2020

Rock Vibrations Entrevista : Morpheus' Dreams


Alguns projetos sempre surpreendem por sua qualidade, concepção, elementos gráficos, tudo está muito conexo quando o talento é notório, não é mesmo?!

A Morpheus Dreams é um desses casos que já divulguei por aqui, um projeto muito bem elaborado, muito bem pensado, executado com primor pelos ótimos músicos envolvidos e claro, mantendo a qualidade que se espera a cada faixa executada.

Christian Buchhaas é o idealizador e único membro fixo do projeto (tendo uma lista seleta de nomes que participaram do excelente álbum "What Dreams May Come?" de 2017), trazendo nada mais que ótimas vibrações.

Abaixo, você pode conferir o longo bate papo que tivemos sobre sua carreira, dentre muitos outros assuntos :


1 - Iniciando o nosso papo, fale um pouco sobre o começo da sua carreira...
Bom, comecei a tocar em 1992, 1993, iniciei meus estudos com Ricardo Vignini, que hoje é conhecido pelo Duo "Moda de Rock", que faz versões de clássicos do Rock e Heavy Metal com violas caipiras. 

Em 1996 entrei no Conservatório Souza Lima, aonde cheguei a fazer aulas com Kiko Loureiro (Angra/Megadeth) e depois em 1999 ingressei na FAAM, no curso de composição, aonde me formei em 2003. Cheguei a fazer um pouco de violão Flamenco, mas infelizmente meu professor teve de sair do país... hoje estudo por conta.

Entre o Conservatório e a faculdade comecei a montar minhas bandas, sempre com foco no autoral, mas também com covers. Sempre misturado.
Aos poucos o conceito da Morpheus foi surgindo.

Em 1998 que ela oficialmente passou a existir. De lá pra cá foram várias formações, muitas experiências, algumas boas, outras nem tanto, mas todas me ensinando muito!! 

Em 2011 e 2012 duas demos foram lançadas com a última formação (a que mais durou e que mais foi pra frente). Em Dezembro de 2014 a banda se separou e eu continuei sozinho, chamei meu grande amigo e produtor Marco Nunes, fomos atrás de todo mundo e gravamos o álbum "What Dreams May Come?".


2 - Quais são as influências e conceitos que você costuma abordar?
Em casa, desde pequeno, lembro de meus pais ouvirem muito World Music, e eu sempre ficava admirado com aquela variedade de sons e instrumentos, com todas aquelas possibilidades e combinações. Isso me influenciou demais, tanto que busco (com muita dificuldade) trazer influências de diversas culturas. Mas não é nada fácil, requer muita pesquisa e gente pra fazer isso (executar tais instrumentos), assim como conseguir encaixar nas composições de forma coerente e musical. 

Dentro das influências musicais neste segmento gosto de grupos como Nyiaz (Irã), Irfan (Bulgária), Loreena Mckennitt, até o próprio Peter Gabriel que faz uma fusão muito boa da música africana.

Dentro do Rock/Metal gosto muito de Nightwish, Iron Maiden, Europe, Yes, The Police, Queen, Pink Floyd e por aí vai. Como músicos tenho como ídolos Yngwie Malmsteen, Kee Marcelo (Ex-Europe), Jake E. Lee (Ex-Ozzy Osbourne, Ex-Badlands e atual Red Dragon Cartel), Alex Skolnick (Testament), Paco de Lucia. Cantores, gosto muita da Johnette Napolitano (Ex- Concrete Blonde) e do Kevin Martin (Candlebox), além dos ícones do Metal, claro. Bruce, Geoff Tate, Dio, Tarja, etc

Essas são as influências musicais que consegui lembrar. Mas elas também vão pra parte literária.

Neil Gaiman, é uma das grandes influências da Morpheus, especialmente pelos contos de Sandman. Posso dizer que dois pilares fundamentais da banda são a fusão musical e o universo onírico. 

Em função disso os temas que abordo vão muito de mitologia, história e estórias/contos, além de vivências pessoais.


3 - Suas canções são sempre conceituais como foi citado anteriormente e trazem abordagens bem interessantes em seus vários aspectos líricos e também no lado instrumental com um cuidado muito grande.
Você costuma trazer elementos através de um instrumento específico primeiro ou as coisas surgem naturalmente em sua mente?por exemplo, para alguns músicos, escrever um riff é um "ponto de partida".
Acredito que cada músico tenha sua forma de compor, e não acho que seja uma regra pra eles. Pra mim não é. Sei as formas que funcionam melhor e uso elas, mas sempre me mantenho aberto a outras quando elas vem. Nunca represo o processo composicional, se ele vem de um jeito trabalho daquele jeito, depois eu me viro pra encaixar tudo (muitos risos).

MAS, o processo que funciono melhor é começar pelo instrumental, criando os riffs e estruturando a música desta forma, passo-a-passo, sessão a sessão. Depois linhas de voz e letra pra fechar. Mas, não é via de regra.

A música "Shakespeare's Secret Garden" começou pela letra. A abertura, "Emeraldine", eu fiz um mapa no papel, e depois trabalhei com o tecladista (Dio Lima). 

Pela idade da Morpheus (22 anos) já tenho bastante material guardado, diversos fragmentos que poderão e serão usados em seu devido tempo. As idéias vem e vou guardando, até chegar a vez delas, o que pode levar tempo.

Mas também aprendi, com este primeiro álbum, uma nova forma de criar e organizar o raciocínio: criar por elementos fixos (cores, minerais, cidades, etc).
Reparei que o "What Dreams May Come?" trás cores marcantes não só na arte, mas também nos temas das músicas, então dei ao álbum uma caracterização cromática: ver e amarelo.

Estou usando isso já no próximo álbum (mas com outras cores, e usei elas pra pesquisar todos os temas que serão abordados). Claro, as vezes alguma música encaixa no álbum, mas a cor não.

Liberdade acima de tudo, é uma linha guia, não uma regra inviolável.


4 - Trazer nomes conhecidos para o seu projeto foi uma sacada muito boa; porém, não é fácil realizar tal feito.
Como você chegou aos nomes envolvidos?existiu uma pré indicação antes de poder contar com eles?pensou em nomes que não fizeram parte?
Foi uma bela sacada, e foi sem querer (muitos risos) na época não fiz pensando nisso, pensei apenas em arrumar profissionais de excelência. 

Na época eu assinava com a MS Metal Press, e o dono me ajudou com alguns dos nomes. O Dio Lima (Teclado e Acordion), Bruno Ladislau (Baixo - em tempo, o Bruno foi baixista do André Matos), e o próprio Alírio Netto.

Como eu fiz uma versão da música "Sob o Sol", feita pelo compositor Marcus Viana para a abertura da novela "O Clone", convidei ele para participar... mas neste caso não deu certo, apesar de eu ter falado diretamente com ele. Tentei de novo agora no lançamento da versão exclusiva com o Alírio, mas não deu de novo. Uma hora vai.

Hoje penso sim nas participações, pelo tanto de qualidade e valor que elas agregam, e claro, não dá pra ignorar o fato de que também ajuda na divulgação, e isso não é errado.

A união faz a força, não é mesmo?



Ouça o álbum via Spotify clicando aqui



5 - O apoio do público e da mídia tem sido o esperado por você?acredita que algo possa ser feito para que tenha um equilíbrio nesses fatores?
Apoio...fale-me mais a respeito disso (muitos risos).
Olha, as pessoas próximas (família, namorada, grandes amigos) apoiam sim. Aos poucos, algumas pessoas que conhecem e curtem o trabalho vestem a camisa e ajudam também, viram fãs, compram CD, fazem download, ajudam a divulgar e a engajar e isso vai aumentando.... aos pooooucos.

Tem gente sim, e tenho pessoas que tem me dado um grande suporte, muitos por me conhecerem e tantos outros por terem se apaixonado pelo trabalho e sou grato a cada uma delas. Diversos websites também deram suporte e sou grato a cada um pelo espaço (e vocês estão nesta lista :D obrigado, amigos), MAS, rádios...grande mídia...revistas maiores...zzzzZZZzzz.
O suporte é de mínimo pra nulo. Em tempo: hoje vemos sim mais espaço pra grupos autorais e de menor porte, não tinhamos isso há alguns anos, mas ainda são espaços pequenos e o acesso também não é, ainda, o ideal.

E o público ainda tem um pouco do "se é banda de amigo", tá indicando porque é amigo, familiar....aquela coisa do "ahhh, não é um artista internacional".
Parece que tem de ter o glamour da fama para ser muito ouvido após a indicação de alguém.

Mas, poxa, é nessa fase, quando não temos quase ouvintes é que precisamos deste apoio, depois a pedra rola sozinha pelo morro através da força da gravidade.


6 - As artes envolvendo seus trabalhos também são outros diferenciais bem legais... como se desenvolve tal material?quem está envolvido?você cria os conceitos visuais ou apenas direciona?
Obrigado, Vinny!! As artes estão sensacionais!!
Quem as fez foi o Carlos Fides, ele é uma das referências nacionais, baita artista!! 

Quem faz é ele, mas eu procuro sempre passar todo o conceito e dar referências.

Na verdade ele mesmo já pede este conteúdo pra poder criar, então funciona súper bem!!


7 - Você citou em um bate papo nosso que também foi influenciado por World Music; com isso, a expansão da mente é notória e muitas nuances novas aparecem.
Em algum momento já passou pela sua mente criar canções que não sejam necessariamente abordadas somente com o básico do Rock (guitarra, baixo, bateria, etc) ou existe algum receito caso sinta vontade e não tenha uma aprovação?
Já passou e ainda passa sim, Vinny! É algo que quero explorar mais sim, tanto que comprei para mim uma viola de cabaça, igual a que foi usada na música "Dream Awake".

Mas, há de se ter cautela no uso destes instrumentos pra fazer algo que encaixe bem. Precisa soar bonito acima de tudo, esta é a regra. Se isto acontecer acho que funciona, porque, quer queira quer não, o fã de Heavy Metal é exigente, e não dá pra fazer qualquer coisa.

Por exemplo, no uso da língua portuguesa em letras. As palavras precisam ser bem selecionadas pra valorizar a música, pro fã sentir que ela pode representar ele. Claro, faço a música acima de tudo por mim, eu tenho de gostar dela, da idéia que ela representa pra ela ir pra frente, se eu não gosto ou ela não me representa não vai sair do papel, MAS, lógico, quanto mais pessoas gostarem, melhor e mais feliz ficarei, porque são uma parte de mim e da minha essência, mas não dá pra agradar a todos e nem posso me guiar por isso.

Acima de tudo é a minha felicidade e realização.


8 - A música atualmente é distribuída em forma massiva via streaming, cada vez menos com materiais físicos (existe um dado que explica a ineficiência do público em ouvir uma canção por mais de 2 minutos sem passar para outra).
Isso não ocorre tanto com o Rock/Metal pois muitos são assíduos no assunto e gostam de preservar as canções.
O que fazer para ser relevante e ter seu merch sendo divulgado?
Isso da pessoa ouvir pouquinho tempo da música e ir pra próxima prejudica muito o artista nas plataformas de streaming. Eles contabilizam o tempo que as pessoas ficam nela, se fica pouco a plataforma "entende" que você não é legal. Mas ninguém é obrigado a ouvir uma música que não gosta ou que acha chata.

Dentro do Rock/Metal e seus parentes os fãs "compram" o artista, querem saber dele, da banda, a história dos integrantes, fatos, curiosidades, ter acesso ao merch, etc. Isso é MUITO legal!! E o artista se sente bem com isso!

Agora, pra ser relevante.......a pergunta de um milhão de dinheiros!!! ter contatos ajuda muito, ter sorte ajuda muito, MAS ir atrás incessantemente também ajuda, compor um material de qualidade nem se fala, gravar/mixar/masterizar com qualidade é essencial... mas, não é garantia nenhuma de sucesso.

Aliás, o que é sucesso varia de pessoa pra pessoa.
Faça o seu melhor, ponha nas mãos de Deus e NUNCA desista.


9 - Quais os planos para os próximos meses?
Para os próximos meses (final do ano pra ser mais preciso e se tudo der certo) pretendo lançar um novo single, que abrirá para o segundo álbum que já está sendo composto.

Talvez mais singles, correr atrás de integrantes, gravar uma pequena entrevista para falar sobre cada uma das músicas e curiosidades da banda, a camiseta que está quase pronta aeeeee \m/ e záz, acho que é isso.


10 - Obrigado pela entrevista, pode contar conosco sempre que precisar... Gostaria de deixar algum recado final?
Sou eu quem agradeço pelo espaço, apoio, suporte e simpatia! Muitíssimo obrigado, foi um prazer IMENSO responder esta entrevista.
Chamem sempre que quiser.

E, como recado a todos e todas: ouçam sempre e cada vez mais nossos artistas, tem MUUUUUUITA gente boa, vocês sabem!

Um grande abraço e keep dreaming \m/


Ouça o single via Spotify clicando aqui

Os músicos que foram contratados para o seu álbum são :

.Bateria - Marcell Cardoso
.Baixo - Bruno Ladislau
.Teclado e Acordeon - Diógenes Lima
.Vozes Femininas - Fernanda Hay e Juliana Rossi
.Voz Masculina - Alírio Netto
.Viola Caipira - Ricardo Vignini
.Violino - Alexey Kurkdjian
.Hurdy Gurdy - André Zangari
Além de Guitarra e Violão pelo próprio Christian Buchhaas 


O músico também promove uma playlist muito interessante envolvendo bandas com vocais femininas e, especialmente do Brasil, ajudando a movimentar ainda mais nosso cenário Rock/Metal com muita qualidade envolvida.

Siga abaixo os links e apóie você também!!!


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