Texto: Mauricio Filho.
Kill 'Em All foi o álbum de estreia do Metallica, lançado em 1983. É considerado um dos álbuns mais importantes da história do thrash metal.
Possui influências provenientes dos clássicos do metal, como, Iron Maiden, Judas Priest, Motörhead e Diamond Head.
Kill 'Em All combinou essas influências para criar um som único e inovador, que estabeleceu as bases do thrash metal e influenciou inúmeras bandas de metal nas décadas seguintes.
A autoria das músicas pode ser creditada a James Hetfield, Dave Mustaine, Lars Ulrich e Cliff Burton. Após a demissão do Dave Mustaine antes do lançamento do Debut, Kirk
Hammett assumiu o posto, vindo diretamente do Exodus.
Kirk basicamente manteve as linhas criadas por Dave, dando sua interpretação aos solos e adicionando algumas coisas, como por exemplo o solo melódico no meio de “The Four Horsemen”, a versão mais próxima a “original” composta antes da entrada de Kirk, que consta no disco de estreia do Megadeth com o nome de “The Mechanix” não possui este trecho melódico no meio da música.
No registro ao vivo “Power Metal” disponível no YouTube, temos as músicas todas executadas com Dave Mustaine na guitarra solo. É perceptível que os solos posteriormente
gravados por Hammett, foram mantidos em 80% das ideias originais, sendo lapidados e interpretados por Kirk, como citei acima.
Ouça o “Power Metal” no link abaixo:
As letras do álbum "Kill 'Em All" são em sua maioria agressivas e apresentam temas como violência, morte, guerra e rebelião. Muitas das músicas falam sobre lutar contra o sistema e a opressão, e expressam um sentimento de raiva e frustração.
A faixa de abertura, "Hit the Lights", é uma canção sobre viver rápido e aproveitar a vida ao máximo. "The Four Horsemen" é uma música que fala sobre a destruição e o fim do mundo.
"Whiplash" é sobre a paixão pelo heavy metal e a emoção de ir a shows e tocar música alta.
A música "Seek & Destroy" apresenta um tema de caça e destruição, com a letra pedindo ao ouvinte para caçar e destruir tudo o que estiver no caminho. "Jump in the Fire" é sobre assumir riscos e enfrentar desafios sem medo.
Há também uma música instrumental no álbum, intitulada "Anesthesia (Pulling Teeth)", que apresenta um solo de baixo de cinco minutos de Cliff Burton. Faixa que atribui um grande valor a Cliff como compositor e um virtuoso baixista, demonstrando habilidades incríveis no instrumento além de conhecimento musical.
No geral, as letras de "Kill 'Em All" refletem a atitude rebelde e sem limites do metal dos anos 80, mas também são um reflexo das experiências pessoais e das crenças da banda
na época.
O álbum traz riffs poderosos, que como guitarrista e professor posso afirmar, são uma verdadeira escola para bases e padrões cíclicos (Patterns) sobre a escala Pentatônica.
Os riffs trazem técnicas como, palhetadas alternadas contínuas velozes e as tradicionais palhetadas rápidas para baixo, forma esta de tocar que atribuiu muita moral ao James Hetfield como um dos maiores guitarristas base da história do Metal. Seu auge e consolidação viriam em Master Of Puppets.
Os solos criados e lapidados respectivamente por Dave Mustaine e Kirk Hammett, apresentam padrões clássicos de repetição sobre a penta, incluindo diversas combinações
dos mesmos, em alta velocidade, tudo tocado de forma frenética. Padrões estes já utilizados por caras como Hendrix ou Page, porém a herança recebida em Kill 'Em All, foi utilizada com muito mais agressividade.
Apesar de muitos criticarem a produção do disco, eu particularmente gosto muito. Os timbres de guitarra a cargo dos amplificadores Marshall, (provavelmente um JCM 800 empurrado com drives como Rat e Boss DS-1) trazem um som de guitarra matador, rasgado, definido e potente, talvez datado para as produções modernas, mas que representa com fidelidade a agressividade e sonoridade da banda na época.
As gravações soam muito orgânicas, e mostram uma banda bem entrosada, que vinha há tempos, executando as mesmas músicas em shows e ensaios.
Os vocais de James evoluíram muito com o tempo, porém o vocal “gritado” desta fase, refletia bem sobre o conceito lírico do disco, que combinava com a idade e rebeldia do
mesmo.
Se você é fã de letras que expressam um sentimento de raiva e frustração, este álbum é para você.
É um álbum divertido e energético, que faz você querer se mover, cantar junto e “bangear” a cabeça. As músicas são rápidas, agressivas e cheias de energia, fazendo deste álbum uma escolha perfeita para qualquer headbanger que queira um som pesado e cativante.
Diversão define, e a tristeza espanta.
Mauricio Filho.