A palavra japonesa Nekomata, que dá nome ao novíssimo quarto disco do Muñoz, é a síntese das mutações e realizações do duo mineiro radicado em Santa Catarina. Tem a ver com rituais, dualismo e resistência, num processo cujo horizonte ainda está em aberto, apesar de uma estrada muito bem delineada: o rock psicodélico de verve stoner dá lugar a uma sonoridade mais ampla, agora mais tribal e com flertes consistentes ao jazz. Nekomata, lançado pela Abraxas e Locomotiva Records, já está nas plataformas de streaming: https://sl.onerpm.com/nekomata .
É experimentalismo o ponto de partida do novo registro dos irmãos os irmãos Mauro e Samuel Fontoura. A percepção do duo é essencial à presentação de Nekomata. “Nossos outros trabalhos sempre mesclavam blues e rock psicodélico. Esse novo álbum foi composto seguindo um conceito, misturando diferentes ritmos e temas. Mesclamos rock com alguns elementos de afrobeat e música latina, deixando o som mais dançante e repetitivo como um mantra. A ideia foi trazer um aspecto ritualístico em todo o álbum”.
‘Oru’ é um emblemático primeiro single. A percussão, com influência do afrobeat, é que dita as regras na música, que dialoga com elementos e subjetividades do candomblé, além de pitadas de jazz.
Em ‘’Blue Cat And The Eternal Bat’ tem mais referências de sonoridades ritualísticas/primitivas, cuja musicalidade e letra são construídas em cima de ritos do povo Apapocúva-Guaraní, no leste do Paraguai e no norte do Brasil.
Mais uma faixa forte é ‘Nekotama’, talvez a maior expressão do sincretismo sonoro proposto hoje pelo Muñoz.
CONCEITO – O sufixo mata, da de Nekomata, significa repetição e transformação – duas palavras que definem o conceito do álbum. Nekomata vem de um conto popular do folclore japonês: uma criatura mitológica que alguns gatos se transformavam, geralmente quando eram maltratados por muitos anos. Sua cauda começava a se dividir lentamente em duas e desenvolvia poderes sobrenaturais, principalmente de necromancia e xamanismo. Além disso, dentro deste universo, os Nekomatas controlavam os mortos, os fazendo dançar e até tocar tambores em forma de ritual.
A BANDA - O Muñoz nasceu em 2012 e desde então não para. Entre EPs e discos lançados, o duo tocou bastante pelo Brasil e acompanharam várias bandas importantes no cenário internacional, como Kadavar (Alemanha), Radio Moscow (EUA), Mars Red Sky (França), Truckfighters (Suécia), Jeremy Irons & Ratgang Malibus (Suécia), The Vintage Caravan (Islândia) e Komatsu (Holanda).
|
|